A MENTIRA

QUARENTA E SEIS

Contém Gatilho.

RUEL

Meu rosto estava coberto com um tipo de pano, impedindo-me de ver qualquer coisa. Eu apenas conseguia ouvir o barulho do pneu do carro passando e pulando devido às pedras. Não tinha a mínima ideia para aonde os caras estavam nos levando.

Foi tudo muito rápido. O Carter estava dirigindo, me conduzindo para casa, já que eu levei o carro da Lore pro colégio para devolvê-lo. Paramos na loja de conveniência, pois estávamos com sede e compraríamos uma cerveja. Shawn também precisava abastecer o seu veículo. Quando estávamos entrando novamente, fomos atingidos na cabeça. Fiquei zonzo na hora, mas pude notar que o meu amigo estava sangrando no chão. Então apaguei.

Acordei com os movimentos frenéticos que o automóvel dava pela estrada. Eu estava deitado no metal. Minha visão estava totalmente escura. Corri os pés pelo cobre abaixo de mim, e suspirei aliviado ao sentir um corpo há um metro do meu. Era o Shawn.

Estávamos em um porta-mala.

Sentei e senti um cheiro forte de cigarro vindo do banco da frente. Grunhi por causa braços amarrados e balancei o Carter, já ouvindo o mesmo gemer e o barulho do seu corpo se balançar. O moreno estava assustado.

— Que porra? — ele disse. — Ruel? Cara, é você? Não consigo enxergar.

— Eu também não.

Com certeza isso era coisa do Benjamin. Depois de matar a Kate, ele pretendia me matar em seguida? Agora era a minha vez?

Seu plano é matar todos os Evans e deixar o Ralph por último?

Doente.

O carro parou me deixando alerta, então deitei novamente e esperei que a porta abrisse. Quando foi aberta, me apressei e chutei qualquer pessoa ou coisa que estava ali. Logo ouvi um gemido sofrido e um barulho de impacto no chão. Continuei com os chutes, mas minha perna foi puxada. Minhas costas forte bateram no piso grosso de concreto.

Fui levantado brutalmente e o pano foi tirado da minha cabeça. Encarei o homem em minha frente. A raiva e a ira cresceram em questões de segundos. O japonês me encarava de volta com um sorriso fodido e satisfeito nos lábios.

Depositou um soco forte no lado esquerdo do meu rosto, fazendo o local doer na hora, mas voltei a encará-lo. Riki olhou para o carro atrás de mim e acenou para um dos outros caras puxassem Shawn. Desviei minha atenção até meu amigo que estava com sangue na pele do seu pescoço.

Carter estava assustado e irritado. Me olhava com uma expressão confusa.

— Ainda está bravo devido à surra que eu dei, Nakamura? — provoquei e recebi outro soco no lado oposto. — Filho da puta...

Ele levou um cigarro na boca e começou a tragar o mesmo, soltando a fumaça no meu rosto em seguida.

— O que você quer conosco? — meu amigo perguntou. O japonês olhou sem interesse para ele e deu de ombros.

— Com você? Nada! — respondeu. — O nosso alvo era o Ruel, mas como você estava na cola e não tínhamos que deixar rastros, tivemos que trazê-lo também.

— Baboseira! — Carter debochou. — Seja homem e enfrente o Vincent como um.

— Eu até que queria, sabe... — Riki começou chutando minha barriga e caí de joelhos. — Mas infelizmente não posso desamarrá-lo. — continuou. — Porém, não estou proibido de bater nele enquanto estivermos aqui.

Olhei pro lado e franzi a testa ao notar uma casa velha. Estava caindo aos pedaços. O branco estava desbotado. As árvores grandes e os matos médios rodeavam o local. Não tinha vizinhos. Com certeza eles me matariam. Olhei para o Carter atrás de mim.