VINTE E NOVE

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Gatilho.

LORE

— O que ele falou para você? — Ruel perguntou enquanto alisava minha mão, que seguravam o volante do seu carro.

Me concentrei na estrada antes de respondê-lo. Riki Nakamura é um garoto transferido e jogador do time de basquete do colégio rival. Morava no japão há um mês. Ele entrou no vestiário enquanto eu ajeitava as coisas para o Shawn e os meninos por lá. Disse meu nome e que me conhecia, mas eu não sabia quem ele era. Depois o japonês falou sabia do sequestro, e que ele era amigo do Ruel. Se aproximou e deixou uma marca no meu pescoço, e pediu para eu mostrar para o Vincent, mas Tom e os caras chegaram quando ele passou suas mãos pelo meu corpo e começou a falar coisas sujas.

Eu tentei me afastar, mas ele era forte. Seus braços eram musculosos e o garoto era alto. Cabelo caído pro lado. Vestia um jeans claro e moletom preto. Parecia que não era um jogador.

Shawn se aproximou quando ele foi embora, mas Tom foi atrás do Riki, e não demorou para que o Ruel aparecesse. O loiro foi atrás do japonês assim que avistou a marca em meu pescoço. Vincent tinha raiva em seus olhos claros e seu corpo todo estava tenso, com as mãos fechadas e maxilar travado. Pedi ajuda do Carter na tentativa de deter o Ruel que andava desesperado atrás do Nakamura, mas não adiantou muita coisa, já que o moreno deixou que o amigo fosse.

Quando fomos para fora do colégio, avistamos o Ruel com as mãos nos joelhos e o Riki deitado no chão, mas logo seu porte alto ficou em minha frente, e quando notei seu rosto com machucados e cortes, levei minhas mãos até eles, limpando o sangue.

Eu estava chateada. Sei que ele fez para me proteger, mas se alguém visse? Se ele fosse preso? Eu estava com medo e assustada.

Agora eu estava dirigindo até a sua casa. Faltavam apenas alguns quarteirões. Apertei o volante em minha frente e limpei a garganta. Eu não queria lembrar das palavras sujas que o Riki usou comigo.

— Nada. — respondi seca e continuei encarando a estrada.

— Posso dirigir... — começou, mas neguei. — Lore...

Respirei fundo e fechei os olhos.

— Eu já disse que não!

O loiro ao meu lado suspirou cansado e afastou sua mão da minha.

— Tudo bem... — sussurrou. — Sei que você está chateada comigo.

— Não estou.

— Está sim. — afirmou. — Mas o que você queria que eu fizesse?

— Nada. Eu queria que você deixasse para lá.

— Nem fodendo que eu deixaria. — reclamou. — Acho que você realmente não me conhece muito bem, Lore. — senti seu olhar queimar em minha bochecha. — Você achou que eu deixaria para lá após perceber o seu estado e a porra do seu pescoço?

Apertei mais o volante controlando as lágrimas que ameaçavam cair. Eu estava cansada. Cansada de tudo. Cansada de ser assediada. Cansada de sempre tocarem em mim. O que eles achavam que eu era?

— Você poderia ser preso se alguém visse você batendo nele. — explodi. — Não queria ver você indo preso por minha causa, caralho...

— Eu não me importo. — deu de ombros, me fazendo olhar para ele.

— Por quê? — perguntei. — Por que não se importa?

— Porque eu não me importo. Apenas isso.

— Por quê? — insisti.

Parei o carro assim que chegamos a sua casa. Ruel saiu do veículo, e digitou o código, fazendo o portão abrir e eu entrar na garagem. Logo desci também.

A MENTIRAWhere stories live. Discover now