QUARENTA E DOIS

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Contém Gatilho.

RUEL

Estava focado nas ruas que passavam. Orlando dirigia desesperadamente, nos levando para a mansão dos Evans. Durante o caminho todo o silêncio pairou no carro, e só foi quebrado quando pedi apenas para irmos para a casa dos meus pais.

Meus pais.

Meu coração doía sem acreditar no que tinha acontecido. Eu sentia um vazio dentro de mim. Eu a amava, independente das nossas desavenças. A culpei tanto por não ter interferido quando o Ralph me espancava. Eu sabia que ela sofria também, mas não mais do que eu.

E agora ela estava morta.

Suicídio?

Não. Ela não se drogava.

Meus olhos arderam querendo permitir que as lágrimas descessem, mas eu não queria deixar. Não tinha o direito de me sentir triste, sendo que também a torturei por meses. Culpando-a e acusando-a.

Lore ao meu lado estava calada. Tão deprimida quanto eu. Notava uma hora ou outra que a morena desviava sua atenção para mim, mas continuei olhando para frente. Estava enfurecido, mesmo sabendo que ela não tinha culpa nenhuma. O culpado era o seu pai.

Benjamin. Ainda quero colocar uma bala na sua cabeça. E a Orlando não me impediria, não como da primeira vez. Irei matá-lo, mesmo que eu tenha que enfrentar todos os seus seguranças.

A garota passou pelo portão principal e continuou dirigindo até a mansão. Quando parou, descemos e caminhamos até a porta, onde já se encontravam pessoas ali. Amigos do Ralph. Criminosos e a polícia.

Passamos pelo jardim e fomos até a segunda casa. Lá tinham os seguranças do Benjamin, protegendo a residência.

Minhas mãos soaram assim que me aproximei do cômodo e os homens já se aproximaram, passando direto por mim e parando a Orlando. Olhei para trás, vendo suas armas apontadas para a garota, mas Lore não estava assustada. Ela apenas levantou as mãos e deu um passo para trás.

— Abaixem! — falei. — Ela está comigo...

Um dos caras estreitou os olhos, mas logo acenou para os demais abaixem suas pistolas.

Lore continuou andando ao meu lado e pegou na minha mão, apertando-a. Passamos pela porta, já notando Ralph em pé com seu telefone na orelha e copo de whisky na mão, que logo foi jogado na parede, sujando a tinta branca e o chão.

Ele colocou a mão na cabeça desesperado e olhou para a minha direção. Se apressou em pegar a sua arma da cintura e veio em passos ligeiros e duros, apontando a mesma pro crânio da garota ao meu lado. Seu olhar era furioso e triste.

— Talvez eu deva matá-la e fazer o Benjamin sentir o que eu estou sentindo agora... — ele disse, com a voz firme.

A morena fechou os olhos e seu corpo tremeu, esperando que o gatilho fosse apertado.

— Afaste-se dela! — falei. — Lore não sabia.

— E você acredita? — ele riu e me olhou. — Ainda está apaixonado por essa boceta, não é? Vou dar um jeito nisso.

Repreendi o velho com um olhar furioso.

— Eu não sabia. — Lore falou, com a voz trêmula. — Eu odeio você e nem pretendo perdoá-lo pelo que fez e ainda fazendo, mas nunca desejei a morte para nenhum de vocês. Eu nunca quis que isso acontecesse.

— Acredite em mim quando eu falar que o Benjamin não vai sofrer se ver a Lore morta! — eu disse pro Evans.

Ralph olhou novamente para a garota em sua frente.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now