12 - II

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Ontem foi um dia diferente na casa da Maria, bem melhor. Depois que a Mariana saiu para o colégio eu não me senti tediosa. O ar agora não fica pesado quando fico no mesmo ambiente que o Fernando. Ouso a dizer que voltamos a ser bons amigos.

Hoje resolvi fazer uma torta simples de frango. Eu amo cozinhar, essa era a parte que mais gostava na casa da minha tia.

— Essa torta está com a cara péssima, será que você é boa cozinheira mesmo? — Fernando pergunta afastando do fogão me lançando um olhar de dúvida.

— Lógico! Deve ser o seus olhos que não enxergam bem. Eu preparo comida desde meus oito anos, sou ótima cozinheira — digo terminando de lavar os talheres.

Mesmo que alguns dias tia Isadora e Fátima reclamavam da minha refeição, eu não acreditava no que elas falavam, sabia que era só provocações.

— Ela está igual a sua cara — apontando para o fogão Nando começa a sorri.

— Então está linda — comento convencida.

— Oh dó. Você já se olhou no espelho? O seu rosto é horrível — senta numa cadeira observando a minha expressão.

Deixo escapar um sorriso sentando na sua frente do outro lado da mesa.

— Não foi isso que você me disse.

Ele faz uma careta e balança a cabeça em negação. Sorrio vitoriosa. Deixei-o sem palavras.

Depois de alguns minutos retiro a torta. Quando a Mari termina de aprontar ela senta na mesa conosco.

— Hmmm, muito bom! — Maria diz e a sua filha confirma.

Sorrio em agradecimento.

— Está horrível! Como eu imaginei — Fernando completa ainda de boca cheia.

Faço careta pois sei que está mentindo. Dá para perceber pelo jeito que ele come, bem depressa.

— Fernando limpa o seu queixo — falo olhando para o mesmo.

— O quê? — pergunta passando a mão no local.

— A baba está escorrendo. — Quase não consigo falar por ao mesmo tempo sorri.

— Sem graça — tenta segurar o sorriso mas é em vão.

Maria e Mariana gargalham sem parar, aí não tem como ficar sem sorri também. Com certeza se alguém tivesse mastigando teria que jogar para fora ou engasgaria.

Depois da crise de risos terminamos de lanchar em silêncio. 

— Precisamos ir já Fernando — Mari fala ao retornar do banheiro.

— Mas eu nunca terminei de comer — protesta de boca cheia.

— Engraçado, disse que está ruim e quer comer o terceiro pedaço? — Mariana pergunta sorrindo.

— Isso é inveja porque não tem o dom — cruzo os braços.

— Eu tenho o dim — erguendo-se da cadeira sorri e pisca para mim.

Bufo e reviro os olhos.

— Vá logo levar a Mari idiota — adverto.

Alguns minutos depois que Fernando leva a Mariana, corro para o banheiro. Não é para ele não me pegar novamente de toalha, e sim, para quando o mesmo chegar o banheiro estiver liberado.

Ontem eu decidi levar a minha roupa e vestir lá mesmo. Eu não quero ficar me exibindo, até porque Nando não corresponde bem a nossa a amizade e a partir de hoje será assim.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now