7 - IV

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Todos estão na mesa quando chegamos.
Fico um pouco incomodada com o que eles pensam ao ver nós chegando juntos.
Sentamos um ao lado do outro.
Márcia nos serve. Ela sorri amigável para mim, enquanto me serve o prato.

— Eu chamei você da porta do quarto, e você não escutou Alice.

Deixo o cheiro saboroso da abóbora entrar pelas minhas narinas.
Sinto minha pulsação acelerar enquanto penso no que responder.

— Ah!... — Começo a falar.

— Ela não estava no quarto dela, estava no quarto de Thiago. — Renato me interrompe com olhos em mim.

Ele deixa-me com mais vergonha do que eu imaginei sentir quando falasse que estaria no quarto de Thiago.

— O quarto não é dela Renato! Corrija as suas palavras. — Laissa diz ríspida.

— Renato, eu estava apenas assistindo filme com Thiago.

Ele dá um sorriso malicioso em resposta.

— Ninguém aqui, quer saber o que você estava fazendo no quarto dele garota. — Laissa diz olhando para o prato.

— Laissa! Não fala assim com a Alice! Você tem modos garota! Nós não te damos esse tipo de educação. Comporta-se! — Marcelo falo baixo, porém com voz de autoridade.

Ela levanta o olhar me fuzilando, mas não me sinto intimidada.
Ela nunca me olha, e quando faz isso é para me temer. Sou uma pessoa forte suficiente para me deixar levar por qualquer coisa. Olho para ela da mesma forma, com olhar sério, não demonstrando medo.

— Alice, é verdade, eu não disse o que você fazia lá, apenas que você estava no quarto de Thiago. O que há de errado? — Renato questiona.

Quero responder, mas antes de processar as palavras, Marcelo responde antes:

— O que a Alice fez ou não fez no quarto, não é da conta de ninguém, está bem?

As palavra dele deixam todos em silêncio. Só ouço o barulho dos talheres. O meu rosto fica roxo de vergonha, por causa das palavras do pai de Thiago.

Ele pensa que eu e Thiago estávamos fazendo...
Ou apenas quis dizer.
Eu não tem o dom de ver pensamentos de ninguém.

Laissa é a primeira a sair da mesa. Ela comeu pouco da comida.
Talvez a raiva não deixa ela comer, é o que eu penso.
Depois segue assim: Marta, Marcelo, Renato e Cléo.
Thiago termina, mas permanece na cozinha apenas para conversar comigo.

— Não precisa ficar com vergonha, ele não quis dizer aquilo. Quer dizer, ele não pensou que nós fizemos. — Ele diz tocando o meu ombro.

Ao invés de eu me sentir calma, eu irrito:

— Por acaso você leu a mente dele? Você tem dom? — Disparo as palavras.

— Não Alice. É. Bom. Deixa pra lá. Esqueça o que eu disse. — Ele se atrapalha na hora de falar.

Levanto da cadeira imediatamente. Não quero discutir com ele, ou descontar minha raiva nele.
Logo vejo Fabiana aproximar para recolher os pratos.

— O almoço estava uma maravilha. Vocês sempre mandam bem. Parabéns!

Ela sorri em resposta.

— Obrigada!

Saio depressa, ouço passos logo atrás de mim.
Thiago me seguindo.
Na sala de estar estão todos, exceto Laissa.
Subo as escadas indo direto para o quarto onde eu durmo.

— Eu quero ficar sozinha. — Falo percebendo a presença de Thiago no quarto.

— Alice! Por que você está agindo dessa forma? Porque…

A voz dele soa triste. Fico com pena.
Ele não tem culpa da mnha raiva. Eu não devo agir de maneira estupida com Thiago, por estar com raiva de outra pessoa.

Eu devo agir assim com a Laissa, penso.

Olho para Thiago e vejo o seu olhar triste.
Vou até ele sem desviar daquele belo pares de olhos. Mesmo estando triste, o verde dos olhos dele não perde o brilho.

— Desculpa. Eu não sei o que deu em mim, para ter gritado com você.

Ele passa as mãos nos meus cabelos amarrado em um coque de um forma carinhosa. Por um momento penso estar sonhando, nunca me sentir tão bem.

— Não precisa se desculpar. Eu te entendo, você estava com raiva.

Ele coloca as mãos nas as minhas costas e me abraça. Enlaço meus braços no seu corpo musculoso também.

— Mas eu não deveria ter agido daquela forma. — Digo desfazendo o abraço.

Thiago beija o topo da minha cabeça.

— Vamos sentar um pouco na sacada. Está um pouco quente aqui.

Assinto e ele me leva para a sacada segurando minha mão.

Quando vejo Laissa solto sua mão no instante, para que ela não veja.
Mas ela já nos olhava, faz um cara de nojo e sinal de ânsia de vômito com os olhos diretamente para mim.

— Será que não tenho paz em nenhum lugar dessa casa! — fala alto e Thiago sorri.

Um sorriso de deboche.

— Aqui é público para os donos ou hóspede da casa. — Responde.

Ela revira os olhos.

— Aff! E não daria para vocês irem para outro lugar, tipo, debaixo do pé de manga?

Thiago sorri novamente.

— Está incomodada? — ele pergunta mas não obteve respostas. —  Se estiver é só sair. Lembra do ditado? " Os incomodados é que se mude!"

Quando Thiago termina a frase ela sai bufando de raiva, entrando em seu quarto.
Ele gargalha alto para que ela pudesse escutar.
Dou um soco de leve em seu braço.

— Para Thiago. Não precisava ter falado com ela desse jeito.

Thiago reprova meu comentário sacudindo a cabeça.

— Às vezes você precisa dizer verdades para pessoas caretas.

Fico em silêncio sentido o vento soprar em meu rosto.

— Alice?

Thiago me chama me tirando do momento prazeroso de sentir o vento soprar quando estar calor.

— Por que você soltou a minha mão quando viu a Laissa? — finalizou.

Humm! Ele percebeu.
Penso em um boa resposta. Demoro mais do que eu quero.

— Nós não somos namorados para andar de mãos dadas.

Digo rápido na tentativa de Thiago não ouvir, mas ele escuta muito bem.

— E você quer ser?

Sorrio nevorsa. Sinto o meu rosto queimar e o meu coração falhar. Eu não esperava por essa pergunta.

— Não. — Digo.

Ele franze a testa confuso.

— Quero dizer, ainda é cedo para pensar nisso.

Ao terminar a frase, vejo alívio em seu rosto. Ele coloca uma expressão normal e solta a respiração que estava presa. Parece que ele estava com uma garga pesada e não conseguia respirar, e só após desfazê-la voltou a normalizar.
Algo me diz que ele quer namorar comigo. Não sei porquê ele ainda não me pediu em namoro. Agora é que ele não vai mesmo, depois de ouvir minhas palavras. Oh Alice, por que você foi falar isso?

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Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now