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Na volta Thiago me ajuda a pegar as duas malas pretas e leva até o quarto. Ainda bem que não encontramos ninguém no percurso, a mãe dele na verdade, pois os outros não estão aqui.

— Obrigada. — Agradeço quando entramos no quarto.

— Não precisa agradecer. — Diz colocando a mala no chão.

O quarto é todo marrom, as paredes de um tom claro e a cerâmica escura com detalhes em flores. A cortina da janela azul claro deixa o ambiente bem sofisticado.

Ele fica alguns segundos me analisando, sinto inibida com o seu olhar. Eles são atraentes, sempre fui encantada em olhos verdes quando via na TV ou em revistas.

— Alice, você é de onde?

Ain não! De novo essa pergunta.
Fico apavorada, não quero ser levada de volta para onde eu morava. Devo responder ou não.

— Eu... É... Da cidade. Por quê? — não consigo evitar o medo.

— Curiosidade. — Ele fica em silêncio, depois volta a falar: — Por que você saiu de lá? Se não conhece ninguém aqui? — pergunta, mesmo a sua voz não soando acusadora aquela conversa me deixa entediada.

Começo me arrepender por ter iniciado essa conversa. Não estou afim de falar da minha vida para um estranho, mesmo que este tenha me abrigado no seu lar.

— Não estou afim de falar sobre isso agora. — Nego.

— Ok. Mas eu preciso saber sobre você. Na verdade os meus pais querem saber. O meu pai mandou perguntar você.

O meu coração acelera quando ele fala que os seus pais querem saber sobre a minha vida. Desde a primeira vez que os vi, eles pareciam incomodado com a minha presença. Acho que não foi uma boa ideia ter vindo passar uns dias aqui. Mas eu iria ficar lá na mata? Para ser engolida por algum animal selvagem?

Me olhando sério, Thiago continua:

— Se é de uma boa Família. Porque você sabe, eles temem ser alguma armadilha, mesmo eu explicando várias vezes que você seria engolida pela sucuri se eu não chegasse.

— Ah, eu entendo claro. — Forço um sorriso. — Mas a minha família são pessoas boas. — Concluo quase tremendo.

Se eles soubessem a verdade me expulsaria da casa? Eles parecem não gostar de confusão e tenho certeza que não querem os meus conflitos envolverem com os deles.
Prefiro não arriscar e ter que expor os meus problemas.

— Pode ficar tranquilo, eu não estou armando nada. — Continuo para mostrar que é verdade o que eu falo.

— Eu confio em você. Pode ficar a vontade. Sinta-se em casa. — Diz e retira-se do quarto.

Sento na cama e respiro aliviada. Esse Thiago acredita mesmo em mim? Ou está apenas dizendo isso para me acalmar? Mas, por que ele queria me acalmar, se não me conhece?
Solto um suspiro e abro a minha bolsa pegando o meu único relógio, o qual havia ganhado de presente da minha prima no meu aniversário do ano passado.

Alguém bate na porta. Uma das criadas aparece. Ela é loira de olhos castanho claro.

— Com licença. Garota vai aproveitar o ar fresco, aqui na fazendo o ar é muito bom. — Diz sorrindo.

— Estou muito bem aqui. — Respondo com o mesmo sorriso.

As criadas parecem ser simpáticas, ou é porquê são devê delas serem legais com todos que estão aqui na casa.

— Pelo menos abre a janela. Vai para a sacada. — Diz apontando para uma porta.

Eu nem tinha percebido que ali ao lado do closet tem uma porta que dá para uma pequena sacada. Ando até lá e percebo que não é uma pequena, pois a partir da metade do quarto de hóspede a sacada ia até o outro lado, no quarto de Thiago.
Sento numa cadeira inspirando a ar fresco, começo imaginar muitas coisas boas observando as árvores.
As horas passam voando. Só recordo quando a mesma criada me chama para almoçar.
Ao passar no quarto não vejo as minhas malas, ao questioná-la, ela diz que tinha colocado as roupas no closet e deixado as malas também lá. No início fico constrangida, não queria que ninguém guardasse as minhas coisas, principalmente em lugar estranho. Será que foi a mando de Thiago?

— Qual o seu nome mesmo? — pergunto.

Ela me parece amigável e eu também não quero conversar com alguém sem saber o nome.

— Márcia. — Responde seguindo na minha frente.

Desço as escadas e me recuo ao aproximar da sala de jantar. A Márcia está alguns passos na minha frente e não ver quando paro.

— Não vai almoçar? — Thiago fala próximo ao meu ouvido, com a voz grossa e o meu corpo arrepia.

Isso novamente? Vou ter que acostumar, esse homem está trazendo algo estranho para o meu corpo.

— Que susto Thiago! — Digo tentando recuperar a respiração que prendi sem perceber.

Ele sorri, depois morde o lábio.

— Uau!

— O que foi? — franzo a testa olhando para ele.

— É a primeira vez você me chama pelo nome.

Hã!? Ele ficou impressionado só porquê eu chamei pelo nome? Que cara estranho.

Nós dois chegam juntos à mesa e os pais dele ficam meio desconfortáveis. Ah não!  Me incomodo um pouco. Recuo novamente. Eles não disfarçam nem um pouco, o quanto eu estou incomodando.
Thiago volta até mim.

— Você não vai? — mais uma vez ele demonstra preocupado.

— Acho melhor não. Não faço parte da família e nem conheço vocês direito. Vou comer no quarto.

— O quarto não é lugar para comer. Venha não precisa ficar tímida. E você pode conhecê-los. — Sugere.

Eu não quero ir, mesmo sabendo que ele quer muito me ajudar. Se eu sentar junto com a família dele eu não vou conseguir almoçar.

— Não force a moça Thiago. Deixa ela. — A mãe dele fala o repreendendo.

— Eu posso comer na cozinha. Não terá problema algum. — Falo achando uma boa oportunidade.

No início ela não aceita, mas eu insisto até ela ceder.
O pai de Thiago protesta querendo conversar comigo, mas é impedido pela esposa. Ela pede para me deixar acostumar primeiro.
Almoçar com as meninas é bom demais . Converso bastante com elas. As criadas não quis saber de onde eu tinha vindo e porquê. Elas são mesmo muito simpáticas. A menos tenha alguem na casa que eu posso me dar bem, sem julgamentos.

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Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now