CINQUENTA E UM

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LORE

Não fiquei surpresa ao ver que o Ruel não estava na cama quando acordei, ele sempre fazia isso, mas senti falta do seu cheiro. Depois de voltarmos do estúdio, comemos algo que o loiro preparou e caímos no sono. O Evans estava se esforçando fazendo comida para me deixar alimentada. Era fofo.

Tatuei o seu nome no lado direito da minha cintura e o Vincent fez o mesmo. Tatuou o meu. Ambos em japonês, já que achamos a escrita muito bonita. Não doeu tanto quanto eu imaginava. A dor era suportável e o tamanho do rabisco na acima da minha virilha era médio e horizontal.

Suspirei e saí do quarto. Desci as escadas e passei pelo vestíbulo, logo entrando na cozinha e pegando uma xícara de café. Estava com fome e precisava de cafeína no meu corpo. Bebi um pouco do líquido preto após Jennie despejá-lo no pequeno copo e olhei para trás, ouvindo barulhos de passos se aproximando.

Era o Thomas.

Ele usava uma calça de pano e uma camisa de manga curta. Cruzou os braços após se escorar na parede cor de creme e me olhou de volta.

— Como foi ontem? — perguntei. — Vejo que está vivo.

— Foi por pouco. — brincou. — Evans fica bem esquentadinho quando o assunto é sobre você.

Ri baixo e assenti.

— Então falaram de mim? — estreitei os olhos curiosa.

— Nós apenas conversamos. — ele respondeu rápido. Sua expressão relaxada parecia que omitia algo. — Como está o seu ombro?

— Melhor que ontem. — olhei para o braço protegido. — E você? Como está?

— Bem. — ele respondeu. — Agora que o Benjamin está morto, tudo parece mais leve.

Concordei e encarei a xícara branca em cima do balcão.

— Eu não sabia que o seu sobrenome era Cooper. — falei lembrando de como o homem que agora estava morto, havia chamado o moreno há dias atrás. — Sempre chamaram você de Thomas, e isso não me deixou curiosa para descobrir o seu cognome.

O alto riu fraco e se aproximou, pegando um copo no armário e também uma garrafa de whisky, a qual era do meu "antigo" pai.

— Por que quer me levar para Madrid?

— Porque você é um de nós agora. — eu disse.—- Você agora é meu amigo, Thomas. Não quero deixá-lo aqui.

Cooper sacudiu o líquido marrom e me olhou.

— Por que eu sinto que se culpa? — soltou. — Se culpa pelo estado que eles me deixaram naquela casa.

Engoli seco lembrando daquele dia. Ele estava muito ferido. Rosto machucado e encharcado de sangue. O corpo o mesmo. Roupa ensopada de vermelho.

Era culpa minha. Eu que o arrastei para lá.

Mas isso não era o motivo de eu querer levá-lo comigo. Thomas era a melhor pessoa que também era envolvida nessa história. Ele parecia ter um passado triste, e eu estava curiosa para saber, mas não insistiria.

— Eu sinto muito, Thomas. — eu disse, com a voz baixa e hesitante. — O que fizeram com você foi culpa minha e me culparei até a eternidade por isso. — continuei. — Mas esse não é o motivo. Você é especial para mim. Quero que fique longe disso por um tempo, assim como eu.

O homem alto me olhou intrigado e bebeu sua bebida.

— Eu vejo que você precisa de tempo. — sorri fraco. — Mas é claro que isso depende de você. Se não quiser, não vá. Cabe a você aceitar ou não. Saiba que continuarei te considerando uma pessoa especial.

A MENTIRAOnde histórias criam vida. Descubra agora