Trentacinquesimo Capitolo.

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Soren Santinelle

Depois de uns cinquenta e cinco minutos chegamos a um galpão que parecia abandonado, a não ser pelos dois homens bem armados na porta. Ao redor do lugar e vejo que é mais do que só deserto, o que me faz pensar que tem atiradores de elite no meio da mata.

Olho de um lado para o outro, e depois de uns minutos vejo algumas coisas, e por saber onde estão fico mais do que só satisfeito.

- Tem quinze atiradores na mata - digo alto demais enquanto andamos, e nem percebo meu pai Bernardo se aproximando de nós - todos então com rifle de assalto Noveske Diplomat Rifleworks, mas essa e uma nova versão deles - digo devaneando - cinco do nosso lado direito, um está a sete metros da maior arvore, e tem outro a dez metro dele, isso do lado direito da arvore, o mesmo padrão se repete do lado esquerdo da arvore e isso se repete do lado esquerdo do morro. É uma boa tática escolher esse lugar para coisas ilegais, a polícia não viria aqui e mesmo se viesse com atiradores tão bem escondidos, bem armados e nesses lugares - digo ainda em meus devaneios.

Finalmente balanço a cabeça e saio dos meus devaneios para olhar meus pais. Meu pai Bernardo me encarava com os olhos brilhando, como se eu tivesse acabado de ganhar o Prêmio Nobel da Paz.

- Eu não ganhei o Prêmio Nobel da Paz - digo olhando para eles.

- Mas reconheceu tudo o que qualquer pessoa normal, ou mesmo mafiosos nunca saberiam - disse Benjamin, que eu nem havia visto chegar - nem eu sabia de tudo isso.

- Na verdade foi fácil - digo olhando para eles - e só dar uma olhadinha em volta.

- Mio figlio (Meu filho) me deu mais do que só orgulho agora - disse meu pai Bernardo - isso tudo sem um pingo de treinamento, só Giovanni e eu conseguimos fazer isso até hoje.

Eu não digo nada, só fico olhando-os por uns segundo antes de voltarmos a realidade.

- Vamos acabar logo com isso - falo finalmente.

Começamos a andar, e enquanto isso eu fico pensando em como vai ser rever eles depois de mais de uma década. Eles simplesmente me fizeram passar fome, e depois me deixaram no sistema, quando tudo que eu roubei no supermercado foi um sanduíche e uma garrafa de água, e além do mais eu tinha onze anos, e eles simplesmente me deixaram lá, assustado e sem ninguém.

Vê-los depois de tudo que eles me fizeram falar, pode ser um grande golpe para mim, mas eu sei que eu preciso disso.

Assim que entramos eu os vejo sentado em duas cadeiras, seus olhos assim que se levantam focam em mim.

- SEU DESGRAÇADO - Sofia grita se debatendo na cadeira, me olhando com raiva - COMO OUSA FAZER ISSO COM A GENTE? COM QUEM VOCÊ SE METEU SEU MERDA?

- tu ferais mieux de te taire (É melhor calar a boca) - disse meu pai Pietro olhando para eles friamente, e essa expressão me causou arrepios - sabia que eles são franceses? - perguntou olhando para Rique.

- Eu sabia - respondeu o mesmo dando um suspiro cansado - mas como moravam no Brasil bem antes do meu nascimento achei que não tinham mais relação com a França.

- Na verdade pesquisando um pouco eu descobri uma coisa - vejo uma mulher muito elegante vindo em nossa direção - meu papa sabe disso? - perguntou ela procurando alguém.

- Hericco não pode com essas coisas e Luccas está de férias - respondeu Benjamin, ainda analisando Sofia e Walter.

- Sabe que papa Hericco vai me matar por isso, não é? - perguntou a menina - eu vou acabar ficando de castigo.

- Você já é bem grandinha para ficar de castigo - disse meu pai Pietro - mas esse não é o ponto – completou segundos depois.

- Bom - disse ela suspirando pesado - eu invadi alguns computadores e descobri que Sofia e Walter Oliveira só foram nomes registrados no Brasil e no mundo a quarenta e três anos atrás.

- Uns anos depois do meu nascimento - disse Rique analisando as pessoas a nossa frente.

- Pesquisando um pouco mais a fundo descobri que os antigos nomes deles eram Camille e Pierre Dubois - continuou ela depois de um tempo.

- Dubois? - falou meu pai Pietro, vendo os punhos do meu pai Bernardo se apartarem.

- A família que é conhecida como a segunda no comando dos Rossi na França - respondeu o mesmo olhando com a maior raiva do mundo para o casal a frente.

- Isso quer dizer que esse tempo todo sabiam que eu era? - perguntei finalmente olhando para eles.

- É claro que sabíamos - disse Sofia me olhando com raiva.

- Tais toi camille (Cale a boca Camille) - disse o marido dela, olhando para ela com raiva.

As aulas de francês que eu fiz na faculdade estão me ajudando mais do que eu esperava.

- Tu ne sembles pas voir où nous sommes (Você parece não ver onde estamos) - respondeu ela com mais raiva ainda - nous sommes la mafia française et nous sommes aux mains de la mafia italienne. Nous sommes restés avec leur fils aîné pendant des années et en plus nous l'avons abusé, nous sommes déjà morts (nós somos da máfia francesa e estamos nas mãos da máfia italiana. Nós ficamos com o filho primogênito deles por anos e além do mais o maltratamos, já estamos mortos) - disse ela rápido, o que faz com que eu entenda só uns 90%.

- N'a pas d'importance. je ne trahirai pas mes parents (Isso não importa. Não trairei meu país) - disse ele ainda com raiva.

- Je peux mourir, mais pas avant d'avoir dit tout ce que je sais (Eu posso morrer, mas não antes de dizer tudo que sei) - responde ela - J'y vais pour le bras, mais j'emmène Pierre Rossi avec moi (eu vou para o inferno, mas levo Pierre Rossi comigo).

- Ce sera encore pire s'ils savent (Vai ser pior ainda se eles souberem) - o mesmo tenta argumentar, Sofia estava irredutível.

- Sabia que aceitar aquele menino que estava nos braços de Manon Rossi não era uma boa ideia - disse ela e logo depois me olhou, diretamente nos olhos - nos saímos da França para ter Henrique em paz, mas nossa paz acabou quando Manon Rossi apareceu na nossa porta - ela reclamou - ela tinha um pequeno bebe nos braços, você - ela olha diretamente para os meus olhos o que me causa um cala frio - nós não queríamos, mas Manon nos ameaçou, não tínhamos escolha então ficamos com o bebê. Você nos odiava, passava dias chorando, até que um dia Henrique veio e você ficou quietinho no colo dele, o que me deixou com mais raiva ainda de você, até que um dia ela reapareceu na nossa porta e nos disse quem você era, Soren Santinelle, filho da Capo italiano Bernardo Santinelle. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Where stories live. Discover now