4. Inner Child

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Eu chego no St. Martin arrastando a bicicleta, graças ao meu sedentarismo e meu atraso, hoje as pedaladas foram apressadas, mas não aguentaram por muito tempo. Faltando quatro quarteirões, tive que saltar da bicicleta e dar um jeito de empurrar a bicicleta e meu corpo cansado.

Prendo a correia na bicicleta e tiro o capacete, tentado arrumar os cachos bagunçados.

– Eu fico admirada com sua força de vontade em vir de bicicleta para o colégio.

Dou um susto que quase me faz derrubar a minha própria bicicleta, me seguro no guidão para que isso não aconteça. Ao olhar para trás, vejo Tessa com óculos de sol vermelhos e redondos, hoje ela está usando uma jardineira jeans e uma blusa curta de mangas roxa.

Ela não parece perceber que quase me fez ter um infarto, já que o celular ocupa toda sua atenção.

– Bom dia – digo primeiro e ela bloqueia a tela do celular para me encarar – e bem, eu também não entendo da onde eu tiro a força de vontade de vir de bicicleta...

Ofego sem ar, abanando e sacudindo a blusa de manga verde pastel sem parar. Como estou toda suada, resolvo prender meu cabelo em um rabo de cavalo alto, pego a minha mochila enquanto Tessa me espera para entrarmos no St. Martin juntas.

Ainda me lembro quando ela disse que eu sou bonita, na loja de conveniência, isso me faz sorrir sozinha, mesmo que eu ficasse meio desacreditada, decido aceitar o elogio e não afasta-lo como sempre faço, decido guarda-lo, como se fosse a coisa mais preciosa que eu tenho e precisava ter todo cuidado para não ser arruinado com meus maus pensamentos.

– Eu tenho uma dúvida interessante – Tessa comenta, virada em direção ao estacionamento de carros e acompanho o seu olhar – sobre uma certa desigualdade de posses, você é tipo a Cinderela e é maltratada na família enquanto sua irmã do mal tem tudo do bom e do melhor?

Ela está falando de Diane.

Minha irmã está com as quatro garotas mais populares do colégio, entre elas Hope Simmons, perto do seu conversível prateado. Então, são elas as amigas que ela avisou que iria trazer todos os dias para a aula.

– Ah... – ajeito a frente do meu cabelo, tentando dar uma resposta em que Diane não fique parecendo uma pessoa má – Diane pediu um carro de aniversário para nosso pai depois que conseguiu tirar a carteira de habilitação e eu... Bem, não sei se dirigir carro é para mim, mas não é tão ruim assim, tem seus benefícios não ter um carro.

– E quais são? Pois não consigo pensar em nenhum.

Dou nos ombros.

– Quando me sinto mal vindo de bicicleta quando gostaria de estar no meu próprio carro, perto do ar condicionado e o conforto, penso que é menos um carro na rua, menos um carro emitindo poluente para o meio ambiente.

Tessa me olha impressionada e aperta as minhas bochechas, toda emocionada.

– Sensatez é o seu segundo nome, Lola – ela diz e ajeita a alça direita da sua jardineira, deixando-a de lado, com intuito de fazer parece-la como aquelas garotas de revistas – mas o que me impressionou foi o fato na facilidade de uma garota que ainda está no ensino médio ganhar uma BMW de aniversário... Seu pai já pensou em adotar outra adolescente de dezesseis anos?

Dou uma gargalhada e Tessa enlaça o braço ao meu, nos guiando até a entrada do colégio, ela pega o celular e vejo que ela está olhando várias peças de roupas.

– Sabe de uma coisa? Eu estava certa no fim das contas, a presença de Diane Fontaine nas líderes de torcida é real, soube que ela está cotada para assumir postos importantes na coreografia das meninas – Tessa começa a falar enquanto olha no celular e me pergunto aonde ela arranja tanta concentração para isso – e apesar dela ser sua irmã, não quero ofender os Fontaine, mas se Diane está junto com as quatro enviadas do lixo químico do Chernobyl, alguma coisa não está certa... Principalmente em avançar etapas que as outra garotas se matam: ficar perto das quatro mais gostosas.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Unde poveștirile trăiesc. Descoperă acum