20 - IV

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Logo, todos retornam da sala sentando em seus respectivos lugares. Só não estou tentando arrancar meus cabelos por estar num lugar público, pois o nervosismo não aparta de mim mesmo sabendo que Tia Isadora está condenada depois do áudio que sua própria filha expôs.

— E para concluir esse julgamento, o júri votou e decidiu que a ré — o meritíssimo ergue o olhar para a acusada. — Isadora Souza da Silva, está condenada! — bate o martelo uma vez na mesa declarando a sentença.

Damos um abraço coletivo comemorando a condenação da minha tia. Ao olhar para o lado de lá, vejo a Rose cair aos prantos e alguém perto o consolando e Fátima não sorri, parece triste, mas não chora.

— Sinta-se feliz, você só pagará metade do que fez aos meus pais e a mim — falo para Isadora ao passar pelo corredor.

Ela segue calada e nós fomos logo atrás.

— Você é uma ingrata! Depois de tudo o que fiz — dispara para a sua filha caçula.

Quando eu chego lá fora consigo respirar aliviada. Hoje está com a temperatura bem alta, nem parece que choveu nessa madrugada.

— Fátima! — chamo-a que já vai saindo segurando firme a sua bolsa cinza. — Quero te agradecer pelo depoimento, nós nunca tivemos uma boa convivência e você depor ao nosso…

— Alice, não precisa agradecer. Eu fiz isso porquê achei justo, é como eu disse: a minha mãe tinha o direito de cuidar de você depois de ter tirado os seus pais, mas o que ela fez? Destruir você e ainda me colocar nessa junto. Também pensei em você sempre desejando uma família de verdade que não teve. E eu só quero te pedir desculpas por tudo, eu até tentava parar de te perseguir, mas a mãe sempre oferecia algo mais.

— Tudo bem. Hoje estou muito feliz, sempre sonhei com esse dia — sorrio, a minha felicidade é grande que nada nem ninguém conseguirá arrancar meu sorriso.

— Suas malditas! Cobras venenosas! — Roseane com a voz chorosa aproxima de nós.

— A única cobra é a sua mãe! — Alana grita com ela também.

— Fátima desconsidera ser minha irmã, você estragou tudo! — sua irmã dá de ombros para suas palavras e sai. — E você Alice eu te pedi tanto para não denunciá-la, você é um lixo!

Realmente essa não é a menina animada, companheira com quem eu partilhava meus medos, meus segredos. Essa garota não existe mais, infelizmente é uma triste realidade. A outra Rose jamais me xingaria, mas como eu estou cara a cara com uma desconhecida não posso ficar calada.

— Lixo é você, que presenciou o que Isadora fez comigo e ainda tentava me defender, agora está nessa insuportável inimizade comigo. Mas não pensa que vou voltar atrás, aliás, eu faria tudo de novo! Você não precisa me apoiar por ter denunciado a sua mãe, e nem ficar contra mim, mais cedo ou mais tarde isso iria acontecer.

Antes que eu termine ela dá as costas enxugando as lágrimas junto com duas garotas.

— Está tudo bem meu amor — Thi me abraça ao ver eu abaixar a cabeça.

Falei que nada tiraria minha felicidade, todavia ver Rose, quem um dia foi minha grande amiga me olhar com descaso não é fácil. Sei o quanto é difícil para ela ver a mãe indo para prisão, porém não entendo o porquê de ter tanta raiva de mim, sendo que a mesma presenciava os maltratos de Isadora comigo. E ainda tem o fato dela matar meus pais me fazendo ficar sem uma família.

— Galera, precisamos comemorar! — Lana vibra balançando os braços.

— É verdade Alice, vocês precisam disso. Finalmente a justiça será feita pelos seus pais e por esses anos que Isadora te maltratou — Cléo afirma colocando a mão em meu ombro.

Sem Direção (Concluido)Onde histórias criam vida. Descubra agora