14 - II

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— Só um momento, acho que é urgente, preciso atender — falo olhando para Thiago, depois da segunda ligação de Rose.

Ele confirma e continua tomando o café da manhã com a família. Eu não queria atender, mas se Rose insiste mais uma vez é porque a coisa deve ser séria.

— Alô!? — digo levantando da cadeira para ficar em um lugar mais afastado da mesa.

— Alice, finalmente — Rose diz com a voz embargada.

Isso só confirma a minha suspeita, mas parece que a coisa é mais séria do que eu imaginava. Ela está chorando.

— Rose? O que houve? Por que está chorando!? — pergunto desesperada.

Será que alguém espancou ela? Ou melhor, tia Isadora? Acho que não. Minha tia não seria ruim ao ponto de espancar a própria filha. E se fosse isso, talvez ela quisesse um abrigo para morar e quer morar na fazenda do pai do Thiago.

— Ai, eu nem sei como te contar — diz desabando no choro, eu mal entendo o que fala.

— Rose, respira e me conta. Você está me deixando preocupada! — passo a mão no cabelo andando de um lado para o outro.

O que aconteceu para minha prima não saber como contar? O que de tão grave aconteceu?
A família de Thiago estão todos de olhos em mim. A Rose fica aos prantos do outro lado sem consegui me falar e eu espero a mesma se acalmar um pouco.

— É que. Aconteceu. Um acidente com, o papai — ela mais chora e soluça do que fala.

— Meu Deus! Mas é grave!? Tem chance dele sobreviver? — arregalo os olhos com a voz aguda.

Sinto a minha garganta travar na hora.

— Deixa de ser boba e fala logo para ela! Nós somos filhas e não fomos poupadas, por que ela tem que ser? — ouço a voz de choro da Fátima bem próximo.

Fico calada tentando absorver tudo o que foi falado. Como assim poupar? Tem algo que Rose não disse? E o que aconteceu meu Deus?
Sinto os meus olhos encherem de lágrimas e minhas pernas começam a tremer.

— Rose, o que você está escondendo? Fala logo! E não venha me dizer que não é nada porque tem sim!

Estou bastante preocupada com as palavras de Fátima, mesmo não aceitando espero pela pior notícia.

— Lice, infelizmente não tem chance dele sobreviver — fala chorando desesperadamente, depois de uma pausa continua: — O papai não. Ele está morto. Bandidos mataram ele.

Assim que ela termina eu desespero, essas frases foram como uma facada perfurando o meu peito, mesmo já esperando.

— Nãão!!! Não é verdade! Não é! — grito sentando no chão.

No mesmo instante Thiago sempre preocupado, corre até mim:

— O que houve!? — pergunta passando a mão em meu rosto.

— Não, ele não morreu! É mentira! Ele não.

Deixo o celular cair me sentindo sem forças, antes dele cair no chão Thiago pega-o.

— O que aconteceu Rose? — Thiago pergunta levando o celular à orelha. — Nossa! — ele continua respondendo, enquanto eu desabo no choro. — Ela está arrasada… Tá bom… Meus pêsames a todos — finaliza desligando o celular.

Depois de contar à família tudo o que aconteceu, sobre a terrível tragédia, ele caminha até mim e me ajuda a levantar, levando ao quarto de hóspedes para descansar um pouco.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now