172° capítulo

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Maria Clara.

Becca e eu pensamos... Era hora de ir pra casa e acabar logo com isso.

Já era fim de ano, e o natal? E as crianças?

Porém temos uma melhor amiga, Karla, e nesse momento ela está passando mal com tudo isso. Diz querer sua mãe mas diz não querer ser presa.

Daddy disse que não seríamos.

Ele me disse.

Agora estávamos dentro da van, parado em uma fileira longa de carros e estava um dia mais ou menos bonito. As meninas dormiam com a cabeça no meu colo enquanto Becca segurava Mika no seu colo, que esteve muito mal essa noite.

Tinha tantos prédios... Eu estava até delirando, parecia o daddy mas o carro começou a andar.

- Becca. - apontei pra uma rodoviária. Becca me olhou firme.

- nem documentos temos. - eu não sabia como funcionava isso, eu nunca precisei viajar de ônibus por que sempre tinha um carro a disposição, mas eu queria sabe, queria viajar de ônibus.

- por favor queremos descer. - digo, criando coragem mas a van não parou. - Edu. - Edu respirou fundo.

- parem a merda da van. - e ela foi parada, no canto da calçada.

- vocês vão mesmo fugir? Agora? Somos criminosos, nossas cara tá em tudo. - engoli em seco e fiz carinho nas meninas.

- eu vou descer, só precisamos do dinheiro. - exigi.

- anda logo pra isso acabar. - disse Edu sem paciência mas nesses últimos dias ele também sentia que estava indo longe de mais... Ele queria voltar pro seu pai.

A namorada de Karla estava no banco lá na frente junto com mais dois meninos, o dinheiro estava com ela que tirou da sua mochila, repassando pra trás até chegar em mim.

Uau, nem mesmo daddy nunca me deu dinheiro assim.

Só tinha notas de cem e pareciam milhares.

- isso da pra pagar todas as passagens. - disse de mal jeito.

Enfim, eu e as meninas descemos, logo depois Becca e eu esperei por Karla ou Edu e só Edu desceu.

Olhei pra ela dentro do carro e ela não quis me olhar.

- vem, vamos Maria. - o carro já estava dando partida e Edu tocou no meu braço.

A gente entrou dentro da rodoviária e na hora de comprar passagens eu não sabia se tinha que ter ou não identidade mas foi Edu que resolveu isso, ele até riu junto com a moça.

E eram caras, 300 e alguma coisa só uma e éramos em 6.

Mas o dinheiro deu, ainda bem.

Enquanto o ônibus não saía, Becca e eu fomos comprar coisas pra comer enquanto Edu ficou com as meninas em um lugar seguro... Por que ainda acho que mulher cuida de criança melhor do que homem.

Uma vez daddy deixou a Luna sem comida o dia todo.

Será que ele tá cuidando bem deles? Ah meu Deus, daddy não faria isso comigo.

Quando voltamos, já com comida na mochila e em uma sacola, dei água pras meninas e uma bolacha até o ônibus chegar.

Não demorou tanto assim mas demorou, minha bunda até doeu de tanto que fiquei sentada naquele banco duro.

As meninas pediam por arroz e feijão e meu estômago revirava por pena, por dizer que não tinha isso pra dar a elas.

E nem dava tempo.

• ʙᴀʙʏ ɢɪʀʟ 1Where stories live. Discover now