Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]

7. Hello Bitches

Hoje é um dia histórico para mim, Lola Fontaine.

Despois de quase um mês fazendo o meu próprio almoço, eu decidi em uma sexta feira, que iria comer a tão famosa variedade de culinária de St. Martin. E também porque Becca me convenceu fácil, dizendo que as sextas, a cozinheira caprichava mais no menu e teríamos macarrão à bolonhesa como prato principal.

Estávamos nós três na fila, com as bandejas nas mãos, esperando a nossa vez.

– Eu acho que a cozinheira transou ontem – Tessa declara atrás de mim esticando o pescoço para poder enxergar melhor as opções – pelo que posso ver daqui, o menu está incrível, confirmando a minha teoria.

– Você sabe que isso é algo horrível de se dizer, certo? – Becca reclama na minha frente, sem tirar os olhos do cardápio – Basear o humor de uma pessoa de acordo com a vida sexual dela.

– Pode até ser errado, mas esse caso super se aplica a cozinheira – Tessa continua – essa pesquisa foi feita por meses, meses de observação, de degustação, sem falar que já vi a cozinheira sair com o barbeiro do meu pai, perto da rua do trabalho dele e nos dias que eu via os juntos, pronto, no dia seguinte, a comida do St. Martin foi magicamente melhorada.

– Talvez você esteja certa – Becca dá nos ombros quando chega sua vez de olhar para as porções devidamente separadas e a cozinheira logo atrás da repartição, servindo os alunos com um grande sorriso no rosto – mudando de assunto drasticamente, eu estava esperando o momento correto para voltar nesse assunto, porque ontem não tivemos tempo e eu queria perguntar ao vivo.

– Sobre o que? – pergunto colocando macarrão, imitando todos os movimentos que Becca fazia para pegar comida, sem ter medo de me perder no meio do caminho.

– Sobre Scarlett ter falado que você participou da seleção de líderes de torcida – Becca dispara e eu congelo no lugar – por que não nos contou?

– É verdade – Tessa se manifestou atrás de mim – lembro de ter ouvido algo assim, mas não falei nada porque não tinha certeza.

Fico meio recuada com o assunto, não é algo que eu queria comentar, meu desejo era que esse fato fosse junto comigo para o túmulo.

– Eu... – engulo em seco, ainda parada no lugar – Eu meio que participei da seleção, porque sempre quis ser líder de torcida, já vi vários documentários sobre líderes de torcida e é um sonho que queria realizar no ensino médio, mas... Foi um desastre, não cheguei nem a me apresentar, de tão nervosa.

– Lola – Tessa me gira com as bandejas em mão, para ficar cara a cara com ela, que está tão séria que me faz ter esperanças em ouvir palavras de sabedoria e conforto: – com todo respeito ao feminismo, aquelas garotas são umas fodidas, você não ter se juntado ao bando de otárias foi um alívio, acredite em mim.

– Uou – é a única coisa que consigo falar depois de ter uma expectativa diferente.

Becca gira o pescoço, está com os olhos arregalados ao encarar Tessa.

– O que foi? – a morena reclama.

– Estou chocada com tanto ódio no seu discurso – um sorriso brotou nos lábios da ruiva – é assim que se faz – ela levanta a mão – bate aqui.

Tessa dá nos ombros e bate na mão da ruiva.

– Será que podem parar de conversar e andar logo com essa merda! – um aluno no fim da fila grita, me fazendo tremer e voltar para o que realmente importava: o almoço.

– Vai se foder, cara! – Becca grita de volta – Se reclamar de novo, vou dar um chute no meio das suas bolas!

A fila inteira começa a dar gargalhadas e Becca anda, fazendo a fila, finalmente se movimentar. Eu não coloquei muita coisa em minha bandeja, com medo de ficar demais e acabar não gostando de alguma coisa, mas pelo cheiro e aparência, eu iria arrepender amargamente por não ter exagerado um pouco mais.