27.1. Butterfly

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Nunca fiquei tão ansiosa como hoje. O professor aplicou uma prova e o tempo acabou se delongando mais do que o necessário. Eu tinha prometido ao meu pai que iria melhorar na escola, mas acabei indo com o pé esquerdo... Se eu acertasse duas questões na avaliação, acharia que fora muita sorte.

A questão é que sai apressada da sala de aula por um único motivo: o almoço.

Hoje, o colégio está fazendo cento e vinte anos e para comemorar, o diretor do colégio anunciou pelo colégio inteiro antes do primeiro sinal que, nessa sexta, teríamos um cardápio mais variado como forma de celebrar a data.

E quando chego no refeitório, o que eu mais temia aconteceu: uma fila gigantesca perto da cafeteria. Solto um longo suspiro e caminho em direção ao final da fila... Tenho pena de Becca e Tessa, quando chegarem e se depararem com a quantidade de alunos amarrotados no refeitório.

Fico cabisbaixa no fim da fila e quando levanto os olhos, reconheço as costas largas e o casaco vermelho do time de futebol do St. Martin. Com um sorriso no rosto, cutuco o grandalhão, que olha para os lados completamente enfurecido com o incômodo.

Ele precisa olhar para baixo para poder me ver, toda sorridente, acenando com a mão.

– Bom dia, Rowan – digo e ele acena a cabeça como recepção.

– O que aconteceu? – fala desconfiado logo de cara, sem me dar "bom dia" de volta. – Está toda sorridente.

– Soube do cardápio do almoço hoje – digo sentindo a barriga roncar. – Não é sempre que temos pizza e hambúrguer no mesmo dia e sobremesa: bolo de chocolate.

– E por isso que a fila está enorme e eu odeio filas – ele resmunga e me olha friamente. – Não se esqueça que hoje temos ensaio.

– Sem atrasos – repito a regra firme e ele dá um sorriso de volta, fazendo minhas bochechas corarem. – O que foi?

– Acho engraçado que você leva as coisas muito a sério, já disse isso, certo?

– Então, posso quebrar uma das regras e perguntar sobre o The Leaders?

Ele fecha a cara quando estou prestes a perguntar sobre o concurso que Andy tinha me falado, aquele com participação especial da própria Ciara.

– Sem chance.

Continuo encarando Rowan, lembrando da conversa que tive com Andy sobre o passado. O garoto continua me estranhando, procurando algo em meu rosto com os olhos afiados.

– Por que está me olhando com essa cara?

– Eu não devia falar isso, mas Andy me contou a história dos brincos – revelo a ele que fica com as maçãs do rosto vermelhas.

– Aquele...

– Ele não fez por mal, só estava tentando me consolar e acabou desabafando, só isso – me apresso em respondê-lo e seus olhos se tornam mais cálidos e calmos. – E ele provou o meu ponto: você tem um bom coração, apesar de ser grosseiro e ríspido as vezes.

– Lá vem você com essa história de eu ser o Shrek – disse e algo no seu rosto se transforma, o deixando mais rabugento que antes. – Falando em ogros e pântanos, acho que o ar acabou de ser contaminado.

Quando sigo seus olhos, a figura de Charlie brota de repete se aproximando, ele também perde todo o brilho costumeiro ao perceber que o seu inimigo não está tão longe. Rowan dá as costas, nos ignorando e Charlie continua emburrado.

Todavia, quando o nadador me encara, algo reluz em seus olhos azuis.

Eu começo a sentir o rosto esquentar quando lembro do beijo que nós damos na segunda e de todas sensações. Apago a imagem da minha cabeça. Falei para ele esquecer o beijo e eu deveria fazer o mesmo.

Teoria da Serendipidade [CONCLUÍDO]Where stories live. Discover now