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— A Rose é muito linda! A beleza é de família, não é Alice? — Renato comenta mais uma vez antes de colocar uma garfada na boca.

— Você já disse isso umas mil vezes, você não cansa? — pergunto ríspida.

Desde o momento em que minha prima saiu ele não parou de falar sobre a beleza de nós. E isso me irrita bastante, parece que sou surda.

Ele solta gargalhadas depois de engolir a comida. Thiago bufa, olho para ele e o mesmo está encarando o garfo a caminho de sua boca.

— Falar da beleza das mulheres não me cansa. — Renato diz tentando evitar o riso.

Não digo nada. Observo os outros na mesa; as meninas comem, Marta e Marcelo trocam olhares.
Volto a comer em silêncio. Com dificuldades eu  consigo comer um pouco da comida. Está deliciosa, mas a falta de um familiar por perto me faz repudiar.

Deixo a sala de jantar e sigo direto para o quarto. O lugar onde passo a maior parte do tempo. Fecho a porta e a tranco. Encosto nela, sento no chão e choro copiosamente.
Mesmo não lembrando dos meus pais sinto bastante falta deles. Eu queria poder ter eles por perto para me consolar, me abraçar. Eu queria sentir o amor deles. Durante toda minha vida, o único amor mais próximo foi da minha prima Rose. A Isadora me desprezou sempre e a sua filha também.
Agora estou só mais uma vez. A minha prima se foi e não sei quando irá voltar.

As únicas pessoas que podem gostar de mim nessa casa é Thiago e Cleonice. Isso é uma coisa que não posso afirmar, não conheço o coração de ninguém.

Ouço batidas leve na porta, continuo sentada, não estou nem aí para quem estar do outro lado.

— Alice? Está tudo bem?

Não respondo a pergunta de Thiago. Ele tenta abrir a porta. Depois força mais uma vez, na tentativa de abrir, mas é em vão.

— Vamos conversar. — Diz calmo.

Levanto do chão e fico em pé perto da porta.

— Eu não quero conversar. Quero ficar sozinha.

Thiago fica em silêncio por alguns tempos, em seguida ouço passos se afastar da porta.

Acordo com o rosto inchado. Ontem dormi chorando. A minha cabeça doí. Um barulho do lado oposto do meu quarto irrita os meus ouvidos.
Vou até o banheiro e tomo um banho demorado.
Coloco um vestido cinza folgado acima dos joelhos e verifico as horas no meu smartphone.

                                     [8:39]

Com certeza todos já tomaram o café da manhã.

Desço as escadas. Na sala as meninas Assistem TV e conversam.

— Bom dia! — cumprimento e as duas me olham.

— Bom dia. — Elas responderam em uníssono.

Fico surpresa com a Laissa, ela nunca respondeu um cumprimento meu. Até a irmã pareceu estar surpresa.

A sala de jantar está fazia como eu previa. Como eu não quero comer sozinha, ando até a cozinha para ter a companhia das criadas.

Sento numa cadeira próxima à bancada, conversando com a Fabiana:

— Cadê as outras? — pergunto me ajeitando na cadeira.

— Márcia está limpando a parte de cima da casa e Cris limpando o porão.

Concordo lembrando do barulho que ouvi quando levantei. O aspirador de pó.
Termino de comer apressadamente e desço para o porão ajudar a Cris.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now