Nono Capitolo

556 61 2
                                    

Heitor Alvez

- Não sabemos - me respondeu - pode ser hoje, amanhã, daqui a dois meses ou em vinte anos, não podemos ter certeza – completou com um olhar completamente derrotado.

Olho para ela um tempo, tentando assimilar essa nova informação, o que estava muito difícil.

- Posso vê-lo? - pergunto olhando para ela alguns segundos depois.

- Ele ainda está no CTI, só posso liberar a visita quando ele sair de lá e ir para o quarto - responde me olhando com pena - deixe seu número com a recepcionista e assim que ele estiver liberado, ou se houver uma mudança no quadro dele nos te ligamos, é tudo que eu posso fazer por você hoje, mas uma sugestão é que vá para casa e descanse - falou parecendo preocupada me olhando.

- Não posso nem ver ele rapidinho? - perguntei não querendo insistir ou nada do tipo, porém, estou morrendo de preocupação com ele – desculpa, mas a última imagem que eu tenho dele é sangrando no chão da minha cozinha, só para saber que ele realmente está bem - peço quase desesperado.

Ela me olha por alguns segundos antes de responder. E apenas contínuo olhando para ela com expectativa e espero que realmente possa vê-lo por alguns segundos.

- Realmente ele não é nada seu e mesmo assim está preocupado a esse nível – analisou alguns segundos depois.

- Soren é meu amigo! - afirmei alguns segundos depois com a maior certeza do mundo – ele estava na minha casa e foi atacado, além de ser alguém muito importante na minha vida, estou desesperado de preocupação - digo segundos depois.

Ela apenas respira fundo com a minha resposta, e eu imploro mentalmente para que aceite.

- Dois minutinhos – falou finalmente me fazendo abrir um pequeno sorriso.

Ela me guia pelo hospital até a parte do CIT e me leva até o lugar onde Soren estava. Assim que bati o olho nele vejo que estava ligado em vários tubos, há vários ferimentos em todo seu rosto e pernas pelo que podia ver.

- Dois minutos – repetiu a médica antes de fechar a cortina e me deixar a sós com Soren.

Me aproximo da cama e olho para ele, pego delicadamente sua mão, sinto um medo enorme de quebrá-lo só de encostar nele.

- Sinto muito – é a primeira coisa que digo assim que estou completamente sozinho.

Levo as costas de sua mão até meus lábios e deixou um beijo suave ali, ainda com medo de quebrá-lo.

- Estava na minha casa Soren e mesmo assim isso lhe aconteceu – continuei alguns segundos depois com as lágrimas já querendo transbordar de meus olhos – deveria saber que ele entraria lá de uma vez, sabia que tinha voltado a consumir cocaína, mas mesmo assim deixei que ficasse desprotegido, eu... Eu deveria saber que ele faria uma coisa assim – completei me sentindo ainda mais culpado – espero que possa me ouvir Soren e que me perdoe logo que acordar, porque você ainda tem uma vida inteira pela frente.

"Me disse uma vez que queria ter filhos, uma família para qual pudesse voltar quando saísse do trabalho? - perguntei baixinho olhando para seu lindo rosto – para isso tem que acordar logo.

Vejo que já deve ter se passado mais do que só dois minutos, prometi que não ficaria muito, a doutora foi gentil em me deixar vê-lo então não devo extrapolar os limites.

- Juro que assim que a médica liberar voltarei a vê-lo – digo segundos depois olhando para ela – vou trazer as crianças também, elas devem estar preocupadas já - completei.

Me aproximei e dei um beijo rápido em sua testa, com carinho.

- Fique bem enquanto estou longe – falei e logo sai.

Vou até a recepcionista e passo meus dados, e logo saio do hospital.

__________*__________

Passei na casa do Miguel e peguei meus filhos, prometendo a ele que assim que possível passaria por lá e contaria tudo o que aconteceu com Soren.

Miguel parecia preocupado comigo, acho que estou abatido demais depois das longas horas de espera antes de finalmente vê Soren na UTI, percebi que até às crianças estão mais preocupadas que o normal, parecem ansiosos.

Sigo para minha casa. Quando chego vejo a última pessoa do mundo que eu gostaria de ver, Pedro está parado na minha porta de cabeça baixa, parece me esperar.

Saio do carro e pego primeiro Agatha e Amalia que dormiam tranquilamente depois de uma pequena viagem com as duas muito agitadas.

Passo por ele sem dizer nada, até porque não tenho nem mesmo que dizer, levo as meninas direto para o quarto, e depois que vejo que ambas estão confortáveis eu volto para baixo.

Minha primeira visão é Pedro com Adam no colo, assim que vejo isso me apreso para pegar ele

- Não encoste no meu filho – digo baixo justamente para não assustar Adam, que parecia nós observar como um adulto.

Faço o mesmo que fiz com Agatha e Amalia com ele, e assim que eles estão dormindo profundamente e confortável eu voltei para a sala.

Antes de entrar no cômodo respiro fundo, lembrando que não posso matá-lo, ainda.

Vejo Pedro parado no mesmo lugar de hoje mais cedo, olhando o sangue que ainda estava ali

- O que está fazendo aqui? – pergunto olhando para ele sério, nem um pouco gentil.

O homem a minha frente já foi meu amigo, agora ele não é mais nada além de um filho da puta para mim, um completo babaca.

Não quero que ele fale nada, nem responda minha pergunta, poemas quero que ele vá embora e nunca mais pense em voltar para minha vida, quem dirá dos meus filhos e de Soren.

- Onde ele está? – pergunta mirando os olhos em mim.

Ele parecia calmo, o efeito da cocaína já deve ter passado, mas isso não né faz odiar ele mesmo ou temer menos pela vida de Soren, que agora não pode nem se defender.

- Não é da sua conta – respondo olhando para ele com raiva, muita raiva.

Não me contenho e dou um soco na cara de Pedro, o mesmo cai no chão e me olha atordoado, subo em cima dele e dou apenas três murros bem dado. 

Aquele Garoto (Trilogia Meu Criminoso - Livro 03)Where stories live. Discover now