QUARENTA E QUATRO

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RUEL

Já haviam se passado uma hora e meia de viagem. Minha avó morava em San Diego, então é apenas duas horas de carro de Los Angeles até lá. Saímos de casa às oito.

— Quando você tirou essa foto? — perguntou confusa e olhei o que ela segurava. Meu celular novo estava em suas mãos.

A morena encarava a tela do aparelho com uma expressão surpresa. Uma pequena linha traçou seus lábios encarando sua fotografia no papel de parede. Uma das inúmeras fotos que tirei do seu corpo coberto enquanto ela dormia.

— No dia em que você lutou com a Julie. — eu disse.

Porra, a Julie. Esqueci de avisar a garota que eu chegaria tarde em casa.

Lore sabia que ela estava na tela do meu telefone, só que não sabia qual era a foto.

— Achei que você não usava fotos minhas... — comentou, nervosa e pressionou seus lábios grossos. — Não mais...

— Nunca tirei você dela. — levei uma das mãos até a sua coxa e comecei a distribuir carinhos em sua pele. — Você também nunca tirou o anel...

Olhei Orlando de relance e notei que ela estava mexendo na joia no seu dedo anelar.

— Eu nunca tirei... — falou. — Nem para tomar banho. "Em hipótese alguma.", lembra?

Sorri e assenti.

— Lembro! — eu disse, apertando sua coxa. — Pode fazer uma coisa por mim? — perguntei olhando a estrada de cascalho que se aproximava. O portão grande já era visível.

Orlando estreitou os olhos.

— Se for o que estou pensando, não. — negou.

Ela segurou o riso e olhou para o vidro na janela.

No que ela pensou?

— Ligue para o Thomas e peça para ele vigiar minha casa. — falei. Lore me olhou preocupada. — A Julie está sozinha. Ninguém sabe da existência daquela casa além de nós dois, meus pais e os nossos amigos, mas preciso ter certeza que ela está bem e segura. Por favor, faça isso.

— Claro! — ela assentiu. — Irei ligar agora...

A garota pegou seu telefone e discou o número do seu segurança particular. Eu não gostava do Thomas, mas confiava na sua lealdade a Lore.

Orlando desceu do carro assim que parei o veículo em frente ao imenso portão da casa da Clary. Desci logo em seguida e me apressei em pegar a sua mão, coisa que fez a garota sorrir fraco. Caminhamos para dentro, já vendo Tobias andando em nossa direção.

Ele é o marido da minha progenitora. Eles se conheceram após três anos da morte do meu avô. Henry sofreu um acidente enquanto voltava para casa. Eu tinha apenas sete anos.

O velho segurava uma tesoura enorme. Estava aparando as árvores do jardim que se encontrava em frente a mansão da mulher de setenta anos.

— Olá, pequeno! — ele disse com a voz hesitante e vacilante. Lore me olhou segurando o riso e fechei a cara. — Meus pêsames, filho!

Tobias sempre me chamava assim, e mesmo tendo quase dezenove agora, ele ainda continua se referindo a mim dessa maneira.

Apenas acenei em resposta. O homem sabia que eu não era muito de falar sobre certos assuntos.

— Clary vai amar saber que você veio aqui. — abriu um sorriso largo. — E quem é essa, pequeno?

— Me chamo Lore... — Orlando disse atrapalhada e logo sorriu de canto.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now