QUATORZE

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Contém Gatilho.

esse capítulo retrata um assunto muito sério e delicado, então desde já, eu peço desculpas se não tratarei do jeito que deveria, ou se falei alguma coisa errada... já aviso que pesquisei antes de escrever esse capítulo e falar sobre a overdose que o Ruel sofreu...

boa leitura. <3

RUEL

Já faziam cinco dias que estou me recuperando. Na semana passada, passei a frequentar bastante a casa do Jacob, e como o esperado, nada de bom acontece por lá. Da última vez que pareci, acabei exagerando no branco. Usei demais. Foi como se eu estivesse praticamente morrendo. Meus batimentos aumentaram e a última coisa que lembrei de ter sentido, foi uma forte dor no peito. Quando acordei, estava deitado na cama de um hospital com Julie ao meu lado. Meu rosto estava horrível. Um pouco desidratado, garganta seca e precisando de um banho. Fora a minha aparência que estava um lixo. Olhos fundos, as olheiras pareciam piores e a boca ressecada.

A morena começou a contar o que havia acontecido. Segundo ela, acabei caindo no chão enquanto tentava me levantar do sofá da casa do seu irmão. Jacob me forçou a colocar tudo para fora, e depois os dois me levaram pro hospital após ligar para um amigo meu, o Shawn. Seu número estava no topo das últimas ligações. O Carter logo ligou para os meus pais, pois o hospital precisava dos responsáveis. E só de ouvir, eu consegui imaginar o rosto do meu amigo. A decepção por ignorar tanto os seus avisos. A tristeza em seus olhos claros.

Minha mãe também estava chateada comigo. Ela apareceu quando voltou do banheiro. Estava arrasada. Parecia não ter dormido direito. Dava para notar pela sua voz cansada e arrastada, mas ainda assim, demonstrava felicidade ao me ver acordado. Me abraçou e pediu para ficarmos sozinhos, então a Julie saiu e foi embora. Kate começou a falar sobre clínicas de reabilitação. Em como isso pode me ajudar, e que estaria ao meu lado até o fim, mas fiquei calado. Não sabia muito bem o que responder ou dizer, então ela rapidamente mudou de assunto e me ajudou a levantar da cama.

No segundo dia foi horrível. Por mais que eu não tenha falado nada sobre ir à clínica ou não, minha mãe contratou um médico para me ajudar com a desintoxicação. Não questionei, pois sabia que ela tinha feito isso para me ajudar, e eu não queria ser egoísta ou ingrato. Isso não seria justo.

No terceiro, para a minha surpresa, não foi tão ruim como eu esperava. Recebi visita do Shawn que logo criticou a minha aparência. Passamos o restante do dia conversando e falando sobre como estava indo tudo com o Dr. John, o médico contrato.

Carter não é bom em demonstrações, mas pelo tempo de amizade que nós dois tínhamos, sei que o moreno está me apoiando e não quer me julgar no momento. Porém, eu sabia que ele sempre esteve certo.

No quarto dia, eu sentia meu corpo doer, e tudo me irritava. Esse era um dos sintomas da abstinência. Admito que procurei os meus sacos que eram guardados nas gavetas da minha escrivaninha, mas não achei nenhum deles. Estava tudo limpo. Meu quarto não tinha nada que eu pudesse usar, e isso só me deixava mais irritado ainda. Então lembrei que eu sempre deixava um pequeno pacote em um tênis velho que ficava jogado no closet. Peguei, mas antes de levar o comprimido na boca, paralisei. Não consegui usar, mesmo querendo e meu corpo pedindo necessitado por ele. A visão da minha mãe com pena de mim e do Shawn preocupado vieram em minha cabeça, assim como um sorriso inocente da Lore. Isso me frustrou. Os enjoos eram frequentes, acompanhado do mau comportamento e das dores no corpo.

Agora eu estava deitado no sofá na varanda, encarando o céu que já estava ficando escuro. Estava anoitecendo. O Dr. John vem todas as manhãs, mas não demora muito, fica só o tempo necessário. Eu não tinha nenhuma notícia da Orlando, ou talvez o Ralph não estivesse contando para mim. A última coisa que ele disse foi que um dos sequestradores havia estrangulado a Lore, o que me deixou bravo e irritado pra caralho. Talvez esse também tenha sido o motivo da alta quantidade da cocaína que usei. O sentimento de culpa subiu a minha cabeça e não consegui me controlar.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now