NOVE

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Contém Gatilho.

LORE

Já fazia três semanas que eu não saía de casa. A vontade de se divertir com amigos ou até mesmo sozinha, eu não sentia mais. Aconteceram muitas coisas recentemente, e a principal dela foi outra briga que tive com o meu pai. Não estamos nos falamos. Questionei o velho mais uma vez sobre o Alec, e ele me garantiu que estava tudo bem, mas algo me dizia que não estava.

Estava nítido que ele escondia algo de mim, e isso me deixou mal. Não somos de esconder nada um do outro. A nossa família não guarda segredos, só que ele está fazendo isso agora. Guardando segredos de mim.

A outra coisa foi uma pequena discussão com Connor, estávamos conversando sobre o quase beijo daquele dia, o que acabou fazendo ele dizer que sempre foi apaixonado por mim, e me pegar de surpresa. Já ouvi falarem sobre isso, mas eu nunca levei a sério, pois eu e o Pierce somos muito próximos. Nossa amizade sempre foi linda, ele era como um irmão para mim, então isso me destruiu.

Aquele beijo para mim não significou nada, não passaria daquilo, e me senti horrível por querer retribuir naquele momento, caso ele acontecesse. O Connor é especial, e espero que ele consiga entender e superar tudo para podermos voltar ao que éramos antes.

Também tem outro quesito que seria Ruel. Não que eu esteja apaixonada por ele, mas o loiro me fez sentir e despertar sentimentos que eu não sabia existirem. Como o que aconteceu no banheiro e no colégio. Estávamos um ao lado do outro, e eu pude sentir o olhar do Ruel queimar em meu rosto, e quando olhei para o seu braço próximo ao meu, o mesmo estava arrepiado. Era como se o Vincent sentisse uma sensação quando quase entrava em contato com o meu corpo, e involuntariamente acariciei sua mão com a minha.

O Ruel é fechado e não dá abertura nenhuma para ninguém entrar em sua vida. Parece que ele não é feliz. Como se essa barreira fosse uma proteção para não decepcionado ou magoado. Eu sempre não sei o que ele pensa ou no que está pensando, e isso é confusa. As atitudes dele são confusas. Um dia ele quase me masturba no banheiro do meu quarto, no outro não olha na minha cara, e depois de alguns dias age estranho comigo no colégio.

Sem falar na sua prima estranha, a qual ele mesmo pediu para que eu não confiasse nela, e isso me deixou um pouco confusa. Seu nome era Sarah. Ela parece ser uma boa pessoa. Até me pediu ajuda para apresentar o colégio a ela e a morena foi atenciosa e puxava assuntos a todo momento.

Hoje é sexta, dia do evento da empresa do meu pai. Não decidi ir. Eu não estava com vontade, como todas às vezes, então fiquei em casa enquanto me afundava mais ainda na minha cabeça que só me torturava pensando nos últimos acontecimentos.

Eu estava deitada na cama enquanto encarava o teto branco do meu quarto. Questionava o porquê de me sentir tão solitária às vezes, sendo que tenho quatro amigas incríveis que sempre estão do meu lado e me fazendo feliz da melhor maneira possível sempre que estamos juntas. Esse sentimento é ruim. O pior de todos.

Um barulho estranho me fez desviar minha atenção e encarar a janela que estava fechada. Arregalei os olhos quando vi uma pequena pedra entrar em contato com o vidro da janela. Me levantei assustada e andei em passos lentos e encarei o gramado. O loiro acenou, fazendo um movimento com a mão, avisando-me que iria pular e pediu para eu que me afastasse.

Logo Ruel pulou a janela do meu quarto, e encarei seu rosto um pouco surpresa. Meu quarto era alto. Como que ele conseguiu pular a janela facilmente?

— E aí... — ele disse.

— Não foi pro evento? — perguntei.

— Fui. — respondeu. — Mas quando percebi que você não estava lá, decidi dar um pulo aqui.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora