111° capítulo

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Henrique.

Hoje era o dia da cirurgia da Luh, havia sido adiada duas vezes e por conta disso noite passada Maria não havia dormido.

Agora ela fazia um cartaz, eu ajudei ela mas ela dava os últimos retoques.

Eu estava do outro lado do balcão, admirando ela, a concentração e notando que lá no fundo ela estava destruída.

Talvez Luh não acordasse mais.

A cirurgia foi adiada por que tinha muito fluido no cérebro da Luh, ele precisava desinchar um pouco para poderem abrir a sua cabeça.

Isso é de mais sabe?

Talvez Luiza não acorde e talvez ela nunca mais veja Maria.

- mor. - Maria já não fazia mais nada no cartaz, ela só reforçava as letras que já estavam super fortes, mais um pouco e rasgava o papel. - amor. - toquei na mão dela.

Realmente, Maria não estava concentrada naquilo.

Ela ficou parada enquanto eu ainda segurava a sua mão.

Sem dar um pio, nem sua respiração eu ouvia.

- Maria. - me olhou, vagamente. - vamos fazer outra coisa, o cartaz tá perfeito. - ela olhou pro cartaz. - da pro daddy. - puxei ele bem devagar dela e peguei a caneta permanente da sua mão.

Maria estava distraída.

- vou no banheiro. - concordei e segui ela com os olhos.

Tinha o lavabo em baixo, mas ela subiu as escadas.

Guardei todo o material no seu estojo e coloquei os enfeites como glitter, pedrinhas que brilham e coisas assim dentro de uma cestinha rosa onde Maria deixava essas coisas.

Levei tudo pro quarto dela e aproveitei pra organizar lá, Maria fez uma bagunça pra procurar as coisas.

Quando sai do quarto fechei a porta e fiquei preocupado com essa demora do xixi. Claro, Maria tem todo o direito do mundo de usar o banheiro, e jamais deverá dar satisfação do que tá fazendo lá dentro, mas ela demorou muito.

Se fosse cocô já teria saído.

Então presumi que ela chorava.

- amor. - bati na porta e logo depois girei a maçaneta, mas a porta estava trancada.

Maria nunca tranca a porta.

- amor. - bati novamente. - eu sei que isso que tu tá passando é algo extremamente difícil, mas eu tô aqui, pra conversar com você.

Por um segundo eu ouvi o seu choro e realmente, ela chorava e precisava de espaço.

- eu vou dar espaço, mas só quando eu ouvir a tua voz. - ela demorou a responder mas respondeu.

- quero.. ficar sozinha. - machucou.

- tudo bem, eu tô aqui ainda, chama o daddy quando quiser. - segui pra cama, me sentei, pensei, olhei em volta, fiquei em silêncio tentando ouvir algo mas nada.

Ela precisava de espaço e acho que até pessoas que estão super bem precisam de espaço.

Enquanto isso eu mandei mensagem pra minha mãe, Bia vai sair da sonda que ela toma e vai passar a se alimentar com comida líquida, sopa provavelmente, já que por enquanto era só soro e coisas assim. Já Pedro estava mal e com a pressão baixa, não queria dizer o motivo mas era óbvio. E meu pai... O pai dos meus irmãos, está lá, se recuperando por que agora Beatriz tá bem.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Where stories live. Discover now