12 - IV

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No sábado de manhã levanto mais disposta. Após o café da manhã vou sentar no banquinho debaixo do pé de manga respirar ar fresco. O céu tem algumas nuvens negras, o temporal da chuva está aproximando. O vento traz um ar tão agradável.

Hoje o dia começou bem quente, as pessoas dizem que quando os dias ficam muito quente é sinal que a chuva está próxima. Estou esperando por este momento já não suporto essa poeira. Ah, eu também resolvi fugir de casa para morar em um povoado, agora é suportar. Mas o melhor de tudo é que encontrei pessoas bem legais, mais legais do que da minha própria família.

Fecho os meus olhos e respiro fundo, tentando esquecer os momentos ruins do meu passado.

— Está pensando em quê? — Fernando pergunta próximo do meu ouvido.

— Você me assustou idiota — digo colocando a mão no meu coração. Ela dá gargalhadas da minha expressão sentando ao meu lado.

Fico alguns segundos observando o seu corpo nu. Quando ele percebe, ergue uma sobrancelha ficando sério.

— Você já acorda sem camisa? — pergunto cutucando o seu ombro com o indicador.

— Sim, na verdade dormi só de cueca e como está calor coloquei apenas uma bermuda, porque não dá pra continuar do jeito que eu dormi né? — dá um sorriso malicioso e morde o lábio.

— Idiota! — soco o seu braço de leve e reviro os olhos.

Fernando me abraça de lado e dá um beijo na minha bochecha. Olho para ele bem séria e só depois ele percebe o que havia feito. As suas bochechas ficam um pouco coradas.
Fernando tímido? Quase deixo escapar um sorriso. Quase. Eu não gostei de seu ato mesmo que foi sem querer.
Tiro o seu braço da minha cintura.

— Não faça mais isso!

— Por quê? Por que Thiago pode chegar a qualquer momento? — questiona de uma forma ríspida

Fico triste ao ouvi-lo mencionar o nome de Thiago.

Eu quero esquecê-lo por alguns minutos, pois com certeza é isso que o mesmo está fazendo. Pode ser que esteja até planejando em terminar comigo.

Fernando percebe que tinha me incomodado e muda de assunto:

— O que está fazendo aqui?

— Respirar ar fresco — respondo olhando para minhas mãos ignorando o seu olhar sobre mim.

— Estou atrapalhando? — Thiago manifesta atrás de nós.

Levanto imediatamente do banco e giro meu corpo em sua direção. Ele encontra-se há alguns metros de distância, com as mãos no bolso da bermuda mostarda. 

— Não, lógico que não — não conseguo esconder a tamanha felicidade de poder vê-lo novamente.

— Podemos conversar? — questionou com o olhar ainda sério.

— Claro! — empolgo um pouco ao abri um sorriso exagerado. — Fernando eu já volto, ok? — falo olhando para ele.

Ele confirma com um aceno de cabeça sem me olhar. Pelo canto do seu olho pude perceber que está bastante triste. Se tivesse algo que eu pudesse fazer para não deixá-lo triste seria ótimo, mas infelizmente não tem nada em que posso ajudar.
Thiago impaciente balança os braços com as mãos presas dentro dos bolsos. Caminhamos lado a lado em um silêncio infernal até chegar na sua Hilux. Acomodamos na poltrona, ele respira fundo me olhando.

— Por que precisou da permissão dele para vim falar comigo? — sua pergunta soa intimidadora.

De novo não.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now