Sem Direção (Concluido)

14 - I

Abro os meus olhos lentamente e vejo um ambiente diferente do que costumo ver. O quarto do Thiago.
Ver o braço dele ao redor da minha cintura, me faz lembrar do nosso momento de ontem, eu achava que fosse melhor, mas talvez deve ser porque foi a primeira vez. Foi mais dolorido do que prazeroso.

Retiro o braço dele e levanto devagar para não acordá-lo, que dorme lindamente. Vou até o banheiro me sentindo dolorida e ao fazer xixi sinto uma dor incômoda.

Ai meu Deus, será que durará até quando?

Quase solto um grito histérica ao ver uma pequena mancha de sangue na minha calcinha. Nossa! Isso é possível? Já sangrei ontem!

Saio do banheiro e dou uma olhada para ver se manchou o lençol limpo. Solto a respiração prendida ao vê-lo limpo. Pego as minhas roupas do carpete e saio depressa para o meu quarto, usando apenas a camiseta do meu namorado. Preciso tomar um banho urgente. A casa está silenciosa. Ainda são sete e meia da manhã. Muito cedo para um pós festa. Antes de banhar, faço uma rápida pesquisa na internet. Preciso verificar se é normal um segundo sangramento.

Respiro aliviada ao descobrir que não é normal, mas acontece. Se a mulher ficar muita ansiosa e tensa durante a primeira relação, pode acontecer os sangramentos, não só o primeiro, mas um segundo. E até mesmo em uma segunda relação pode ocorrer.

Está tudo explicado, eu fiquei bastante tensa no momento. Eu não posso repetir isso novamente, nem sequer pensar que Thiago é o médico. Está no momento de esquecer esse trauma.

— Bom dia! — cumprimento as criadas com grande sorriso.

— Alice? Já de pé? E esse sorriso? Divertiu muito na festa? — Márcia me enche de questionamento.

Abro mais o sorriso. Eu nem sei contar sobre a festa, nem fiquei por muito tempo lá. Se ela soubesse o motivo da minha alegria. Se eu não tivesse lavado o lençol e algumas outras roupas disfarçadamente, quando Thiago foi para o banho, agora ela saberia o real motivo do meu sorriso e como foi a minha noite.

— Ah não, eu vim cedo da festa. Não estou acostumada com essas coisas, por isso acordei cedo hoje — respondo sentando ao redor da mesa farta.

— Nossa, se fosse eu não perderia por nada — diz terminando de organizar a mesa.

Mas foi por uma boa causa, penso.

— Márcia? — Cristina a chama ainda no corredor do fundo. — Oh! Bom dia Alice! Acordou cedo! — diz ao me ver. — Foi você que lavou aquelas roupas que estão na máquina? — olha para a Márcia.

— Não.

— Ah, então foi a Fabiana — ela caminha em direção a cozinha.

— Não foi ela, fui eu. Ontem eu vim cedo da festa e estava sem sono e resolvi lavá-las — digo antes dela desaparecer e tento não ficar envergonhada.

Me sirvo com leite e café, passo manteiga no pão francês. Thiago aparece sem camisa tirando minha atenção do pão para ele. Ai não! Esse cara tem que chegar aqui desse jeito?
Ele abre um belo sorriso andando em minha direção.

— Bom dia, meu amor! — fala após me dar um selinho. — Por que levantou e saiu da quarto sem me acordar?

— Você dormia tão lindo, por que eu deveria te acordar? — questiono olhando em seus olhos oliva.

Nunca me cansarei de apreciar esses belos olhos.

— Foi só isso mesmo? Você não está arrependida? — pergunta com a testa franzida.

— Mas é claro que não! Eu amei dormir ao seu lado.

Isso é realmente verdade. Dormir em seus braços é muito bom. Sentir o seu cheiro, dormir com sua camisa. São coisas que não quero abandonar tão cedo.
Volto a tomar o café da manhã, agora com a companhia de Thiago, o meu lindo namorado.