5 - IV

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No momento em que ela me solta sinto um grande alívio. Mas ao mesmo tempo uma fúria, ao perceber que Fátima continua me segurando.

— Me solta! Não ouviu? — Exaspero e dou um soco em seu braço.

Ela grita, para chamar a atenção da mamãe, pois nem foi tão forte.

— Alice! Pare de gritar com minha filha!

— Eu grito até com você! Eu cansei! — disparo alterando a voz.

Ela ergue a mão para me bater, mas é impedida por Thiago.

— Não faça isso, você pode ser presa. — Ele alerta.

Isadora olha para Thiago sem entender o motivo dele estar me defendendo.

— Olha cara, você não tem nada a ver com as nossas vidas. Pare de intrometer. — Fátima fala irritada.

— Verdade. Com vocês não. Mas com a Alice sim. — Ele diz me puxando para o seu lado.

Elas ficam surpresa. E Rose que até o momento não havia falado nada, pergunta:

— É o seu namorado Lice?

Ela fica muito feliz e Fátima revira os olhos.

— É meu amigo.— Respondo e o seu sorriso desaparece.

— Rose, você acha mesmo que uma garota feia como a Alice terá um homem lindo desse? — Fátima falo em meio a risadas.

De um cerdo modo as palavras dela me irritou, nem foi por mim chamar de feia, mas por referi a Thiago homem lindo.

—  Alice não é feia Fátima. — Rose grita.

Fátima revira os olhos mais uma vez.

— Abre a porta da casa para Alice pegar suas coisas. — Thiago diz olhando para tia Isadora.

Eu gosto dá atitude que ele tem, é bem direto e não baixa a guarda. Isso me fez lembrar do primeiro dia em sua casa.
Sem pensar ela abre o portão e logo em seguida a porta da casa.
Rose vem logo atrás de nós.

— Pega somente suas coisas e não volte mais aqui. — Fala após abrir a porta e nos dá passagem. — Vamos trabalhar Fátima? — chama a filha quando passa para fora do portão.

— Lice não vai, por favor. Eu vou ficar com muita saudades. —:Rose diz caminhando atrás de mim.

— Eu também vou. Mas não posso ficar na casa da sua mãe. Ela me maltrata. — Digo parando e olhando em seus olhos marejados.

— Nós alugaremos uma casa. — Fala secando uma lágrima no canto do olho.

— Eu sinto muito. Estou bem na casa da família do Thiago. — Falo fazendo ela olhar para o homem ao meu lado.

Entro no meu antigo quarto.
Os dois também entram logo depois.
Eles me ajudam a organizar as minhas coisas.

— Vou pegar as malas. — Thiago fala saindo do quarto.

— O seu amigo é muito gato! — comenta parando ao meu lado.

Abro a caixa com as minhas bijuterias e não respondo o comentário dela.

— Vou te entregar isso, como presente para você não esquecer de mim.

Entrego a caixinha com a pulseira que minha mãe me comprou quando completei um ano. Eu sei desse fato, porque tia Isadora contou.

— Mas isso é da sua mãe. É um presente que ela te deu. — Diz me encarando.

— Eu sei. Mas pode ficar com ela. Eu tenho fotos da minha mãe no álbum.

Forço um sorriso. Não gosto de lembrar dos meus pais.
Thiago chega com as malas e nós começamos colocar as coisas dentro dela. As que não coube, coloco em sacolas mesmo.

— Lice! Pega o meu número, para você me ligar.  — Diz.

— Eu não tenho celular. Só se eu pedir alguém. Mas onde eu vou anotar? — Pergunto.

Não lembrei que tem uma caderneta nas minhas coisas.

— Eu posso colocar na minha agenda. Me passa seu número. — Thiago comenta retirando o celular do bolso com um sorriso.

Não gostei da atitude dele. Rose sorriu para ele e passou o número dela. Em seguida me abraça despedindo.

— Vou ficar com saudades.

— Eu também. Você foi a única em quem eu pensei esses dias.

Ela tenta sorrir. Para ele ela sorriu.

— Ah! Cuida bem da minha prima Thiago. — Diz tocando em seu braço e algo dentro de mim incomoda novamente com esse gesto.

— Pode deixar Rose. Vou cuidar muito bem. Vou mandar uma mensagem para você agendar o meu número.

Ela apenas assente.
Saímos com as bagagens e colocamos no porta-malas.

— Tchau. Vai com Deus! — Rose sorri.

— Amém. Fica com Ele também! — sorrio de volta.

Chegamos na fazenda no horário do almoço. Deixo as coisas dentro do quarto e vou para a sala de jantar.

— Fabiana, uma de vocês organiza as coisas no quarto de Alice depois do almoço. — Thiago diz antes de sentar.

Eu ando há três metros atrás dele.

— Sim senhor. —:Fabiana responde colocando os pratos sobre a mesa.

— Fabiana não precisa. Eu mesmo vou organizar após o almoço. Pode ficar tranquila. — Ela assente com a cabeça.

— Alice…

Thiago me olha, faço sinal para ele parar.

— Não precisa preocupar. Eu estou muito acostumada. E são minhas coisas. — Digo sentando ao seu lado.

Todos estão na mesa. Em um silêncio absurdo. Estranho. Thiago me dissera quando estávamos pegando as minhas coisas, que a mãe dele falaria para a família hoje, sobre eu ficar por algum tempo morando com eles.

— Seja bem vinda a família Alice. — Marta sorri.

— Obrigada. Mas eu continuarei sendo a mesma. — Respondo sorrindo.

Recebo um "seja bem vinda" de todos. Me impressiono com Laissa. Eu sei que ela diz contra a sua vontade, pois não sorri. Eu sorrio mesmo não sendo correspondida.

Passo a tarde toda organizando minhas coisas, depois pego um álbum de fotos e começo a olhá-lo. Onde tem algumas fotos minhas ainda pequena; dos meus pais e minha irmã. Irmã. Nunca conheci ela. Somente por fotos, e ainda pequena. Hoje se ela estiver viva vai completar 21 anos dia 4 de novembro. Mesmo não lembrando dela, sinto bastante sua falta.




Eu espero que vocês estão gostando do livro. Eu sei que não agradará a todos. Mas somente um já é bem vindo. Obrigado. Pode votar e comentar.
Bjos.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now