28. Sorry, Sorry

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Assim que desço as escadas, recuo um passo ao ver que Margaret está na cozinha.

Ela está bastante elegante, como de costume. O cabelo escuro preso no topo da cabeça, o tecido fino das suas roupas. Pequenas coisas que a fazem ser ainda mais intimidadora.

Eu não sei porque a hesitação, em parte deve ser porque queria fazer tudo sozinha e sem ninguém me sondando. Não há outro jeito, respiro fundo e entro na cozinha com o meu melhor sorriso.

– Bom dia, Margaret – anuncio acenando a mão, a minha madrasta parece não me ouvir, então solto um muxoxo.

Ela deve ter achado estranho em uma plena terça eu ter acordado antes de todos da casa... O que é um grande surpresa, porque ou estou muito atrasada ou sempre acordo no horário limite.

Vou até as gavetas, atrás dos ingredientes necessários. Pelo canto de olho, fingindo estar ocupada, vejo Margaret fazer café. Eu vi em vários lugares na internet sobre como que é o passo a passo, mas infelizmente, o mundo virtual não tem degustação para saber se as receitas realmente são boas.

Margaret percebe que estou encarando firme e me olha com um ponto de interrogação em cima da cabeça.

– Algum problema? – Margaret fala com sua frieza marcante.

– É que... – engulo em seco. – Eu queria saber fazer chá gelado e talvez... Você pudesse me ajudar.

– É claro que não...

– É bom lembrar! – levanto o dedo do alto, interrompendo Margaret e a sua negação ao meu pedido. – Que se eu tentar fazer sozinha... É perigoso que eu bagunce a cozinha ou... Faça uma grande sujeira e... Você não quer que a cozinha fique bagunçada ou suja, certo? Até mesmo algo que quebre.

Não é uma tática muito justa, admito, mas precisava de uma ajuda extra e como sabia que o ponto de fraco de Margaret é a cozinha e bagunça, acredito ter unido o útil ao agradável, simples assim.

– Tudo bem – ela suspira irritada.

Graças ao meu pedido, Margaret me ajuda com o chá gelado. É uma receita até que fácil, não sei porque fiquei tão apavorada em tentar a primeira vez sozinha... Talvez com medo de estragar tudo, sabendo que não teria uma segunda rodada para tentar a sorte com a cozinha.

Margaret ficou distante de mim, me encaminhando enquanto eu fazia o chá.

– Isso parece... Diferente. – falo torcendo o nariz ao colocar o chá gelado dentro do copo térmico que eu tinha comprado, porém pouco usava.

– Não parece que você vai beber. – Margaret percebe arqueando a sobrancelha direita.

– É pra... Diane – declaro com um sorriso no rosto. – Chá gelado de hortelã, é o preferido dela, só não sabia como fazer.

Margaret parece não gostar do fato que estou fazendo chá gelado para minha irmã mais velha, então me calo. O seu relógio prateado apita e ela tira uma fornalha de torradas do fogão, fazendo meus olhos brilharem em êxtase.

– Isso daí... – falo indo até o armário e pegando o saquinho de biscoitos finos que comprei no dia anterior. – Parece estar muito bom.

– É receita vegana. – Margaret anuncia tirando uma das torradas, provando com elegância.

– Eu posso? – engulo em seco, abrindo o pacote pardo que comprei, colocando o chá gelado e o pacote de biscoito finos lá dentro. – Posso pegar um?

Margaret me avalia por longos segundos e no fim, ergue a bandeja na minha direção. Mordo um pedaço generoso da torrada que peguei e meus olhos saltam com o sabor delicioso que invade o meu paladar. É leve, ao mesmo tempo que dá para sentir uma sutileza amanteigada.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now