QUARENTA E UM

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Contém Gatilho.

LORE

Quando Ruel finalmente sumiu no meio da multidão, me apressei em segurar o Thomas que tentava passar e ir atrás do loiro. Agora estávamos nos movimentando lentamente no ritmo da música. O clima entre nós dois era ruim e desconfortável. Não por ele e sim por mim. O alto segurava minha cintura como se não quisesse, e sua mão direita que segurava a minha estava frouxa.

Movi os olhos pelo salão, logo notando que os meus pais ainda não estavam ali.

Onde eles foram? Será mesmo que o Vincent estava certo?

Os Evans e os Orlando's estavam juntos? Fizeram um acordo? Todo o meu sofrimento foi em vão? As tentativas de assassinatos? A tentativa de estupro? O sequestro?

Argh...

Isso tudo é irritante e estressante.

Cerrei os dentes e encarei a mesa vazia do outro lado da grande sala. Meu segurança ainda se movimentava enquanto eu me mantinha pensativa.

Ouvir o que o Ruel tinha dito me deixou confusa e tudo mais caótico. No fundo, eu sabia que ele não tinha toda a culpa, boa parte dela era do seu pai. Mas o que me fazia sentir raiva dele era ter aceitado o pedido.

Ele me usou. Disso eu sei e nunca me esquecerei. E não tenho motivos para defendê-lo. Ele errou e sabe do seu erro, e assumiu o mesmo.

As palavras que saíam da sua boca eram verdadeiras. Ele costuma fazer um gesto sempre que mentia, e quando me contou sobre tudo, Vincent foi verdadeiro. Mas isso ainda não mudava nada.

Ele estava apaixonado por mim. Ouvir isso fez meu coração disparar, e me repreender no mesmo instante. Eu não deveria desejá-lo depois do que fez, mas logo penso que estou sendo hipócrita. Hipócrita por aceitar o meu pai e ainda sentir rancor pelo Ruel.

Eu estava fazendo uma puta de uma hipocrisia.

Eu ainda estou apaixonada por ele. Percebi no momento em que soube que não conseguiria odiá-lo para sempre e quando permiti que ele me abraçasse e me tocasse. O aroma do seu perfume doce e seu hálito de tabaco fez com que eu quisesse mais. O seu cheiro de cigarro misturado com álcool e sua fragrância adocicada me enlouquecia.

Eu estava enlouquecendo a cada dia. Tudo ficava ainda mais obscuro.

De longe vi Vinnie se aproximando com duas taças nas mãos. O loiro vestia um smoking azul-marinho e sua máscara era da mesma cor. Assim que ficou próximo o bastante para meu segurança vê-lo, ele riu nervoso e Thomas foi embora, seguindo o mesmo caminho que o Ruel seguiu.

Espero realmente que ele tenha ido embora.

Peguei o cálice da mão do Stewart e logo agradeci, engolindo a bebida transparente.

— Tudo bem? — perguntou, fazendo-me olhar para ele.

— Sim. Estou! — sorri. — Por quê?

— Você está tensa e parece longe... — comentou. — Talvez eu tenha me confundido.

Ele riu nervoso, mas logo neguei.

— Está gostando do baile?

— Nem tanto. — eu disse.—- Não gosto de coisas grandes, mas assumo que pelo menos estou aturando.

Vinnie riu e logo virou sua bebida. Seus olhos claros me fitavam sem vergonha nenhuma. Ele era ótimo em flertar na cara dura, e admito que ele já me deixou desconcertada algumas vezes.

Trombei com ele na cozinha alguns dias enquanto voltava da mansão subterrânea. O loiro usava apenas uma calça de pano, deixando sua barriga sarada exposta. Seus olhos sempre me observavam com malícia, analisando cada parte do meu corpo suado devido ao treino.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now