25. Bodyguard

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Quando avisto o colégio, sinto que a derrota já me alcançou antes mesmo do dia começar.

Ontem, eu estava colocando minhas melhores roupas como se fosse a garota mais sortuda do mundo e de forma inesperada, a narrativa mudou de tom. Estou com um moletom branco que combina com a calça de linho rosa pastel meio larga. Fico grata por hoje ter amanhecido um pouco mais frio e eu colocar roupas mais compridas.

Assim que ajusto minha bicicleta na vaga, levanto a cabeça. Ao olhar para os lados para ver se encontro Becca e Tessa para poderem cuidar de mim, me deparo com Rowan e alguns garotos do time de futebol.

E ele está olhando para mim.

Estranho e aceno pra ele como um "bom dia", ele repete o cumprimento e desvia o olhar. Dou nos ombros e sigo meu caminho. Paro no meio do corredor após entrar. Viro de costas pensando em voltar para minha bicicleta, achando que esqueci meus fones dentro da cesta e iria verificar.

Quando me viro para voltar ao estacionamento ele está lá: Rowan, perto dos bebedouros, mas assim que me vê, finge que não me conhece, vira de costas e bebe água.

Por sorte, encontro meus fones dentro do bolso do moletom e os coloco, mas o sentimento de desconfiança continua.

Ando dois passos e viro para trás de novo, Rowan está olhando para mim, mas de novo, ao ver que eu o peguei de jeito, evita o contato visual.

Vou em direção ao meu armário, viro de costas rapidamente para espiar as pessoas atrás de mim e vejo que Rowan está mais perto, mas quando vê que eu o flagro, do nada entra num círculo de conversa de um grupo de líderes de torcida.

Acho esquisito.

Mando mensagem para ele que recebe e distraidamente, como se não quisesse nada, vem ao meu encontro.

– Por que está me seguindo? – é a primeira coisa que eu falo quando ele chega perto.

Meu humor deve estar severamente comprometido, nem um "bom dia" fui capaz de dar como eu sempre faço!

– Eu não estou – rebate bravo – que mania é essa de ficar que sempre estou correndo atrás de você?

Era ele que estava fingindo distração toda vez que eu o encarava, flagrando ele olhando na minha direção e dando passos para perto. Tenho certeza.

– Aliás – ele ajeita o cabelo bem penteado para trás – sexta vamos ter que cancelar a aula, os The Leaders vão precisar começar o ensaio mais tarde e preciso recuperar o tempo perdido por causa do braço.

– Entendi... Podia ter mandado mensagem, bem mais prático e sem encontros públicos.

– Caralho! – Rowan dá uma risada constrangida – O que foi que eu te fiz para me tratar assim?

– Mas... Você mesmo disse que é para eu fingir que não te conheço quanto nos virmos no St. Martin, não foi? Faz parte do trato... Regra número dois, não contar.

Ele solta um muxoxo, porque, aparentemente, estou certa. Tiro um fone do ouvido quando reparo que meu curativo rosa ainda está no seu rosto... Assim como todos os hematomas do dia anterior.

– Como estão os seus machucados? – pergunto preocupada – Vai poder treinar na sexta?

Ele dá nos ombros e olha para os lados, fingindo distração.

– Sim, não foi nada demais, só está meio feio e um pouco dolorido, mas bem melhor que ontem – admite e finalmente me encara, parece estar meio abatido, como eu – e você, como está?

A pergunta me quebra. Acho que quero muito voltar para casa e ficar por lá durante um bom tempo.

– Chorei ontem a noite inteira abraçada ao meu travesseiro depois de ver Dumplin' – sinto os olhos encheram de lágrimas – foi uma noite longa.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora