Sesto Capitolo

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Heitor Alvez

Pedro apenas me olha e não diz nenhuma palavra, ele parece em choque por minhas palavras, que podem até parecer duras, porém, são necessárias, de um jeito ou de outro Pedro precisa tomar jeito, ele está voltando a ser o que era antes de Soren e o que ele era naquela época é tenebroso até para mim.

- Ele não pode me deixar – disse alguns segundos depois baixinho.

Olho em seus olhos e respiro fundo, eu mesmo quero socar ele por parecer um idiota completo parece até uma criança que ainda não entendeu que fez merda.

- Ele não só pode como vai fazer caso você não mude – afirmo segundos depois – sabe o quanto ele odeia que cheire e prometeu que não faria mais e mesmo assim fez. Soren disse que brigaram ontem, por quê? – perguntei querendo entender a situação.

Pedro parece envergonhado e não me fala nada por alguns momentos. Observando, acho que posso até ver a engrenagens de sua cabeça funcionando.

- Ele estava na sua casa – disse finalmente e isso me deixa completamente confuso - deitado no seu sofá confortavelmente, como se aquilo, aquele lugar fosse seu lar, ele se sente mais confortável com você e seus filho do que na nossa casa – falou de uma vez, com uma voz carregada de raiva.

Não consigo identificar se a raiva que sua voz carregava estava voltada a mim ou a Soren, ou até mesmo a nós dois, mas aposto na terceira opção mesmo sem entender o porquê.

- Soren é meu amigo, namorado de outro amigo meu, é normal que ele se sinta à vontade em minha cassa, ainda mais que sempre que ele pode passar um tempo com as crianças - falou como se fosse a coisa amis normal do mundo, o que realmente é para mim – e mesmo que tenha ficado com raiva por uma coisa tão banal como essa, ainda sim nada justifica que venha até aqui e cheire cocaína. Qual é Pedro sabe o quanto isso faz mal para você? - perguntei mesmo sabendo que a resposta seria positiva.

- Foi só uma vez – disse baixinho – Soren é o culpada e ele sabe disso por isso fugiu – falou convicto.

Acho que minha boca se abriu em surpresa pela cara de pau que ele estava tendo de colocar a culpa de seus próprios erros em Soren, que apenas estava sendo uma vítima de um namorado drogado com uma crise de ciúmes por um amigo de ambos.

- Não vou discutir mais com você - falo finalmente depois de me recuperar do choque de suas palavras – o que fez foi errado e tem que reconhecer isso de uma vez, pare de agir como uma completa criança e comece a agir como o adulto que é assumindo a responsabilidade pelo que fez. Limpe essa casa e vá trabalhar em uma hora, caso contrário começarei a descontar de você por minuto – falei e dei uma última olhada para ele antes de deixar o local.

Quando sai, outo da vida, mirei para o local onde está minha casa e vi Soren pegando as crianças, Adam dormia calmamente em seus ombros e Agatha e Amalia apenas corriam desengonçadamente para dentro.

Eles pareciam felizes, como uma família, uma verdadeira família.

Soren Oliveira

Eu amo cuidar deles, essas crianças são uma parte muito importante de mim, são pequenas pessoinhas que eu daria tudo para serem ligadas a mim por mais do que só uma amizade entre mim e seu pai.

A tarde passou rápida até, no finalzinho fizemos um piquenique dentro de casa, estendi o pano e colocamos algumas comidas em cima enquanto assistíamos Princesinha Sofia, não sei por que, mas eles são completamente viciados nesse desenho.

Depois de dar a comida a eles os coloquei para dormir antes das nove e meia da noite, me sento na mesa e começo a fazer uma coisa que a algum tempo não faço, um bolo.

Passei antes dos meninos chegarem no mercadinho aqui perto e comprei as coisas, já estou ficando aqui não quero dar ainda mais trabalho para Heitor.

Meu irmão, Heitor, costumava fazer bolo comigo quando era pequeno, ele dizia que cozinhar era a melhor maneia de pensar um pouco, então é isso que estou fazendo um bolo trufado de maracujá com chocolate branco.

Primeiro faço a massa, depois começo a fazer o recheio, a essa altura a massa já está no forno, massa simples de baunilha.

Enquanto mecho o brigadeiro branco penso em Pedro, os motivos que me levaram a estar com ele em primeiro lugar são egoístas demais, todo o nosso relacionamento é egoísta. Sinto como se não pudesse respirar a muitos anos, mas agora que estou longe dele é como se pudesse respirar novamente.

Nem mesmo percebo quando as lagrimas começam a transbordar, porém, é como se eu estivesse respirando, eu espiro aliviado finalmente depois de tanto tempo.

Tento conter a lagrimas, mas não consigo, ao mesmo tempo que o recheio fica pronto e o bolo também então desligo tudo e me sento na bancada da cozinha e espero passar essa pequena crise de choro, esperando que minhas emoções se controlem.

Estou tão perdido que nem vejo quando Heitor chega, só me dou conta de sua presença quando ele se senta na minha frente e fica me olhando.

- Você está bem? - perguntou alguns segundos depois.

Olho para ele, está tão bonito quanto da primeira vez que o vi, enquanto ele me olhava só podia pensar no que aconteceria se eu tivesse ficado, será que as coisas seriam diferentes hoje? Provavelmente sim.

Ele me olhava preocupado.

- Só estava pensando – respondo com um pequeno sorriso no rosto – quer comer bolo? - perguntei mesmo que ele ainda não estivesse pronto.

- Vou tomar um banho e já desço - falou com um pequeno sorriso nos lábios.

Assim que ele sobe sorrio e começo a montar o bolo, simples, mas acho que esta uma delícia.

Consigo terminar tudo antes dele descer, Heitor se senta na minha frente e fica me olhando enquanto eu sirvo para ele um pedaço.

- Agradecimento por me deixar ficar – digo e fico olhando para ele enquanto come o primeiro pedaço.

Ele sorri para mim segundos depois enquanto devora a fatia, o que me faz sorrir também. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Where stories live. Discover now