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Estou ansiosa para conhecer os pais da minha irmã. A única coisa que sei é que eles são africanos, vieram da Angola ainda jovem para o Brasil em busca de uma mudança de vida e foi aqui que tiveram os dois filhos.

A casa que eles alugaram não é simples e nem sofisticada, parece com a dos meus pais. Tem uma trilha de pedras enterradas no caminho do portão de madeira até a porta principal numa distância de um metro e meio. A pequena varanda serve de garagem para o único automóvel, deixando um espaço razoável para entrar pela porta frontal vermelho marsala.

Lana abre a porta e somos recebidos pelos patriarcas da casa com sorriso de orelha à arelha.

Diferente da cor cinza do lado de fora, a sala tem um tom rosé nas paredes com cerâmica bege, os sofás cobertos por capas marrom escuro com cortina na janela da mesma cor. No ambiente também tem um rack preto com a televisão em cima.

— Seja muito bem vinda, é um prazer conhecê-la — Kalifa fala com um leve sotaque africano.

— O prazer é todo meu! — respondo desfazendo o abraço.

— Seja bem vinda e sinta-se em casa — Yooku me abraça.

Poucos segundos com eles é o suficiente para saber que Alana foi parar em uma boa família e quem ficou na pior fui eu.
Sorrio em agradecimento.
Kalifa é uma mulher bonita e parece mais jovem do que realmente é. Ela está com um vestido florado e um lenço amarelo no topo da cabeça deixando os cachos de seu cabelo visível na parte detrás. Já o pai da Lana veste uma calça social com uma camiseta verde escura.

— Vem ver a casa — Lana chama.

Sigo ela caminhando em direção para a cozinha, que tem uma ilha para dividir os eletrodomésticos com a mesa de jantar. A geladeira é branca, o fogão e o armário são brancos com detalhes em preto. O teto da casa é todo forrado.
No fundo tem a lavanderia de um lado e do outro o banheiro.

São três quartos, o primeiro dos pais, a segundo de Lana e o terceiro e o último de Nassur. Observo os quartos somente pela porta, exceto o que a minha irmã dorme. Eu entro e coloco a mochila sobre a cômoda azul marinho.
Todas as paredes são do mesmo tom da sala e as janelas em vidro de borda branca tem cortina em cada uma.

— Amei a casa — falo virando para Alana sentada na cama. — Esses móveis foram comprados ou estavam incluso no aluguel?

— Incluso, exceto os eletrodomésticos da cozinha — levanta — Vou banhar antes de jantar, pode ficar a vontade.

— Ok.

Enquanto ela não chega eu deito em sua cama e olho para o teto, pensando o quanto deve ter sido melhor a mesma morando com os pais adotivos do que com a Isadora, a serpente venenosa como dissera minha mãe. O celular de Lana vibra e clareia chamando minha atenção, pego-o e vejo que tem uma mensagem mas não consigo ler. Na tela dele está com a foto da minha irmã e uma mulher morena de cabelos cacheados, as duas estão sorrindo.

Não demora muito e logo ela surge enrolada na toalha.

— Já vou sair — falo erguendo o meu corpo do acolchoado. — Tem um sms no seu celular — para com a porta aberta e olha para ela — Quem é essa garota com você na tela? — minha voz sai em tom de curiosidade.

— É uma amiga de Sampa — responde pegando o telemóvel na mão.

Balanço a cabeça em afirmação e giro a maçaneta. Quando saio do corredor e chego na sala sinto o cheiro do tempero vindo da cozinha. Yooku assiste TV e desvia os olhos para mim.

— O Nassur está no banho, assim que ele sair você pode ir.

— Claro — sorrio e sento no outro sofá.

Sem Direção (Concluido)Место, где живут истории. Откройте их для себя