1 - II

259 71 368
                                    

Andamos até chegar numa estrada onde tinha um carro estacionado. Quando chegamos perto de uma Hilux preta, a minha boca estava seca e sem pensar a frase saiu da minha boca:

— Estou com sede.

Ele me entregou a tampa da garrafa e colocou a água. Só depois eu me arrependi por ter pedido, talvez a água poderia estar envenenada ou algo do tipo. Mas por que ele teria água envenenada no carro?
Essa água deve ser apenas para ele beber. Fico alguns segundos ainda indecisa, mas o que vou dizer se devolver? Eu não quero sua água ela pode estar envenenada. Argh! Sou tão idiota. Se eu não quero beber para quê pedi então? Ok, estou com sede, se estou com sede tenho que beber. Enquanto eu discutia mentalmente comigo, o cara na minha frente esperava calmamente. Revirei a água na minha boca e senti o líquido passar na minha garganta seca.
Bebi três vezes consecutivas a tampa cheia de água e esperei o veneno fazer efeito.

— Vamos? — chamou me tirando dos pensamentos.

— Para onde você irá me levar?
Questinei.

Eu não conhecia aquele cara não podia me arriscar, a qualquer momento poderia sentir a minha visão escurecer e ficar tonta, se a água realmente tivesse com veneno.

— Para minha casa.— Disse tranquilo, o que me fez suspeitar um pouco mais.

— De jeito nenhum! —Rebati me afastando sem olhar para ele.

A minha tia sempre me deixou claro, para não passear em casa de algum estranho mesmo eles parecendo bons demais. Não que eu me importaria com ela.

— Então vou te dar uma carona e levar para a casa de algum parente seu. Talvez eu conheça, as pessoas aqui conhece um ao outro. — Me desesperei com suas palavras, afinal eu não conhecia ninguém e nem o lugar.

Os meus olhos encheram de lágrimas mas eu não deixei elas escorrerem. Não queria parecer uma boba na frente de alguém que nem conheço.

— Eu não tenho nenhum parente aqui. Eu nem conheço este lugar.

Ele leva alguns segundos para processar o que eu acabei de revelar.

— E por que você está aqui? Como você veio parar aqui? De onde você é?

Ai não. Eu não vou responder essas perguntas, mesmo que isso me custe alguma coisa, como por exemplo, ser devorada por um animal selvagem. Não quero ser levada de volta para a cidade.
Percebendo que não iria responder ele muda o foco da conversa.

—  Qual seu nome mesmo? — uma pergunta simples não preciso recusar a responder.

— Alice. — Quase menti o meu nome, mas seria uma grande bobagem não falar a verdade. — E você, como chama?

— Thiago. — Disse simpático. Ou ele finge muito bem ser simpático ou verdadeiramente é. Após alguns minutos volta a falar: — E agora o que vamos fazer? Você não quer ir comigo. Vou simplesmente te deixar aqui? — perguntou com preocupação.

Hã? Parece que eu mal conheço alguém e já está preocupando comigo. Não sei se isso parece ótimo, ou se devo sair correndo.

E agora, o que vou fazer?

— Não vai dizer nada?

Ah! Ele esperava por uma resposta. O que vou dizer?

— Não sei o que dizer.
Sussurro.

Agora estou percebendo o quanto foi uma péssima ideia fugir de casa. Mas também não tinha como ficar lá, estava bem na hora de tomar uma iniciativa, pois a mesma me causava desgosto.
O corte na minha perna latejou de dor, me fazendo voltar a realidade. Coloco a minha mão na coxa e faço uma careta.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now