A MENTIRA

DEZENOVE

Contém Gatilho.

LORE

Suspirei, pegando a primeira roupa que avistei no closet. Uma calça preta, tecido mole e cintura baixa. Um top que era mais parecido com espartilho, era da mesma cor da calça. E por último uma bota escura. Não estava a fim de sair de casa, mas como o clima aqui estava horrível, eu não conseguiria ficar nem mais um minuto, mesmo estando sempre no quarto.

Eu e o meu pai não estávamos nos falando. Quer dizer, eu não estava falando com ele, porque se dependesse do Benjamin, não estaríamos nesse clima chato. A ideia de que ele esconde coisas de mim, me deixa puta e irritada, e para piorar a sua expressão séria enquanto palavras mentirosas saíam da sua boca, só me irritava mais ainda.

Pedi para que o Connor me levasse na casa onde seria a festa que os meninos organizaram. Não gosto de mentir para minha mãe, mas se eu falasse que iria em uma festa, ela com certeza não deixaria, ou até mandava outro segurança me vigiar. Por isso menti dizendo que iria à casa do Pierce, e meu amigo me levou até onde a festa estava rolando.

O som alto era de se esperar, assim como a fumaça que estava pelo ambiente. Anne disse o quanto estava chateada comigo, e a morena estava na sua razão. Eu não quis abrir nenhuma das minhas mensagens, então menti sobre o fato de esquecer de checar o telefone, mas logo me arrependi quando vi sua cara compreensiva. Anne é uma das minhas melhores amigas, e mesmo sabendo que ela me ajudaria com tudo isso que estou passando e reprimindo, eu não poderia colocar esse meu fardo nela.

A dona da casa se chamava Julie. Era bonita e bem amigável. Me tratou super bem. Pelo jeito que ela e o Ruel se falavam, brincavam e olhavam um pro outro, percebi que já tinha rolado alguma coisa entre eles. Talvez a Julie seja a menina com quem ele estava saindo? Então os boatos são verdadeiros?

Agora estávamos sentados na beira da piscina enquanto bebíamos as cervejas e ouvíamos a playlist que passava. A batida lenta da música me fez encarar a água parada, me deixando distraída e relaxada por um instante, o que me fez lembrar do que sentia quando eu estava ao lado do Ruel. Por que eu me sentia tão à vontade com ele?

Porém, aquele meu momento pensativo foi interrompido por um garoto aleatório que ofereceu seu moletom para mim, o que me fez estranhar. Eu não estava sentindo tanto frio.

— Verdade ou desafio. — disse Sarah, com um sorriso duvidoso no rosto. — O que acham?

— Sério? Verdade ou desafio? — perguntou Anne. — Isso é tão clichê...

— Para mim, tanto faz... — falou o menino que estava ao meu lado, sendo ele o dono do casaco que agora eu usava.

— Então todo mundo vai? — Sarah perguntou. — Ok, vou colocar a garrafa no meio e girar. — começou. — O fundo responde, tá? O limite são três verdades...

Ela se sentou no chão e girou a garrafa, fazendo parar em Anne e Julie. Anne perguntava, então a outra só esperava sua pergunta.

— Verdade ou desafio? — minha amiga perguntou.

— Verdade. — respondeu à morena que estava ao lado do Vincent.

— Como você conheceu o Ruel?

Julie encarou o garoto rindo, e o loiro só deu de ombros levando sua latinha de cerveja na boca.

— Nos conhecemos quando ele estava na casa do meu irmão. — respondeu. — Em uma festa. — ela disse por fim.

Sarah pegou a garrafa e girou novamente, parando nela e no Ruel.