VINTE E UM

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LORE

Agora sentada na cadeira em frente à mesa do diretor, reparei que ele tinha se alojado muito bem. Um quadro com uma pintura sua estava localizado atrás do seu corpo. Em cima da mesa de madeira tinha um porta-retrato da sua família, assim como alguns troféus, certificados e diplomas. Valentim parecia ser um homem de grande respeito e muito talentoso. Sempre bem-vestido. Não aparentava ser muito velho, eu até diria que ele é novo demais para ser diretor de um colégio.

Com as mãos-largas em cima da madeira, ele corria os dedos em um papel branco. Estava focado. Seus olhos atenciosos percorriam de maneira calma, mas atenciosa, pelo documento. Sua expressão era séria e preocupada.

Eu não sabia o que ele queria falar comigo, na verdade, assim que cheguei no colégio, o Valentim pediu para que eu fosse até a sua sala. Mas até posso tentar deduzir, talvez sejam as minhas notas, como faltei ultimamente, elas com certeza não estão boas. Ou algo em relação o que aconteceu na semana passada. A explosão do carro.

— Bem, Srta. Orlando. — começou quando finalmente colocou a folha em branco na mesa. — Deve estar confusa, o que é compreensível. — sorriu. — Mas te chamei aqui para falarmos sobre as suas notas. Você faltou muito nos últimos meses, então isso fez com que suas notas caíssem.

Assenti concordando com o que ele falava. Ele estava certo, mas a culpa não era totalmente minha.

— Sei que você deve ter passado por alguns problemas familiares. — sua voz era meio hesitante, o que me fez olhar pro seu rosto. — Sua mãe falou comigo...

— Ah... — murmurei.

— Mas isso não é nada que não possa ser resolvido. — ajeitou os óculos. — Conversei com alguns professores sobre a sua situação, e resolvemos te colocar em algum clube. — falou. — Claro que vai ser da sua preferência querer ou não, assim como escolher o qual deseja entrar. Mas saiba que isso é para não afetar o seu histórico escolar.

— Tudo bem! Entro em qualquer um... — disse na tentativa de encerrar a conversa. Eu não queria prolongar.

— Sei que o ex-diretor gostava muito de você. Não o julgo... — deu um riso fraco. — Você é uma das melhores alunas do nosso colégio. Um prodígio, eu diria!

Um sorriso forçado e fraco foi dado por mim. Meus dedos brincavam um com outro. Eu estava entediada e nervosa. Queria ir embora.

— Seu pai é um dos homens mais respeitado da cidade. Ele já fez tanta coisa por esse colégio. Suas doações ajudaram a transformar o Clements Hight School no que ele é hoje.

— Se a conversa sobre as minhas notas acabou... Posso ir para aula? — perguntei.

— Ah, sim, claro! Me desculpe por te ocupar por muito tempo. — riu sem graça. — Está liberada para sair, mas antes de ir para embora, procure o professor Arthur. — falou. — Ele vai ajudar você na recuperação das suas notas, ok?

Assenti me levantando da cadeira e acenei com a cabeça, em forma de agradecimento. Espero que ele tenha entendido. Caminhei até a porta, e antes que pudesse abri-la e sair, o Valentim me chamou novamente.

— Lore, se você estiver sobrecarregada, sabe que temos uma psicológica escolar, não é? Você pode conversar com ela quando se sentir a necessidade de conversar com alguém. — disse. — O que aconteceu na semana passada ainda deve está vívido em sua cabeça. Deve ter sido difícil.

Engoli seco enquanto escutava as palavras que saíam da sua boca.

— Não será necessário, pois estou bem. — falei. — Mas obrigada pela preocupação.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now