32. Her

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Quando abro o meu Instagram naquela horrível manhã de segunda, a primeira coisa que eu vejo é um story da Tessa, ela tirou uma foto dela mesma olhando para o céu com uma cara deprimente, destacando o céu nublado e uma música de fundo que reconheço de primeira: The Hearts Wants What it Wants, da Selena Gomez.

Eu já começo estranhando pelo fato que a playlist de Tessa é recheada de eletrônicas, rap pesado, músicas agitadas e modernas de um nível alto. Eu sei que ela gosta de música triste vez ou outra, mas me choca ela postar esse tipo de música em uma rede social.

Estranho aquilo e decido mandar uma mensagem.

Para minha resposta, recebo uma resposta bem rápida.

Tessa V.: Quando chegar no colégio, me encontre no depósito.

Espirro várias vezes, frustrada por estar gripada por causa daquela festa. Dormi com a cabeça molhada depois de um banho demorado, agora estou assim, espirrando, saindo catarro pra todo lado, febre e com uma dor de cabeça infernal.

– Pelo visto a festa da Hope Simmons foi marcante – escuto Diane dizer enquanto os sons do seu sapato descendo a escada escoam por toda a casa.

Coloco a máscara logo de cara quando ela chega. Ela espreme os olhos, vendo os meus cuidados extras.

– Você não foi à festa? – pergunto curiosa. – Pensei que veria você por lá.

– Cheguei até a ser convidada por terceiros, mas não estava afim de sair – ela dá nos ombros e se senta à mesa, mantendo a distância de mim, não por eu estar gripada, mas porque ela sempre foi assim. – E por que a máscara?

– Estou gripada... – afalo pra ela. – E não quero passar pra você, por... Você sabe.

Ela acaba concordando com a cabeça.

– Aliás! Tome isso de volta.

Ela tira um papel dobrado do bolso e empurra na minha direção. É o papel que dei a ela, dias atrás, com nome de vários médicos de Millstown para que ela pudesse ir e consultar.

– Não preciso do papel – Diane declara. – Já estou indo em uma infectologista.

– E como ela é? – pergunto me sentindo eufórica em ver que Diane está fazendo tudo corretamente.

– Inteligente, educada, elegante, nasceu na Jamaica, formada em Harvard, casada, dois filhos e o que está fazendo em uma cidade sem muitos atrativos como Millstown? Não faço a mínima ideia.

Solto uma risada por acidente.

– Eu estava me referindo a consulta e a conversa com ela – explico sentindo meu nariz doer um pouco.

– Ah... – Diane passa a mão pelo braço. – Bem, foi... Diferente, durante metade da conversa ela estava sendo mais psicóloga do que qualquer outra coisa, ela me instruiu tudo detalhadamente, comecei a tomar um remédio ontem, é enorme, mas... Não tenho escolhas, ela frisou bastante que preciso fazer um tratamento e... Que posso ter uma vida normal, mesmo com HIV.

– Isso é bom, eu já sabia disso, eu vi vários vídeos de pessoas com HIV que relatam mais sobre isso. – tiro meu celular do bolso, pegando a playlist de vídeos salvos na minha galeria. – Posso te mandar se você quiser, tem uma moça que acompanho, ela é muito energética e otimista, e dá dicas de moda também.

Diane dá nos ombros e com a felicidade estampada em meu rosto, envio para ela todos os vídeos salvos. Ela dá uma olhada rápida, mesmo parecendo desinteressada demora segundos para ler cada um deles.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang