VINTE E SEIS

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RUEL

Bruce trocava socos com o Jacob. Era uma brincadeira deles. Observei o jeito desastrado quando eles socavam reciprocamente. O moreno se defendia enquanto o loiro ainda o atacava. Idiotas. Dois idiotas.

Rolei os olhos e encarei a bebida em nossa mesa. Os caras me chamaram para beber em um bar que ficava na outra rua, e como eu nada tinha para fazer, aceitei. Já fazia uma hora que estávamos aqui.

O moreno sentou novamente na mesa e me olhou. Parecia querer falar algo, mas não tinha coragem. Isso me irritava.

Cruzei os braços, encarando a rua lá fora. Pessoas passando de mãos dados, namorados. Bufei e encarei o copo cheio de whisky em minha frente. Dei um gole no líquido e peguei meu telefone. Não havia nenhuma mensagem. Nem mesmo dela, gritando ou me xingando de todos os xingamentos possíveis, mas eu até esperava isso. Lore não tira explicações, só espera.

Odiei o jeito que a tratei mais cedo. Fui um otário, isso eu sei. Falei como se não me importasse, e eu queria passar isso. Mas o que eu deveria fazer? Se o Abraham notasse que eu tinha algo com ela, ele ficaria obsessivo pela Lore. Eu acho. Abraham sabe sobre o Benjamin, e sabe que foi o Orlando que matou o seu amigo.

E se ele tentasse se vingar do Benjamin fazendo algo com a Lore?

Não queria que o filho da puta se interessasse por ela. Não confio nele.

Sei que devo inventar uma história bem convincente que a faça acreditar em mim. Ainda terei tempo para pensar em alguma coisa. Lore não acreditaria numa mentira esfarrapada.

Eu ainda a queria. Quero sentir seu corpo no meu. Sua temperatura quente me acomodando e apertando. Seus beijos e toques pelo meu corpo. Meu pau enrijeceu só de lembrar e imaginar isso.

Com a chave na mão, eu me levantei e despedi dos caras que continuaram bebendo suas cervejas baratas. Entrei no carro, começando a dirigir e pegando o celular. Cliquei em sua conversa e digitei, revezando o olhar para tela e para estrada.

eu: abra a porta para mim.

Esperei que ela respondesse. Com certeza ainda estaria chateada e puta comigo. E não a julgo. Fui um filho da puta.

Meu celular vibrou e notificou sua mensagem. Ela mandou "Não." como resposta.

eu: encontrarei um jeito de entrar.

Orlando: tente... gostaria de ver você tentando.

Ri desacreditado e acelerei o carro. Eu já estava perto da sua casa e de longe vi a entrada da área dos Orlando's. Estacionei o carro atrás de uma árvore, e fui andando. Com certeza os seguranças estariam na frente do portão e espalhados pela casa. Pulei o muro, me certificando que nenhum dos homens do Benjamin tinham me visto, e corri até o lado onde ficava o seu quarto.

A luz estava acesa. Dei alguns passos para trás antes de pular na árvore alta que era a coisa mais próxima da sua janela e sacada. Subi rapidamente com ajuda dos galhos e pulei novamente até a sua média sacada do quarto. Deslizei os pés por descuido, fazendo-me quase cair e encarei o chão. Estava alto pra caralho. Respirei fundo e subi meu corpo com um impulso. Eu já estava dentro. Passei pela janela e corri os olhos pelo quarto. Lore não estava.

Estava tudo no seu devido lugar, exceto as roupas que ela usava mais cedo jogadas em cima da cama. Encarei a luz do seu banheiro acesa, e a porta meio aberta. Ela estava tomando banho. De longe vi sua cabeça jogada para trás da banheira, o acrílico dela cobria todo o seu corpo, mostrando apenas o seu pescoço.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now