A MENTIRA

DEZESSETE

Contém Gatilho.

LORE

A semana havia passado tão rápido e já estávamos na sexta-feira. Entrei na sala, com Anne ao meu lado. Ela falava sobre uma conversa que tive na noite anterior com o Shawn, seu namorado. Eles iam jantar fora com a família de ambos. Minha amiga estava nervosa, mesmo ela já conhecendo a família do Carter, a morena estava com receio de como a sua iria reagir, então esse nervosismo a fez tagarelar a manhã inteira.

Coloquei minha bolsa em cima da mesa, franzindo a testa em seguida ao ver um bilhete branco. Abri a folha e li o que havia escrito.

"Vamos almoçar juntos hoje?"
"Olha para trás. :)"

Virei minha cabeça e vendo o loiro me encarando. Connor me olhava esperançoso enquanto esperava uma resposta positiva, então balancei a cabeça e sorri fraco, fazendo o mesmo assentir devagar.

— Então, é por isso que estou desse jeito. — disse Anne. — Estou ansiosa, Lore. Me ajuda, amiga!

— Relaxa, uh? — eu disse, voltando minha atenção para ela. — Sua família é um pouco agitada, mas tenho certeza que as duas se darão bem.

— Assim espero! Espero muito. — suspirou. — Vou ao banheiro. Vem comigo?

Assenti e peguei meu celular, guardando-o no bolso e me apoiando no braço da minha amiga. Passamos pela porta, vendo que o Shawn se aproximava com o Ruel. O loiro tinha um sorriso cansado no rosto e também piercings. Um, no canto da sua boca e outro na sobrancelha. Estava bonito e combinava com ele. Ao redor era notável uma pequena vermelhidão.

Ruel era charmoso. Acredito que tudo que ele fizesse em seu corpo, combinaria muito bem. Seu cabelo úmido estava partido no meio, como de costume. Sua língua lentamente passava pelos seus lábios, causando uma careta de dor do mesmo, e logo sua atenção foi para Anne e depois para mim.

Então engoli seco e cocei a garganta. Mesmo estando distante, parecia que a cada aparição sua, tudo ficava estranho. Intimidante, eu diria.

— Oi... — ele disse.

Pressionei os lábios um pouco hesitante, mas logo respondi.

— Oi!

— Vamos logo! O professor pode acabar chegando. — reclamou. — Te vejo daqui a pouco, amor. — piscou para o seu namorado.

As aulas se passaram, e já era a hora do almoço. Procurei pelo Connor, que já me esperava do lado de fora. Fui de encontro após me despedir das meninas, e fomos juntos até a cantina, onde compramos nosso almoço e sentamos em uma mesa qualquer.

Meu amigo estava inquieto, mais do que o normal, e isso me incomodava. Parecia precisar falar algo, mas não conseguia. Então cruzei os braços e olhei para ele, fazendo o mesmo encarar meu rosto e desviar a atenção.

— O que foi? — perguntei. — Você está me irritando com sua inquietação.

— Estou te irritando? — riu de leve. — É! Você está certa! Estou inquieto...

— Por quê? — falei. — O que aconteceu?

— Se me zoar, eu vou te matar... — avisou, com um tom sério.

— Conta logo, porra. — pedi curiosa.

Connor suspirou.

— Tenho um encontro.

Segurei a risada após vê-lo me olhando com cara feia.

— Mas o que tem isso...? — falei. — Não vai me dizer que está nervoso?