Seguimos em silêncio em direção a saída do cemitério. Dou mais uma olhada para trás, onde a minha tia chora copiosamente junto às duas filhas, fico com pena dela. Mesmo que me fez sofrer tanto, ela amava o marido e não deve ser fácil. Ao passar em frente a uma árvore, ouço uma voz feminina me gritando:
— Alice!? Alice!?
Olho para trás e vejo a loira caminhando apressada em minha direção. Seus cabelos poucos centímetros abaixo do ombro balançam no ar.
— Eu te conheço? — é a primeira pergunta que sai da minha boca.
— Você não me conhece? — devolve a pergunta franzindo o cenho.
Analiso ela de perto. Com macacão preto e tênis da mesma cor. Seus olhos castanhos escuro iguais aos meus.
— Não. Não pode ser. Isso é mentira — balanço a cabeça sorrindo ao constatar quem é ela de fato.
— Sim. Eu sou Alana. Sua irmã — responde também sorrindo.
Antes mesmo dela fechar a boca, vou até a mesma e abraço.
— Ai meu Deus! Eu não acredito! É você! Você está viva! — grito de felicidade.
Algumas pessoas ao nosso redor viram-se para nós. Curiosos e ao mesmo tempo repugnados com o meu escândalo. Com certeza estes não sabem o que é ficar anos longe de um irmão, ou qualquer parente muito próximo. E ainda vê-la viva e bem cuidada é motivo para se alegrar.
— O que Isadora disse a você? — questiona desfazendo o abraço com a testa franzida.
— Ela disse a verdade, que te deu para adoção. Mas são tantos anos, pensei que você tinha morrido.
Alana faz um sinal positivo e direciona o olhar para a tia, que está vindo em nossa direção com o semblante nada agradável.
— E quem é ele? — aponta a cabeça para Thiago.
Por um momento eu tinha esquecido que ele estava ao meu lado. Com a chegada de Lana me fez esquecer de tudo, até do meu tio.
— É meu namorado, Thiago — falo sorrindo.
— Legal. Muito prazer — sorri sem mostrar os dentes.
— O prazer é meu.
— Quem é vivo sempre aparece, não é verdade? — Isadora atropela Thiago, assim que se aproxima de nós, com indiferença.
Alana vira-se para a mesma e cruza os braços.
— Olá Isadora. Não me impressiona que não está feliz com a minha chegada. Não mudou nada! — minha irmã faz o mesmo, olhando dos pés a cabeça.
— Que bom que é inteligente. Assim eu poupo a saliva. Eu nem sei o que você está fazendo aqui — Tia Isadora continua com as mãos atrás da costas.
— Eu não te devo satisfação, mas vou falar. Eu estou aqui por causa de Alice e tio Rodolfo — aponta para mim e depois para a cova.
Eu e Thiago entreolhamos, já prevendo a confusão que ocorrerá. Conheço bem a minha tia, quando começa quer terminar e minha irmã não parece uma mulher que afasta fácil das provocações.
— Você não é bem vinda. Será que colocar você na adoção não foi suficiente, Alana? — Isadora esbraveja.
Rose e Fátima aproximam confusas, com o quê de interrogação pelas duas estarem discutindo no enterro do pai.
— Vocês duas parem com isso! — repreendo-as. — Esse lugar não é apropriado para discussão.
— Cala a sua boca, ainda não chegou no chiqueiro! — Isadora olha feio para mim.
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Sem Direção (Concluido)
Teen FictionEm busca de uma vida melhor e para esquecer os seus problemas, Alice Dantas foge de sua casa. Sem muitas escolhas ela percorre sem rumo por um caminho desconhecido. Ao se ver perdida numa mata, pensando ser o seu fim, um desconhecido salva a sua vid...