TRINTA

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RUEL

Assim que desliguei a câmera do escritório do Benjamin e do corredor que levava até ele, eu caminhei. Lore fez um ótimo trabalho em tirar os seguranças da sala, mas tô curioso em saber como ela fez isso. A garota disse que ela faria do jeito dela, e admito que isso me deixou excitado. A sua certeza e postura forte. Orlando era cheia de surpresas.

Com a chave que a garota me deu, coloquei na fechadura, girei o objeto, abrindo a porta e passando pela por ela. Corri os olhos pelo local enorme, indo em direção para sua mesa. Abri as gavetas, tirando os papéis de lá e jogando no mesmo lugar quando vi serem prestações de contas e outras coisas que pertencia a sua empresa.

Andei até sua estante, pegando alguns livros e abrindo-os, na esperança de achar algo no meio deles, ou até presos nas folhas, mas logo repreendi e rolei os olhos. O Benjamin não seria burro o suficiente para deixar qualquer coisa aqui.

Abri mais uma gaveta assim que voltei para a sua mesa, tirando um envelope preto e olhando o papel dentro. Era um exame de DNA. Franzi a testa ao olhar o nome da Lore.

Que porra era essa?

Tirei a folha branca, analisando-a logo em seguida. O resultado era negativo. O nome do Benjamin estava no papel também.

O que isso significava? Benjamin não era pai biológico da Lore?

Minhas mãos começaram a suar e garganta secar. Eu estava chocado. Engoli seco ainda encarando a folha em minha frente, mas logo molhei os lábios e tirei foto o exame. Como ele escondeu isso por muito tempo?

E a Carla? O que ela achava disso? Esconder isso era uma coisa horrível, e ela, como mãe, não deveria aceitar. Lore precisava saber que o Benjamin não era o seu verdadeiro pai.

Que droga!

O que eu deveria fazer?

Contar isso para ela a deixaria arrasada e destruída. Saber que sua vida não era nada daquilo que era pensava. Seu pai não era o seu verdadeiro pai. Que ele e sua mãe eram envolvidos com a máfia e tudo que ela passou nos últimos meses foi culpa deles.

Benjamin era mesmo um filho da puta. Ele e o Ralph são iguais. Pessoas horríveis.

Não aguento mais mentir. Não quero mais fazer isso.

Após entregar tudo o que o Ralph precisava, eu me afastaria disso. Não planejo continuar mentindo e escondendo coisas da Lore. Ela era tão boa e foi incrível comigo ontem. Eu precisava contar o que eu fazia. Contar o que eu era. A cada dia que passa parece que eu me afundava mais e mais. Era doloroso e triste.

Guardei o envelope novamente e olhei para o notebook em cima da mesa. Antes de abri-lo, coloquei uma fita na câmera, por precaução. Agora em suas pastas, copiei todas elas sem clicar, não tinha tempo para analisar o que era importante e o que não era. Eu precisava ser rápido.

"Noah Rodriguez"

Enruguei a testa encarando esse nome estranho em uma das pastas e copiei para o meu telefone. Acho que já estava bom. Com certeza tem algo que o Ralph ache útil.

Girei a chave, saindo do escritório e voltei até a sala de segurança, que ficava do outro lado. Liguei novamente as câmeras, antes de cortar a filmagem da tela escura e saí. Olhei para trás e comecei a andar. Peguei minha carteira de cigarro e tirei um, levando até meus lábios.

Eu estava nervoso, ansioso e irritado. Irritado pra caralho.

De longe vi Orlando vindo com os seus seguranças. Ela parecia nervosa, mas quando me viu, a garota relaxou. Os caras ao seu lado tinham caixas nas mãos. Ela agradeceu e caminhou em minha frente. Eu estava tenso vendo ela se aproximar. Não aguento mais essa situação. Ela precisava saber, mas não por mim.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now