10 - IV

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Fecho a porta do meu quarto e me viro para pegar os materiais, vejo Laissa caminhar em minha direção. Se fosse em outra ocasião pensaria que ela iria me insultar, fico aliviada por isso não acontecer.

— Oi, estava limpando o seu quarto? — pergunta com a expressão neutra no rosto.

Pela primeira vez ela me cumprimenta, me olha sem aquele olhar raivoso e refere o quarto de hóspede como meu quarto. Realmente a Laissa mudou depois da conversa que teve com minha prima.
Eu quero muito saber o que elas conversaram e não passará de hoje.

— Não, eu limpei os quartos do outro lado. — Digo apontando para a direção dos quartos opostos.

— Alice não precisa ajudar as criadas, elas já sabem lidar muito bem com isso. — Diz cruzando os braços.

— Eu gosto de ajudar elas a limparem a casa. E também eu estou aqui de favor na casa de vocês, tenho obrigação em ajudá-las.

Laissa faz uma expressão séria e depois solta uma risadinha.

— Você não pode pensar assim. Você não precisa fazer isso. — Ela faz uma pausa e continua. — Foram os meus pais que mandaram você? — pergunta erguendo a sobrancelha.

Acho eu, que se fosse uns dias atrás Laissa ficaria feliz em me ver fazendo os serviços pela casa e me humilharia com certeza. Essa garota a minha frente não parece mais a mesma, não sei o que aconteceu, mas devo me alegrar por ser vista diferente.

— Não, claro que não. Eu mesma quis ajudá-las. Eu faço porque gosto e também é um tédio ficar sem fazer nada. — falo depois de alguns segundos e sorrio.

Ela apenas dá de ombros e dá meia volta e entra dentro do seu quarto. Mas antes dela desaparecer eu questiono o porquê de estar sendo legal comigo.

— Eu percebi que nós vamos conviver muito tempo e além do mais somos cunhadas, e ficar brigando uma com a outra não irá chegar a lugar algum. Eu não quero ser a irmã chata do namorado. — volta e responde sorrindo amigavelmente na ultima frase.

Correspondo. Acho bom não ter alguém implicando comigo o tempo todo. Esses dias ela está bastante diferente. Olha para mim, sorria; coisas que Laissa nunca fazia antes da minha prima vir me visitar.

Pego o rodo, o balde com o lustra-moveis dentro e levo para a lavanderia. No almoço eu ajudo as meninas cortar salada e preparar a mesa.
Sento ao lado de Thiago, ele me dá um selinho. Fico envergonhada. Não me sinto a vontade na frente da família dele, esse afeto em frente a outras pessoas é meio constrangedor. Marcelo olha de lado para nós, Marta dá um sorrisinho e Renato revira os olhos.

— Como foi o seu dia? — pergunta acariciando minha bochecha.

— Bem e o seu? — falo tirando a sua mão da minha bochecha.

Ele parece ficar sem graça, depois recompõe a postura e diz que foi cansativo, mas o seu dia foi bem.
Almoço em silêncio.
Quando eu passo na sala Laissa me chama para ir na mini academia. Recuso. Preciso conversar com minha prima Rose.
No terceiro toque ela atende. Percebo que ela está trabalhando na frutaria, por causa do barulho.

— Eu estou atrapalhando você? — questiono.

— Não, aqui não tem quase cliente, hoje não está muito movimentado. E ai tudo bem? — pergunta se afastando das pessoas.

— Estou ótima — fecho a porta do quarto.

— Você me ligou para?

— Eu quero saber o que você falou para Laissa. — Falo sem mais delonga sentando na cama.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now