QUATRO

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Contém Gatilho.

RUEL

Eu estava sentado sozinho no sofá da casa da minha avó, enquanto Ralph e seu irmão conversavam sobre seus assuntos sérios na área externa da casa, fora do cômodo. Já Kate, minha mãe, estava no jardim com a esposa do meu tio e minha progenitora.

Clary, mãe do meu pai, nos convidou para virmos almoçar em família hoje, alegando que nunca mais viemos nesses almoços, e ela estava certa. Como os trabalhos do Ralph aumentaram, ele acabou esquecendo muitas coisas, e inclusive, almoçar com a família Evans era uma delas. Isso está fazendo com que o velho fique mais estressado que o normal.

Ontem, quando acabei de acordar, o Ralph já estava estressado. O capanga do Benjamin abriu a boca, e falou que ele fazia apenas o que o seu chefe mandava. E o seu último ato feito foi sequestrar uma garota para chantagear o pai, o qual estava devendo uma boa grama pro Orlando, e quem acabou sofrendo fui eu, como de costume.

Como meu pai já estava furioso, decidi deixá-lo ainda mais. Quando o velho perguntou sobre como estava o meu envolvimento com a Lore e as informações que eu deveria descobrir, apenas respondi estar na mesma, e que não havia avançado nada. Ele enlouqueceu. Me deu dois socos extremamente fortes, e para a minha sorte, não ficou marcado, mas um corte pequeno apareceu acima da maçã do meu rosto. Ralph sempre descontou suas frustrações em mim, e admito ter um certo receio e medo. Na verdade, seu semblante sombrio, colocava medo em qualquer um. Minha mãe sempre reprovou suas ações em relação a isso, e era por isso que o velho não fazia com frequência.

E para me deixar relaxado e talvez me ajudar a lidar com tudo isso, eu me drogo. Até cheiro às vezes, mas não cocaína, e sim aspirina. Ela me deixava relaxado. Não uso muita quantidade, pois não queria acabar morto se exagerar na dose. Eu amava essa sensação, então eu não ligava muito para o que os outros pensavam ou deixam de pensar em relação a isso.

Ontem estávamos no velório do Edgar, o homem que meu pai matou após saber o queria. Eu havia ido ao banheiro usar alguma coisa. Por mais que ele merecia a morte, não aceito e não aprovo que Ralph mate pessoas, e isso também foi um dos motivos para que ele me atacasse no rosto ontem de manhã, tirando o fato dele me forçar a ir para o velório. Então, eu queria esquecer esse fato também. Fui flagrado pela Lore. Quando me virei para voltar, percebi a garota me olhando curiosa e com uma expressão confusa.

Isso me deixou irritado pra caralho.

Ela parecia surpresa, mas não assustada, talvez até esperasse algo assim de mim, mas não me importei ao vê-la me encarando. Apenas para que ela não falasse para ninguém, e a mesma respeitou isso.

Com um jeito recuado e hesitante, ela me chamou pra sair. No começo hesitei, mas como meu corpo ficou leve por conta da droga, acabei aceitando. Eu não queria ficar ali vendo meu pai pagando de coitadinho, sendo que foi ele que matou o cara que tava enterrado a sete palmos do chão.

Orlando implorou para jogarmos boliche, e imaginei que seria chato e estressante, mas quando um casal pediu para jogar conosco, até me animou um pouco. Acabamos ganhando. Minha parceira era muita boa. Fazia um strike atrás do outro, me deixando surpreso, por ter a subestimado mentalmente.

Logo depois comemos algo, já que estávamos com muita fome. Meu corpo pedia comida. O casal foi embora após se despedir. Notei que o olhar da morena queimava meu rosto. Seus olhos encaravam minhas bochechas e presumi que ela estaria olhando para o pequeno corte. Meu cabelo até escondia, mas os fios voavam quando passava um vento forte, deixando o pequeno machucado a mostra. Menti dizendo ter me envolvido em uma briga, e então ela não perguntou mais nada. Talvez percebesse que eu estava mentindo.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora