4 - III

71 22 21
                                    

Na primeira segunda de agosto as irmãs de Thiago foram estudar. Elas estudam a noite, e o ônibus vem buscar as pessoas do povoado cinco e meia. Meia hora antes do transporte vir, Thiago leva as irmãs até o ponto do ônibus. Cléo me explicou que a noite ele também pegam elas.

Depois do jantar, assisto TV no quarto. Procuro por algum canal legal. Não encontrando tento dormir.
Um vento forte sopra lá fora.
Penso na amizade que estou desenvolvendo com Cléo em tão pouco tempo. A Laissa é diferente. Nem parecem ser irmãs.
Sempre quis ter uma amiga para compartilhar os meus segredos. A minha prima Rose conversava bastante comigo, mas a sua mãe sempre reclamava.

Levanto sete horas. Tomo banho, apronto a cama e desço até a sala de estar.
Cristina limpa o chão cantando baixinho, a sua alegria é percebível. Ela cala ao me ver e sorri.

— O café da manhã já está pronto, querida. — Ela diz simpática.

Assinto e sigo em direção até a sala de jantar.
Os pais de Thiago e o irmão dele estão sentado ao redor da mesa. Eles comem em silêncio sem esperar os outros. Paro, com receio de atrapalhar a família, pois eles não esperaram por mim.

— Oi Alice. Vem tomar café. — Marta fala sorrindo.

Não dá para saber se o sorriso é falsidade ou gentileza.

— Faz horas que você está ai? — Ela pergunta quando eu sento.

— Não. — Sorrio. — Cadê os outros?

— Eles estão dormindo. As aulas voltaram. Eles só acordam depois das oito. Thiago foi pegar as meninas no ponto de ônibus, por isso ele vai levantar tarde também.

Sacudo a cabeça afirmando.
Pego um pão integral e passo manteiga, na segunda vez que passo fico paralisada ao ver Thiago. O cabelo todo bagunçado, deixando ele de um jeito diferente, mais atraente.

— Bom dia! — ele fala e todos respondem.

Os pais dele se retira da mesa, concluindo o café.

— Já estou quase atrasada, o reforço para os meninos começam as oito. — Marta fala passando na porta.

Volto a passar a manteiga no pão.

— Vou ajudar o meu pai e deixar os pombinhos a sós. — Renato diz dando uma piscadinha para mim, me deixando desconfortável.

— Não liga para as provocações do meu irmão.

— Thiago? — chamo, ele retira o olhar da panqueca. — Não tem nada que eu possa fazer aqui. — Ele fica sem entender. — Trabalho?

Ele solta o garfo e a faca, um tanto revoltado.

— Alice, nós já conversamos sobre isso, não precisa se preocupar.

— Mas antes eu trabalhava. É ruim ficar sem fazer nada. — Reclamo.

— Bom dia! — Cléo entra gritando na sala de jantar, a sua irmã vem logo atrás.

— Bom dia! — Respondemos em uníssono.

Elas sentam do outro lado. Thiago levanta e vai até as irmãs e dá um beijo na testa de cada uma.

— Estou indo trabalhar. Tchau.

Ele vem até mim e beija minha testa. Laissa me lança um olhar de puro ódio.

— Nós conversamos sobre isso mais tarde. — Diz me olhando sério.

Apenas confirmo com a cabeça.

— Também vou me retirar. Tchau meninas.

Somente Cléo responde.

— Já vai tarde. — Laissa protesta.

— Lai! — Cléo chama a sua atenção.

Ela dá de ombros e responde:

— Só falei o óbvio.

Saio depressa. Não suporto os ataques da Laissa. Mas eu não posso culpar ela, talvez eu agiria da mesma forma se uma desconhecida aparecesse na minha casa.
Passo o restante do tempo lendo a coleção de livro, que eu comprei. Achei que algum dia nunca iria lê-los. Já terminei um, agora estou no segundo. O terceiro ficara na casa da minha tia.

No horário do almoço eu me sinto tranquila, na mesa ninguém dirige a palavra a mim. Quando todos terminam, vão para sala. Somente Marta que vai para o quarto aprontar para dar aula. Thiago é o último a sair da mesa.
Aproveito a oportunidade para perguntar:

— Você não me disse onde nós terminaremos a conversa de hoje.

Ele me olha por um tempo.

— No meu quarto. Depois das oito.

— Ok. — Respondo.

Passo na sala e sigo para o quarto. Não quero ficar junto com a família dele.
Respiro fundo por não encontrar ninguém no quarto, mas isso não dura por muito tempo.
Laissa sai do closet com aquele sorriso cínico.

— As suas roupas são cafonas hein! Vê se compra roupa de verdade garota. Parece roupas de bazar, roupas de pobres, aff!

Ela diz e sai fazendo cara de nojo.
Essa menina é muito irritante. Eu não vou suportar, eu ainda irei deixar seu rosto com hematomas.

Não esqueça de votar. O seu voto é muito importante e eu preciso saber quem está lendo o meu livro. Clica na estrelinha por favor.

Sem Direção (Concluido)Where stories live. Discover now