VINTE

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RUEL

O lugar ao meu lado da cama estava vazio, mas era de se esperar. Algo dentro de mim sabia que Lore não ficaria aqui depois que acordasse, e para mim, é até melhor assim. Ela dormiu assim que terminou de comer e conversar com a Anne, sua amiga. Pediu para que eu deitasse ao seu lado. Estava chapada pelo baseado que fumou, o qual ela foi desafiada a usar. Com certeza estava envergonhada pela briga e pelas coisas que fez.

Ela estava falante ontem, mais do que o normal, aliás. Falava sobre como o colégio estava insuportável, e sobre muitas coisas aleatórias que surgia na sua cabeça. Até sobre a cor da estante da Julie, a Lore comentou.

Os raios de sol que entrava pela janela iluminava uma parte do quarto. Bocejei antes de levantar e coçar os olhos. Eu estava muito cansado. Minha garganta estava seca, e o braço dolorido, o qual serviu de travesseiro pra Orlando.

— Ela já foi... — disse Julie ao me encontrar no corredor.

— Quem?

— Lore. — respondeu.—- Ela me pediu para avisar assim que você acordasse.

— Ah...

Caminhei até a cozinha e fui em busca de algo para comer. Eu estava com fome. Então logo peguei um iogurte médio que vi.

— Quem é essa Lore? — perguntou. — Nunca a vi com vocês antes.

Dei de ombros. Eu não queria falar sobre a Lore.

— Não estou muito a fim de falar. Me recuso. — eu disse. — Então não enche, Julie.

— Mau-humor, é? — provocou e olhei feio. — Achei que dormindo com a pessoa que você gosta, te deixaria mais relaxado.

— Não viaja!

— Percebi os olhares de vocês dois. — sentou no sofá da sala. Eu conseguia ouvir sua voz da cozinha. — E quando ela beijou aquele garoto. Nossa Ruel, você ficou bem irritado.

Ri pelo nariz desacreditado. Ela estava tirando uma com a minha cara como sempre faz. Chega até ser chato.

— Ah! E também o jeito que você a tratou depois da briga com a Sarah foi tão... — ela disse. Fui até a sala e encarei seu rosto. — E olha que eu nem falei daquele seu beijo no pescoço dela.

— Qual foi, Julie? Está com ciúmes?

Ela riu e negou. Pegou sua carteira em cima da mesinha de centro e tirou um cigarro de lá.

— Não! — levou até os lábios. — Ela é muito bonita...

— É, eu sei. Mas chega dessas gracinhas, Julie. — disse já irritado. — Você é chata.

— Ela também gosta de você, Ruel! — me olhou. — Por que não fala para ela?

— Falar o quê?

Coloquei o pote de iogurte vazio em cima da mesa e encarei a morena em minha frente.

— Que gosta dela, ué. — deu de ombros. — Achei que você era um homem das atitudes, mas...

— A Lore não é para mim. — disse. — E você sabe disso.

— Por que não?

— Somos diferentes! — disse óbvio. — Lore é... Ela é diferente. Não sirvo para ela, e é só isso que você precisa saber.

— Por que não serve? — perguntou. Às vezes esqueço como ela é curiosa. — Ruel, você é um otário e babaca às vezes, mas quando está na presença dela, você fica todo estranho. — continuou. — Percebi ontem o jeito que ela mexe com você.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora