8 - IV

35 7 1
                                    

A ansiedade para ver a minha prima Rose, é muito grande. Tanto que levanto cedo da cama.
Ontem após o jantar, Thiago me ensinou muitas coisas no smartphone. Ele mencionou as redes sociais para eu criar uma conta.
No momento que ele falou " facebook ", eu lembrei das palavras da Rose. Que ela tinha olhado as fotos dele no facebook e ele é um "gato".
Revirei os olhos lembrando das palavras.

Thiago percebendo me questionou:

— O que foi, você não gostou?

Eu neguei e menti sobre o motivo de ter revirado os olhos.

Após o café da manhã, não resistindo a tentação, vou até a cozinha pedir as criadas um pedacinho do bolo delicioso que elas guardaram para minha prima.

No quarto, me lembro da cesta que ganhara. Ontem dei bombons para a família de Thiago, mas ainda restava alguns e eu daria para Rose também. A Laissa recusou várias vezes, mas eu sou boa nas palavras e não gosto de ser recusada quando quero que alguém receba aquela coisa. E assim aconteceu, não desistir de falar até ela receber.

Desço para a sala ao perceber que às horas aproximam da chegada da Rose.

Corro imediatamente para fora, ao ouvir o som da moto e em seguida a buzina. Corremos uma na direção da outra, como loucas. Matamos a saudade em um abraço apertado. O taxista buzina novamente, chamando nossa atenção.

— Oh Léo, você não espera duas primas matarem a saudades? — Diz sorrindo e pegando a sua mochila com ele.

— Oi Léo.

Sorrio tímida. Nunca conversei muito com ele, mas nós cumprimentamos um ao outro.

— E aí, tudo na paz?

Sorrio novamente. Só Leonardo para falar desse jeito.

— Muito bem. E você?

Ele afirma que está tudo bem.

— Léo, você pode voltar. Mas tarde você volta aqui novamente. Eu mandarei SMS. — Minha prima diz, ele assente e vai embora acelerando a moto.

Rose abre a bolsa sem jeito e sorri para mim.

— É melhor você entrar. Vem conhecer a família.

Ela fecha a bolsa novamente e me acompanha.

— Eu comprei um presente para você. Você vai amar.

— Já estou curiosa. — Falo sorrindo e ela faz o mesmo.

Rose cumprimenta Thiago com um beijo na bochecha.
Quando eles começaram essa intimidade?

Penso prendendo a respiração. Olho para os outros disfarçando o meu ciúmes.
Para minha infelicidade Renato me olha e ao perceber meu olhar ergue uma sobrancelha e sorri de canto. Reviro os olhos em resposta.

Rose abre a bolsa para me entregar o presente, quando estávamos na sala de estar.

— Aqui está o seu presente. — Fala me entregando um embrulho vermelho.

Muito curiosa começo abrir, e vejo um belo vestido. O vestido que sempre desejei.
No início desse ano, quando nós passamos próximo da loja, eu contei a Rose o quanto tinha gostado do vestido e que um dia compraria ele.

— Nossa, eu amei mesmo. — Abraço-a apertado e contendo as lágrimas para não molhar a blusa cinza dela.

Pego o vestido e analiso.

— Mas custou uma grana! Você não poderia ter comprado. Eu ficaria feliz com qualquer coisa.

— Não se preocupe. Eu queria muito te ver feliz. E naquele dia que nós conversamos sobre esse vestido, no outro dia eu perguntei a funcionária quanto custava. Eu não encontrei um com as listras da mesma cor, mas encontrei esse igual.

O vestido não é o mesmo que eu vi naquele dia, porém tem listras, com as cores branco, azul escuro e laranja. Um decote em V, não exagerado, comprimento até os joelhos com uma pequena fenda no lado direito.

Renato passa o tempo todo olhando e cantando a minha prima, de uma forma indireta, mas pude perceber. Poderia dizer que ele está "caidinho" por ela, mas como eu já o conheço, mesmo que em poucos dias, sei bem que ele é mulherengo e a impressão que passou para mim foi das piores.

Fico bastante feliz, por ter alguum familiar por perto. Exceto nos momentos em que ela conversa com Thiago com sorrisos exagerados. Ela não limita para sorrir quando fala com ele e isso me irrita.
A minha prima não sabe o que rola entre nós dois, ela pensa que somos apenas amigos, mas Thiago sabe e ao invés dele ficar sério, sorri naturalmente.

Laissa conversa muito com a Rose, o que me impressiona, ela nem me olha e para a minha prima conversa como se fossem amigas.
Por um momento quero descobrir o que elas tanto conversam, depois finjo não enxergar as duas juntos.

Mostro o quarto em que eu durmo e ela fica encantada.

— Nossa! Bonito. Agora você está se sentindo poderosa! — diz sorrindo enquanto entra no closet.

Não acho ridículo ela mexer nas minhas coisas sem minha permissão, pois eu também faço isso com as delas. Somos como irmãs.

— Nunca me senti tão feliz, eu ainda não acostumei. Sinto falta de você. — Falo seguindo ela.

Rose para e me olha de cenho franzido.

— Sério? Então fala para eles me aceitarem aqui, eu vou adorar. As pessoas dessa família são bem legais.  — Diz sorrindo e virando as costas para mim.

Ela não gostou da família, e sim do Thiago. Penso revirando os olhos.

— Se você vier morar aqui será um incômodo. Eu acho que eu já sou o bastante. — Falo tentando não soar rude.

Ela para diante das roupas que ganhei ontem e analisa sem responder o meu comentário.

— Uau! Foi eles que deram? — ela pergunta desviando os olhos da jaqueta para mim.

— Sim. Foi o Marcelo. Esse vestido a Marta.

Mostro a ela os demais presentes e entrego bombons que ganhei para ela.

Rose faz uma conta para mim no facebook, no whatsapp e me ensina a usá-las.

Quando ouço ela dizer que mandaria uma mensagem para Léo vir buscar ela, fico triste e aliviada ao mesmo tempo. Triste por ter que ficar sozinha novamente e aliviada por ela ficar longe do Thiago.

Algumas vezes no quarto ela comentou que ele é mais bonito pessoalmente do que por fotos.

Dou um abraço demorado em Rose e observo ela partir.

                                  ######

Não esqueça de clicar na estrela

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora