36. Lovesick Girls

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O sinal toca, anunciando horário de almoço.

Guardo as minhas coisas na velocidade da luz. Aproveito que estou com meu moletom lilás com estampa de nuvens e coloco o capuz sobre a cabeça, escondendo todos os cachos dourados. Aperto os cordões para ficar ainda mais irreconhecível.

Coloco a cabeça para fora da sala assim que todo mundo sai.

Verifico o corredor movimentando.

Eu... Bem, eu andei os últimos dias procurando me mover entre os corredores com mais sigilo e discrição. Resumidamente, todo esse esforço foi para evitar Rowan. Assim como evitar as suas inúmeras ligações e mensagens.

Vez ou outra eu estava andando tranquilamente no corredor, quando via uma jaqueta vermelha, puxava Tessa e Becca para um canto para poder me esconder. Elas não entendiam e eu dava a desculpa que era um professor que estaria cobrando um trabalho atrasado.

E estava fazendo isso porque... Eu não sei. Eu realmente não sei, a única certeza era que eu não queria falar ou ver ele, ao mesmo tempo que eu queria, muito mesmo. E nesses dois extremos, minha solução foi optar em procurar não ter contato até pensar em algo inteligente e maduro para falar ao garoto.

Apesar... Do que aconteceu na sala do laboratório, não me sai da cabeça que Rowan me disse para esquecer o beijo. Isso me dói e eu tenho medo do que ele tem para me falar: para explicar o motivo de ter falado tal coisa ou insistir nessa história. E uma parte também está meio constrangida pela cena com a bibliotecária e suas mãos na parte interna da minha coxa.

Uma hora eu teria que enfrentar tudo isso, mas enquanto me preparo, vou continuar evitando para me poupar de uma mágoa ou constrangimento.

Assim que vasculho e me certifico que a área está limpa, aperto as alças da minha mochila e saio da sala. Tudo está indo bem, eu iria me direcionar até o depósito do colégio, onde encontraria Becca e Tessa após insistir muito que queria passar o horário do almoço lá – como nos últimos dias.

Ando de cabeça abaixada, olhando para os meus pés e tomando cuidado para não trombar em ninguém. Quando desço o último degrau da escada, levanto o queixo levemente para frente para visualizar o meu caminho...

E dou de cara com Rowan.

Casaco vermelho, boné virado para trás e os olhos arregalados de alguém que deu de cara com um fantasma do seu pior pesadelo.

Por que esse tipo de coisa acontece comigo?

Os olhos de Rowan encontram o meu no mesmo segundo, apesar dele estar distraído com um caderno em mãos.

Minha pressão cai e o momento congela, como uma fotografia.

– Ei, Lola!

Rowan me chama, dando passos calmos na minha direção, mas não dou alternativa para ele.

Saio correndo para o lado oposto.

– Lola! – ele grita meu nome e sai correndo atrás de mim.

Disparo pelo corredor, causando desastres ao trombar com uma garota cheia de livros, mas não paro apesar de enchê-la de desculpas apressadas, só saio gritando "sinto muito". Estou quase chegando para o banheiro feminino, mas de repente, paro no lugar, parece que eu estou escorregando pelo chão. Alguém tinha segurado minha mochila e me impedia de continuar fugindo.

E eu sei quem está fazendo isso, mas não tenho coragem de virar e encará-lo.

– Por que está fugindo de mim? – Rowan cobra quando finalmente desisto e me viro para ele.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now