16 - III

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Abro o diário novamente, agora na segunda folha e começo a ler uma pequena apresentação.

Olá, eu sou Amanda Dantas, vou contar aqui um pouco da minha história. Bom, não sei se alguém irá ler esse diário, pois não vou deixá-lo em qualquer lugar, apesar de não ter um cadeado para trancá-lo, vou mantê-lo escondido. A única pessoa que sabe sobre a existência desse livro é minha amiga Vani, a Ivanete. Mas nem tudo que escrevo conto a ela, tem coisas que nem são importantes.

Eu comecei a escrever este livro quando minha avó materna morreu, foi ela quem me deu para escrever as coisas mais importantes e emocionantes da minha vida. No início achei aquilo hilário, pensei que fosse um livro literário que gosto bastante, me decepcionei ao ver as folhas em branco. Quando ela nos deixou fiquei muito arrasada com o perda e comecei a escrever no tal livro. Na época eu tinha dezessete anos. Então, as coisas que aconteceram antes dessa idade pode não estar igualmente, pois não lembro de todos os detalhes.

1992/06/13
Nesse dia fiz quinze anos, o tão esperado aniversário. A minha família fez uma comemoração simples, nada de capricho. Eles não tinham muitas condições financeira, mas queria me proporcionar felicidade, pois eu era a única mulher na casa e não deixaria passar uma data importante. Eu amava eles e não seria diferente se não fizesse aquela festa. Eu me divertir bastante. O meu irmão Rodolfo também ajudou com algumas coisas. Ele com os dezoito anos já trabalhava numa lojinha onde vendia fitas cassete e jornais.

No meu aniversário, eu conheci o meu namorado, o Diogo. Ele era amigo do irmão da Vani, a minha melhor amiga. Bom ninguém tinha convidado ele, chegou de supetão. Segundo ele como não sabia o que eu gostava e nem a minha medida, me entregou um lindo urso de coelhinho. Não vou negar, assim que o vi meu coração acelerou e eu me senti estranha ao mesmo tempo. Nada parecido tinha me ocorrido. Eu nunca tinha beijado ninguém, nem tinha me apaixonado, demorei a descobri esse sentimento por ele.

A festa começou às seis e acabou às nove da noite. Poucas horas, porém me alegrei muito. Parece que o amigo do Bené, o irmão da minha amiga, retornou para sua casa bem cedo, depois da sete e meia eu não o vi mais. Fiquei um pouco triste. Depois voltei a me alegrar com a chegada do Roger e sua irmã de dezesseis anos. Roger era um colega da escola, que estava numa série a mais que a minha e também o meu antigo vizinho de onze anos. Eu o considerava uma pessoa muito próxima. E eu nem sei como aconteceu, mas aconteceu o meu primeiro beijo. No meu aniversário de quinze anos eu e Roger nos beijamos, bem ele me ensinou quando eu disse que nunca tinha feito aquilo. Foi meio vergonhoso falar, mas eu não tive outra alternativa, pois não queria passar uma má impressão.

— Tem certeza que devo continuar? — pergunto olhando da minha irmã para os meninos a nossa frente.

— Claro, se não quiser eu continuo — Lana diz com as mãos estendidas.

Eu entrego para ela sem reclamar, aquelas palavras escritas no livro está me deixando envergonhada por causa dos garotos. Eu lendo somente para mim, seria melhor.

— Parou aqui? — questiona com o dedo indicador em cima e eu confirmo com um balançar de cabeça.

Alana continua a contar a história. Após a festa, mesmo sendo poucos amigos que tinha ido a festa a nossa mãe tinha conseguido bastante presente. Ela disse que quase não conseguiu dormir a noite se perguntando se seu primeiro beijo foi bom ou não. Amanda não estava falando de si, pois tinha gostado, estranho, mas foi bom, o que ela queria saber era se o Roger tinha gostado também.

Ela pensou em perguntá-lo e dispersou o pensamento no mesmo instante, seria mais constrangedor. O tanto que conhecia o Roger já era o suficiente para saber que iria fazer gracinhas pelo resto da vida a respeito disso, então preferiu não perguntar nada. Ela também não parou de pensar no Diogo, e queria muito vê-lo outra vez.

A nossa mãe escreveu algumas coisas, somente as mais importantes. Se aconteceu algo engraçado no seu colégio, anotou ou um dia festivo e diferente. E como ela desejou aconteceu. O Diogo apareceu novamente ao lado do amigo, numa festinha do colégio. O seu coração acelerou outra vez e ficou feliz em vê-lo, foi nesse dia que conheceu ele melhor, mas não namoraram. Minha mãe disse que beijou ele no ano seguinte e não demorou um mês eles estavam namorando.

Alana ler até as partes que eu diria muito íntima, quando Amanda relatava seus passeios pela praça com o Diogo. As horas estão passando depressa e dentro de alguns minutos vai anoitecer. Eu iria comentar a respeito, para deixar o restante para ler amanhã, mas tem um relato que me chama atenção. Onde nossa mãe começa falar da atual namorada do irmão.

Finalmente hoje vou conhecer a nova namorada do Rodolfo, ele só fala dela e eu ainda não a conheci. Espero muito que seja legal como Márcia, a garota que ele namorava quando tinha dezesseis. Depois de três anos, o meu irmão voltou a ter outra namorada, achei ótimo, pois o mesmo estava só vivendo de galho em galho e nunca arrumava uma certa. Ele disse que primeiro iria me apresentar e depois ao nossos pais. Marcamos um café da tarde, no sábado.

Quando chegamos, aguardamos sua namorada, a Isadora. Ela chegou com uma blusa curta e um short na altura da cintura até a metade das cochas. Uma linda mulher, eu fiquei encantada por ela. Me parecia ser legal ao abri o sorriso. E eu não estava errada, Isa era muito legal e faladeira, ao contrario de mim, uma garota muito tímida. Ela é mais velha que eu três anos, ou seja, tem a mesma idade do Rodolfo.

Conversamos tanto, que deixou meu irmão enciumado, alegando que iria perder a namorada para mim. E nessa hora não consegui segurar a minha língua e falei que estava namorando. Dofim, como muitas pessoas o chamavam, ficou irritado com a revelação e queria muito saber quem era o tal, mas eu não contei. Eu sabia que iria brigar com Diogo e iria pedir para não seguir com o relacionamento. Rodolfo queria ter mais posse em mim, do que meus pais. Aquilo me deixava bastante irritada.

Eu saí da pequena lanchonete me despedindo da Isa, com raiva do tom grosseiro de Dofim. Só que ele me seguiu. Largou a namorada para me segui. Somente para ficar o tempo todo falando besteiras no ouvido. E para piorar a situação, contou tudo a mamãe e o papai que eu estava namorando. Eles não brigaram comigo, disse apenas para trazer ele em casa e conversar com eles. Passei a noite xingando meu irmão em pensamento e decidi deixar de conversar com ele.

Eu não estava preparada para Diogo vir em casa, mesmo que ele já tinha vindo uma vez. O Diogo me parecia ser de uma família com mais condições do que a minha. E aquilo poderia me deixar envergonhada, se os meus pais, pedisse para os dele vier nos fazer uma visita. De uma coisa eu tinha certeza, meus pais não iria cansar de me pedir para trazer o meu namorado em casa.

— Galera, vocês já perceberam que está anoitecendo? — Nassur interrompe minha irmã.

— Caramba! É verdade! — Thiago diz ao se levantar e abri a cortina da janela. — Nós temos que ir Alice.

— Não antes de Alana — falo e vejo-a arrancar um pedaço da ultima página e fazer como marcador.

— Então vamos! — faz uma careta e coloca o diário em cima da mesa central.

— Como saber, se você não vai voltar aqui e ler? Está com a chave — digo quando ela começa a trancar a porta da frente.

— Dou a minha palavra que não venho aqui sem você — determina seriamente me olhando. — Infelizmente, amanhã é sexta e eu prometi a minha mãe que iria fazer umas compras com ela. E no final de semana, ela disse que nos levaria à casa de alguns conhecidos dela — finaliza passando pelo portão.

— Ok, segunda-feira, está certo? — pergunto e minha irmã responde com um aceno de cabeça. — Até lá. Te desejo um bom final de semana — abraço-a, apesar da nossa discussão, eu a amo e estou feliz em vê-la.

— Igualmente à você. E não esquece que nos deve uma visita — relembra colocando as duas mãos em meus ombros. — E você também Thiago — olha para ele erguendo uma sobrancelha.

— Minha mãe também está querendo te conhecer — Thi avisa aproximando de nós.

Despeço dela outra vez e do Nassur, depois vou em direção ao carro do meu namorado. Foi um dia e tanto. Tantas coisas que vi e conheci, depois de alguns anos. O mais importante é esse diário, vou saber um pouco da vida da minha mãe.

O que vocês acharam do início desse diário? Deixe sua opinião!

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now