Ventunesimo Capitolo.

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Soren Oliveira

Na manhã de terça feira eu acordei enjoado demais.

Assim que eu abro os olhos eu vejo que Heitor não estava mais do meu lado.

Me levanto devagar e faço a minha higiene pessoal e troco de roupas, assim que estava saindo do quarto ouso uma voz de conversa na parte da sala.

Assim que desço as escadas vejo Fredericco, conversando com Heitor.

Ao lado de dele estava um homem alto, cabelos negros como a noite e olhos bem azuis, os traços dele lembravam brevemente Fredericco, mas o mesmo era mais parecido com o homem ruivo ao lado do moreno, ambos estavam vestidos elegantemente, ambos com ternos pretos e gravata azul.

Os traços do ruivo eram idênticos aos traços de Fredericco, a boca, o formato das sobrancelhas e até o rosto em geral.

Ambos pareciam ter uns trinta e pouco anos, mas se eu fosse chutar eu diria que eles têm uns 40 e poucos anos, mas só pelas marcas de expressão no rosto, porém, elas são imperceptíveis para quem não presta bastante atenção.

- Bom dia - digo chegando na sala.

Assim que os dois homens miram os olhos em mim ambos se arregalam.

- Bom dia Soren - disse Fredericco se levantando e vindo até mim - como você está se sentindo?

- Eu estou bem - digo sorrindo para ele - graças a Deus nada de vômitos hoje, só uma leve ânsia.

Com a minha fala Fredericco dá uma grande risada me abraçando.

- Fico feliz que esteja bem – falou ele me olhando - deixa eu te apresentar, esses são meus pais - disse apontando para os dois homens que se levantaram - esse e meu pai, Luca Santinelle - disse apontando para o moreno - e esse e meu outro, e mais amado pai Simon Santinelle - disse apontando para o ruivo.

- E um prazer finalmente conhecê-lo Soren - disse o homem ruivo, Simon - ouvi muito sobre você esse fim de semana, eu.... - Antes que ele continue a porte de casa abre revelando Miguel.

- Papai - escuto uns gritinhos e logo depois três criaturinha agarradas na minha perna.

- Oi meus amores - digo me abaixando e beijando a testa de cada um.

Des de que Adam me chamou de pai ontem de manhã, de tarde já estavam todos me chamando de pai, o que me faz ter vontade de chorar a todo o momento.

- Como foi na casa do tio Miguel? - escuto Heitor perguntar.

Agatha, Adam e Amalia logo correm para o pai, que fica beijando o rostinho lindo dos três.

- Foi muito legal papai - respondeu Agatha correndo de novo até mim.

Assim que a mesma chega em mim eu a pego no colo, recebendo um olhar feio de Fredericco por eu estar carregando peso.

- Pensei que era só psicólogo - resmungo baixinho indignado.

- Eu me formei em medicina com vinte e um anos, e já tenho vinte e sete - respondeu ele sorrindo convencido - eu acabei me formando eu obstétrico dois anos depois, tive um tempo de interesse em cirurgia geral, mas meu foco e a psicologia.

- Genio - digo baixinho - eu mal estou aguentando para acabar a residência, e ainda falta uns dois anos.

- Você é médico? - perguntou um dos pais de Fredericco.

- Na verdade eu sou só um residente cirurgia cardiovascular em um dos melhores hospitais do Rio - respondo sorrindo com orgulho de falar aquilo.

- Isso é muito bom - respondeu ele.

- Eu falo que quem vai gostar dele e o Mattia - disse Fredericco sorrindo.

Observo Miguel e Fredericco dando umas olhadas um para o outro. O pequeno Theo ainda estava dormindo no colo do pai dês de que chegou.

- Fredericco estava me dizendo que descobriu uma coisa com aquele sangue de ontem - disse Heitor.

Dou um suspiro e me sento entre Heitor e Miguel, olhando para os três homens na minha frente.

- Espero que não seja algo que me dê um infarto - digo olhando diretamente para Fredericco.

- Não posso garantir nada - respondeu ele olhando sério.

- O que está acontecendo Fredericco? - pergunto olhando sério para ele.

- Lembra daquela história que eu e contei sobre meu tio Bernardo e o marido dele, meu tio Pietro? - ele perguntou.

- Lembro sim.

- Meus primos como eu te disse nasceram no dia 21 de dezembro, e o fato de você ter aparecido na porta dos seus pais adotivos no dia 22 de dezembro... - ele se interrompe e dá um longo suspiro - você era só um recém-nascido pelo que me lembro de você ter me contado. Eu também pesquisei e soube como você estava quando foi encontrando, com um macacão azul escuro com um P bordado na perna esquerda

"Outra coisa que me chamou atenção foi que você tem uma marca de nascença, no mesmo formato e no mesmo lugar que me primo Samuel - disse ele".

Eu perco o ar por alguns momentos com as palavras de Fredericco

- Fale logo o que você que falar Fredericco - digo começando a ficar nervoso.

- Eu pedi uma amostra do seu sangue para fazer um exame de DNA - disse ele de uma vez - e o resultado foi que tem 99,09% de chance, nos dois testes.

Eu simplesmente paro um momento. É claro que eu sei como as coisas funcionam nesses testes.

Meu Deus, eu tenho pais.

Pais que realmente se importam comigo, e que de acordo com o que Fredericco disse eles nunca pararam de me procurar.

- O que isso quer dizer? - perguntou Heitor olhando desesperado o meu estado.

- Quer dizer que Bernardo Santinelle e Pietro Santinelle são os pais biológicos de Soren - respondeu um dos pais de Fredericco, mas eu não estava prestando atenção para saber qual deles foi.

- Então quer dizer que... - minha própria voz falha ao tentar falar.

- Que nós somos primos? - perguntou Fredericco me olhando sério.

- Eu falei que não era para me dar um infarto hoje - digo finalmente depois de uns minutos.

- E eu falei que não poderia garantir nada - disse ele me olhando começando a ter um ar contrariado.

- O que você quer fazer agora Soren? - perguntou o homem moreno, Luca.

Para um pouco, com Agatha ainda no meu colo. O que eu quero agora da minha vida?

Eu tenho três filhos adotivos, e um bebê a caminho, achei a vida inteira que meus pais não me queriam, mas agora eu sei que eles sofreram com a minha falta, que eles me procuraram e acima de tudo que alguém me tirou deles.

Será que eles ainda me querem? Mesmo depois de vinte e cinco anos, com uma família toda, em um país estrangeiro.

Será que eles vão me querer?

Mesmo depois do meu passado, será que quando eles souberem vão me querer?

Foi aí que minha cabeça deu um trezentos e sessenta, eu já os quero como meus pais. Os pais que eu nunca tive na minha vida, os pais que agora eu quero conhecer mais do que tudo, mas o meu medo está falando mais alto agora na minha cabeça.

E agora eu não sei o que fazer, parece que todo o meu mundo, com todas as minhas certezas se destruíram, isso tudo com simples palavras. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Where stories live. Discover now