19. Russian Roullete

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Após a aula na sexta, consegui uma brecha na parte da tarde com Tessa e Becca para poder vir até aqui.

Na casa do Charlie.

Eu estou um pouco tensa porque ainda consigo escutar Tessa falando no meu ouvido que Charlie gosta de mim, isso só potencializa o meu nervosismo em ficar frente a frente à sua casa. Tento pensar em alguma coisa, talvez na conversa franca que tive com Tessa e Becca sobre minha mãe.

Foi dias atrás, mas ainda gosto de relembrar da sensação boa que me traz, na calmaria em saber que as duas ainda estão mais presentes na minha vida do que nunca.

– Loirinha, o que está fazendo aqui?

Meu rosto começa a ficar vermelho, Charlie está na porta da casa, meio surpreso em me ver ali, usando a jaqueta azul do clube de natação do St. Martin. Ele fica extremamente bonito naquele casaco e aquilo faz minhas bochechas corarem por lembrar dele saindo da água do Spring Water... Molhado e seminu.

Balanço a minha cabeça.

– Eu vim... – digo apertando a caixa que estou segurando, dou longos passos até chegar nele e entrego a caixa em suas mãos vazias – Entregar isso, é algumas coisas que comprei para Rhaegal, uma escova, uma manta que ele costuma dormir e também um coelho de pelúcia que ele pegou mania de afiar as patas.

– E... – seus olhos alternam entre mim e a caixa – Por que está me entregando isso?

Eu aperto os lábios, meio insegura com aquela decisão que estive remoendo durante dias, respiro profundamente até ter coragem de dizer:

– Eu acho melhor... Rhaegal ficar com você, Charlie – despejo de uma vez – permanentemente.

Como previsto, a anúncio cai que nem uma bomba nas mãos dele, que está alternando o olhar entre mim e a própria caixa que segura, completamente perplexo.

– Por que? – Charlie espantado com minha contestação.

– Tive sorte naquela vez que Becca e Tessa estavam comigo e meu pai pensou que Rhaegal era de alguma delas – digo sentindo a agonia crescente dentro do meu peito – eu tenho medo disso acontecer de novo e eu não tiver a mesma sorte, com certeza renderia uma enorme briga que traria péssimas consequências em casa.

– Seu pai é bem rígido – Charlie observa e eu aceno a cabeça, sentindo meus olhos encherem de lágrimas – se você tentar conversar com ele, talvez... Talvez ele entenda, Rhaegal é bom em amolecer as pessoas.

– Não vai dar certo, Charlie – insisto tentando sorrir para mostrar que estou bem – Diane tem alergia, meu pai não gosta de animais dentro de casa, nunca permitiu e... Eu o conheço bem, tenho certeza que ele não vai concordar com isso.

E toda a minha força de vontade em parecer firme e decidida se desmonta.

Eu me sinto uma garota mimada por estar chorando porque Rhaegal não ficaria comigo, talvez estivesse exagerando, mas passei um bom tempo com ele dentro do meu quarto, passava horas com ele, tentando achar um jeito em entretê-lo e correndo para impedir que ele rasgasse as almofadas com as penas unhas que cresciam cada dia mais.

Acabo chorando e Charlie coloca a caixa no chão.

– Ei, Lola – Charlie se aproxima e limpa minhas lágrimas.

– Desculpe, deve estar achando que eu sou uma exagerada por estar chorando por isso – a minha pele esquenta aonde Charlie encosta os dedos e isso só o faz rir – qual é a graça?

– Estou rindo porque você não está sendo exagerada como fala, pelo contrário, eu entendo você se sentir isso – Charlie dá um sorriso e me dá um abraço – não tem problema chorar por causa disso, Loirinha.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora