1 - IV

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Levantei e fui até a janela. Já estava começando clarear e fazia muito frio. Voltei para cama e permaneci dentro dos cobertores. O único lugar onde poderia me sentir aquecida.
Alguém bate na porta e antes que eu pudesse mandar entrar ele abriu uma brecha na porta e olhou para mim.

— Já está acordada? — pergunta ao me ver sentada na cama enrolada com cobertores.

— Trouxe minha blusa para você proteger do frio.

Olhei para ele desconfiada. Essa bondade dele é muito estranha para mim.
Peguei a blusa mesmo assim. Sai dos cobertores e coloquei a blusa preta dele por cima da minha laranja.

— Você quer tomar café?

— Sim.
Falei antes de bocejar.

— A minha família quer conhecer você, eles querem conversar. Vamos?

Sinto o meu coração acelerar e o medo toma conta de mim.

— Eu não quero tomar café com a sua família. — Resmunguei.

— Alice _ diz pegando na minha mão, eu recuo. — eles não vão te esculachar, somente conversar, te conhecer melhor.

— E se eu não me sentir bem?
Perguntei olhando nos seus olhos oliva.

— Nesse caso você não precisa ficar. — Disse massageando a nuca.

— Ok, eu vou ajeitar a cama.

Falei começando a dobrar o cobertor. Ele segurou a minha mão, para eu não continuar. No mesmo momento senti uma corrente elétrica subir os meus braços e passar para o meu corpo todo. Isso novamente?

— Não precisa. Uma das criadas vão arrumar.

— Eu quero fazer, eu vou me sentir bem.

Ele assente e diz que me esperava na porta do quarto.
Enquanto ajeitava a cama, a minha respiração ia se acalmando.
Respirei profundo várias vezes antes de abrir a porta e dá de cara com Thiago.

— Bom dia.
Falei receosa assim que cheguei na sala de jantar.

Fiquei aliviada quando eles responderam. Thiago puxou uma cadeira para eu sentar e foi sentar do outro lado. O irmão dele chegou logo depois. Sentou ao meu lado me deixando desconfortável. Thiago reprovou o comportamento do seu irmão.
Os pais só começaram a comer quando o Renato chegou.
Olhei para aquela mesa, não me senti habituada. A mesa estava farta. Tinha pães, biscoitos e frutas. Era coisa de mais para mim.

— Não vai comer Alice? Tem pão integral, frutas. Pode pegar. Não precisa ter vergonha.

Retirei os olhos da mesa e olhei para Thiago.

— Estou sem fome vou voltar para o quarto. — Falei ficando de pé.

— Nós precisamos conhecer você. De onde você é mesmo? — O pai de Thiago levantou o olhar direto para mim.

Claro, estava demorando para os questionamentos e finalmente o pai dele resolveu acabar com isso.

— Nós conversamos outra hora, eu não estou sentido bem, de verdade. — Forcei um sorriso para ser simpática.

Não fui correspondida e conseguir senti o sangue subir para meu rosto.
Sai da sala de jantar e fui quase correndo para o quarto. Só não andei mais depressa por causa do corte.

— Alice, espera.

Escutei Thiago me chamar antes de começar a subir as escadas.
Eu estava morrendo de fome. A minha última refeição foi um X-Tudo ontem meio dia, porém não senti a vontade com alguém me analisando.

Abrir um pouco a cortina da janela e fiquei apreciando a beleza do local. Alguns homens colocavam comidas para os bois. Nos currais outros desleitavam vacas.
Um barulho na porta do quarto me assustou. Olhei na direção e Thiago já estava no quarto com uma bandeja na mão.

— Eu já disse que estou sem fome. — Digo e minha barriga ronca baixo contradizendo minha palavra.

— Eu sei que você não está Alice, desde ontem você não comeu nada. Eu trouxe para você comer e depois nós vamos pegar as suas coisas. — Diz colocando a bandeja sobre o criado mudo.

— Eu nã… — Comecei mas fui interrompida.

— Por favor, não diga não. Eu sei que você está com fome. Você precisa comer. Por favor. — Ele implora.

— Tá bom. Eu vou comer. — Por fim aceitei e ele sorriu sem mostrar os dentes.

— Vou te esperar na varanda.

Ele saiu me deixando a vontade e eu tento comer um pouco. A minha fome era grande que quase devorei tudo o que havia na bandeja. Exceto as coisas que eu não gostava: O queijo.

Procurei pela cozinha até encontrar, a casa é enorme. Duas criadas estavam sentadas conversando, ao me ver pararam.
Coloquei a bandeja em cima do balcão.

— Não precisava trazer querida. Eu iria pegar. — Uma delas falou, sorri para ela e saí em direção a sala.

Thiago já me esperava na varanda como falaste.

— Cadê os outros?

Ele desviou os olhos da tela do celular para mim.

— A minha mãe está preparando algumas coisas para quando a aula começar, o meu pai cuidando dos animais. Já o meu irmão, acho que está passeando por aí. Nos sábados e domingos ele gosta de andar. Vamos?

Assenti. Hoje é sábado, então o irmão dele está passeando. E a sua mãe é bem organizada, faltam uns bons dias para o retorno das aulas.
Ele entrou no carro e eu sentei do outro lado. A minha perna estava um pouco melhor. Só de pensar na cicatriz horrível que vai ficar na minha perna eu já me sinto mal.

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Estrela por favor ⭐⭐⭐⭐

Sem Direção (Concluido)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant