Quattro Capitolo

2.2K 225 11
                                    

Soren Oliveira

- Em primeiro lugar abaixe a voz - digo me levantando e ficando frente a frente com ele - em segundo lugar, eu já te disse que meu envolvimento com Heitor foi a muito tempo, foi só uma noite que ele nem ao menos se lembra e por último, em terceiro lugar, você não tem que me deixar fazer nada, eu sou maior de idade e dono do meu próprio nariz – digo olhando nos seus olhos com a voz baixa para não acordar as crianças.

- Mas mesmo assim você se lembra de ficar com ele – respondeu me olhando com raiva – dormindo na casa dele, cuidando dos filhos dele quando ele está solteiro – falou debochado.

- Eu realmente vou fingir que não ouvi isso – resmungou suspirando pesado – eu sou fiel, se estou com você vou ser fiel a você, se quisesse ficar com Heitor terminaria com você antes. Heitor é seu amigo, nós nunca ficaríamos novamente – afirmei segundos depois.

- Ele é meu amigo, mas ainda é um homem – me respondeu ele – e você é uma coisa mais do que só linda e sou seu namorado – falou como se isso explicasse tudo.

- Eu não sou uma coisa – digo olhando abismado para ele pelas suas palavras – um sou uma pessoa, e mereço respeito, e você está certo, você é meu namorado não meu dono, então se pensa isso e melhor ir embora, agora.

Pedro olha um pouco para mim e mesmo que a contragosto ele sai da sala.

Me pego as vezes perguntando sobre o porquê eu ainda estar em um relacionamento com Pedro, sei que ele me ajudou muito, e com o seu interesse eu achei que poderia gostar dele mais do que só como amigo, mas acho que nunca rolou isso com a gente, pelo menos da minha parte, de mim nunca rolou amor.

Me irrita o fato dele querer sempre controlar meu corpo, ele é meu, eu mostro para quem eu quiser, eu faço o que quiser com ele, eu sou maior de idade e dono do meu próprio nariz. Esse ciúmes em relação a Heitor também me irrita demais.

Me deito no sofá e fico olhando para o teto, até que sem perceber adormeço.

___________*___________

Acordo com alguém me chanquelhando, assim que abro os olhos vejo Heitor me olhando.

- Achei que dormiria no quarto de hospedes – disse ele baixinho.

Vejo Amalia dormindo tranquilamente em seu colo, olho o relógio e vejo que já era oito horas da manhã.

- Ela já estava acordada quando você chegou? – perguntei me espreguiçando;

- Ela acordou assim que eu entre em casa – respondeu ele sorrindo – eles não deram trabalho, não é? – perguntou preocupado.

- Eles são sempre uns anjinhos – respondo sorrindo para ele.

- Eles só são uns anjinhos com você – resmungou ele – com as outras pessoas que eu contrato para cuidar deles eles são piores que demônios.

- Eles são uns anjinhos – respondo e o olho cansado, já que dormir no sofá não é uma coisa muito gostosa.

- Pode ir para casa Soren, e obrigado por cuidar deles – ele agradece.

- Não foi por nada – respondi.

Dou um beijo na testa de Amalia, e um beijo na bochecha de Heitor.

Assim que chego em casa, vejo Pedro dormindo no sofá, observo a fileira de pó banco espalhado pela mesa e a garrafa de álcool na mão.

Merda.

Eu sempre falei para Pedro que eu odiava quando ele fumava ou cheirava, ainda mais na nossa casa, quando começamos a namorar e eu comecei a morar com ele sempre deixei bem mais do que só claro que não queria que ele fumasse, e o mesmo ainda não tinha feito isso até agora, deixei claro que não queria um relacionamento com alguém drogado, que se ele fizesse isso, ainda mais dentro de casa.

O idiota além de ser um completo machista e burro, ele não confia em mim, e ainda fica se drogando por aí.

Dou um longo suspiro, vou para o quarto pego uma pequena mala e coloco algumas roupas lá dentro.

Vou até a gaveta da minha escrivaninha e pego um pequeno porta joias que foi do meu irmão mais velho, que simplesmente deixou de vir nos visitar a alguns muitos anos atras. Dentro dele havia dinheiro, mais muito dinheiro, qualquer dinheiro que sobrava do meu salário ia para aquele porta joias que tinha uma pequena parte escondida.

Pego o dinheiro a mala e desço as escadas, vejo que Pedro continua dormindo, dou um longo suspiro e saio pela porta.

Eu preciso de algum lugar para ficar até comprar uma casa só para mim, mas antes disso, eu preciso falar com uma pessoa.

Subo completamento o morro até chegar em uma grande casa no topo do morro, onde tudo que tem a ver com o tráfico no morro do alemão acontece, e onde eu sei que Heitor estará uma hora dessas.

- Em que posso ajudá-lo? – um dos meninos que estava na porta me perguntou.

O mesmo me olhou de cima a baixo, o que eu achei a coisa mais nojenta do mundo, o olhar dele no meu corpo me lembra algo nojento, que eu quero esquecer.

O menino era novo no morro, disso eu tinha certeza, mas mesmo sendo novo não deixava de ser nojento, e muito nojento.

- Queria falar com o dono do morro – digo olhando para ele.

- E quem seria você? – ele perguntou sem tirar os olhos do meu corpo – coisinha linda.

Antes mesmo que eu pudesse responder uma voz raivosa e ouvida abrindo a porta.

- Eu nunca mais chamaria ele assim – vejo Heitor. O menino ficou mais branco que um papel – Soren é bem-vindo aqui sempre que ele quiser, e se eu fosse você tiraria os olhos do corpo dele.

O menino apenas assentiu, ainda branco. Reprimo a vontade de sorrir com a cara de medo dele. Sigo Heitor para dentro até a "sala" dele.

- Se veio até aqui alguma coisa muito séria aconteceu – disse ele se sentando na cadeira.

Me sento na sua frente, e analiso ele antes de suspirar e começar a explicar.

- Quando eu e Pedro começamos a namorar eu deixei claro que se ele voltasse a usar drogas eu iria embora – digo e vejo Heitor me olhar surpreso – ele se drogou noite passada depois de uma briga nossa.

- Você resolveu terminar com ele? – Heitor perguntou me analisando.

- Eu ainda não sei – respondo sendo o mais sincero possível – mas não posso ficar, nosso relacionamento não está muito bem, e você sabe o quando eu odeio drogas.

- O que quer de mim Soren? – ele pergunta.

- Ajude ele a parar – digo e vejo seus olhos se arregalarem – eu não acho que posso ajudá-lo, não no momento do nosso relacionamento, mas você como melhor amigo dele pode tentar ajudá-lo.

- Eu posso tentar – disse ele dando um suspiro – você tem para onde ir até arrumar uma casa Soren? – ele pergunta me olhando preocupado.

- Eu vou dar um jeito – respondo sorrindo sem graça para ele.

- Fique em casa, pelo menos até arrumar uma casa para você.

Penso um pouco, é melhor ficar na casa dele do que em um hotel por aí, é mais seguro.

- Obrigado – digo concordado. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Where stories live. Discover now