A MENTIRA

VINTE E CINCO

LORE

Ruel conversava com um homem que aparentava mais velho. O cara estava bem-vestido, parecia importante. Vincent assentia em resposta e também murmurava algo. Me olhou de relance, e o alto ao seu lado fez o mesmo, então desviei os olhos e encarei o ringue em nossa frente. Ali já tinham pessoas sentadas em cadeiras que ficavam ao redor dele, em cima e em baixo. O local estava cheio.

O loiro me buscou e casa às oito da noite, como havia dito, e como ele aceitou o que eu havia pedido, decidi não reclamar ou perguntar para onde o mesmo estava me levando. Acho que seria uma boa tentativa de esquecer a ideia ridícula dos meus tios. Eu conhecer um garoto? Eles só podem estar brincando comigo.

Eu estava de braços cruzados. Estreitei os olhos ao reconhecer o homem, que estava sentado em uma cadeira das primeiras fileiras. Era um dos amigos do Ruel, o Jacob. Eu conheceria aquele cabelo preto de longe. Ao seu lado estava o Bruce. O homem de cabelo loiro olhou para trás, então vi que ele segurava um cigarro nos dedos. Ele me avistou e bateu no ombro do outro ao seu lado, fazendo o mesmo olhar também.

Eles riram e acenaram, fiz o mesmo com a cabeça. Jacob apontou para um lugar vazio ao seu lado, me chamando para sentar com eles, e dei de ombros. Não sabia se deveria ir ou não. Eu não o conhecia eles muito bem.

— Quer sentar com eles? — Ruel perguntou próximo a minha orelha e engoli seco. Tudo que envolvia o garoto me fazia estremecer e lembrar da noite passada. Será que ele pensava sobre também?

Não tocamos no assunto, e ele parecia não interessado, então fiquei envergonhada. Foi incrível. Fiquei louca em cada toque e meu corpo pedia por mais.

Os cabelos da minha nuca se atiçaram, assim como o pelos dos meus braços também. Cocei a garganta e o senti se aproximando do lado direito do meu rosto e se virar para mim. Sua respiração quente, e seu hábito de álcool misturado com tabaco bateram em minha bochecha.

— O que veio fazer aqui? — perguntei.

— Vou lutar! — respondeu e olhei para ele. Nossas bocas a centímetros de distância.

— Como assim?

— Luto aqui ocasionalmente... — falou. — Espairecer.

Franzi a testa e suspirei. Ele perdia ou ganhava frequentemente?

— Você quer perguntar alguma coisa... — se afastou e ficou ao meu lado. — Pergunte.

— Você costuma perder ou ganhar?

— O que você acha? — provocou e rolei os olhos. — Vou trocar de roupa. — molhou os lábios. — Aquele lugar ao lado do Jacob é seu. Separei para você.

Disse por fim e foi embora, sumindo ao virar um corredor e respirei fundo encarando o local novamente. Ajeitei a blusa curta que eu usava, e caminhei até a fileira onde os caras estavam. Eu usava uma calça jeans escura, larga no corpo, e uma jaqueta preta por cima da blusa branca, cobrindo-a. Ela era cheia de detalhes brancos de rock no couro preto. Uma bota baixa nos pés, e meu cabelo estava solto.

O Jacob sorriu para mim quando sentei ao seu lado e tragou seu cigarro. Dois homens estavam lutando. Um caído no chão enquanto o outro era tirado pelo juiz da luta. Estava no último round. O do chão estava fodido. Rosto sangrando, nariz quebrado e parecia desmaiado. Então era aqui que o Ruel conseguia os machucados?

Coloquei as mãos nos bolsos da jaqueta e encostei as costas na cadeira.

— Não sabia que o Ruel viria hoje. — comentou Bruce. — Faz tempo que ele não vem lutar...

— Estou surpreso por ele trazer você. — comentou o outro. — Ele sempre vem sozinho. Comecei a achar que ele era solitário.

Ri fraco e pressionei os lábios.