2 - II

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Uma semana na casa dos Rezende, pareceu uma eternidade. Já tentei duas vezes sair da casa deles e Thiago sempre me convence a ficar, com uma voz de homem sedutor me implorando para entender a sua família. Eles querem muito saber porquê eu cheguei em um lugar onde não conheço ninguém. O pouco que falei não foi suficiente para eles.

— Eu saí de casa por um desentendimento familiar e quando percebi que estava longe deles mandei o taxista parar e me deixar. E foi exatamente na entrada desse povoado. — Respondi com essas palavras ao pai do Thiago durante o almoço de ontem.

— Saiu de casa por briga familiares, e que tipo de briga seria? — Ele perguntou, mas eu não respondi.

Não queria entrar em detalhes sobre uma coisa que eu preferia não lembrar. Finalizei o assunto saindo da mesa indo direto para o quarto preparar as malas. Antes que eu saísse para fora, Thiago apareceu e me impediu. Sabia que estava errada em estar na casa deles sem dar alguma satisfação, mas eu não quero lembrar muito menos falar dos detalhes de uma coisa que já passou.

Uma coisa que eu fico com uma pulga atrás da orelha, é essa preocupação toda de Thiago comigo. Ele nem me conhece direito, eu não entendo o motivo.

Mesmo ainda no inverno alguns dias começam a diminuir o frio. Também já passa da metade do mês de julho, isso é provável mesmo. E eu temo a chegada do calor. Essa é a parte do ano que eu mais detesto. Na verdade eu não me importo com o calor durante o dia, eu odeio durante a noite pois não consigo dormir bem.

Thiago deixou-me a vontade na casa, ele me pediu para contar sobre a minha vida quando sentisse preparada, mas ele deixou claro, um dia eu vou ter que falar não poderá esconder o tempo todo. A confiança da família dele eestá emjogo. Eu quero muito contar a verdade, mas ao mesmo tempo me falta coragem, eu temo muito pela reações deles.

Hoje Thiago vai montar em um cavalo para domá-lo. A princípio não sabia o que era domar. Ele me disse que é amansar o cavalo, pois ele não deixa ninguém montá-lo.
Quis saber como é e ele me chamou para acompanhá-lo.
O seu irmão não está, hoje é sábado. Todos finais de semana ele anda pelo povoado joga sinuca em um bar e paquera as garotas. Desconfiei que ele é um paquerador desde a primeira vez que o vi se insinuando para mim.
Já o Thiago joga futebol nos domingos, exceto no domingo depois da sexta que ele me encontrou. E tem alguns que os garotos não jogam.

Primeiro Thiago cansa o cavalo, depois ele monta nele. O cavalo dá alguns pulos, mas não é igual em filmes que o cavalo pula muito e o homem não cai no chão, somente uns pulinhos, pois o animal cansou bastante antes dele montar. Logo o cavalo mostra totalmente exausto e não faz nenhuma reação. Thiago desce do cavalo e caminha ate mim.

— Vamos? O sol está muito quente.

Concordo seguindo-o.

Ao passar na porta de um quarto que fica próximo ao meu, ouço vozes de meninas. Olho para Thiago em busca de uma resposta.

— São minhas irmãs. Esqueci de te falar que elas viriam hoje.

Aff, mais pessoas para me atormentar.

— Entendo — sigo direto para o meu quarto. O meu quarto. Para o quarto em que eu durmo. Abro a porta e respiro aliviada. Para minha surpresa e agonia, encontro Renato sentado na cama, ao me ver ele levanta e vem em minha direção.

— Olá, estava se divertindo assistir o meu irmão domar o animal?— pergunta com tom de deboche.

Não sei porquê, mas esse garoto sempre fala comigo de um jeito irônico quando se trata do irmão. No início eu gostei dele, mas agora ele está insuportável. Invadir o quarto que eu durmo? Realmente ele não tem nada a ver com Thiago.

— O que você está fazendo aqui? Errou de quarto? — pergunto irritada.

Ele dá um sorrisinho, que se eu não estivesse irritada até acharia lindo, e disse:

— Não querida. Eu pensei que nós poderíamos aproveitar essa cama para fazer algo bom. O que a...

Não deixo ele terminar a frase porque já sei o que vai dizer.

— Sai daqui. Sai deste quarto agora! — Grito e ele recua, mas depois coloca a postura novamente. Ele está de toalha no meu quarto.

— Eu acho que você não manda aqui. — Lembra me olhando bem sério. — Vamos aproveitar baby. — Conclui tirando a toalha de sua cintura.

— Saia já daqui seu nojento ou eu vou gritar. Sai! — ele se assusta novamente com o meu grito e coloca a toalha.

— Você não sabe o que está perdendo. — Diz convencido e sai.

Finalmente respiro aliviada. Que garoto idiota e irritante.

Começo a tremer desesperada. Algumas coisas começam a passar pela a minha mente me fazendo chorar. Não acredito que esse imbecil está me fazendo lembrar dessas coisas que eu odeio. Não quero viver isso tudo de novo. Não quero ver isso me atormentar mais uma vez.

— Argh!

                        

Esse Renato parece um tanto ousado, não?

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Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now