Capítulo 3

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NYX

Finalmente estávamos viajando, afinal eu nunca tinha conhecido outros lugares que não fosse Doranelle, Defesa Nebulosa e umas vilas feéricas pela região, minha ansiedade estava a mil, navegando direto em direção a Orynth, uma semana era o tempo humano para se navegar naquela direção, mas com os poderes da família Whitethorn domando os ventos para nos carregar, chegaríamos em quatro dias, e eu estava de fato nervoso, como séria esse novo lugar?

Após 2 dias de viagem, cansado de treinar meus poderes, e, cansado do treinamento físico também, me peguei alongando minhas asas para começar a voar em torno do navio, aproveitar a brisa da maresia com o sol forte acima, uma coisa que eu amava, voar livremente para todos os lados, mas isso era outra coisa que ninguém sabia explicar, coisa que jamais havia ouvido falar, um feérico com asas, asas sensíveis parecidas com asas de morcegos, com garras nas pontas, afiadas o suficiente para cortar alguém, até amigos e amantes caso não houvesse o cuidado, e com membranas sensíveis que com o toque no local certo conseguiriam me fazer ver estrelas ao alcançar meu clímax, mas elas também foram uma complicação, como aprenderia a voar, se não havia ninguém com asas para me ensinar? Tive que ter muita coragem para aprender sozinho, inicialmente me jogando de lugares altos e vendo no que daria.

Próximo ao meio-dia comecei a ficar com fome, e estava planando de volta para o barco para almoçar com minha família quando aquela tontura de semanas atrás me atingiu novamente, dessa vez as imagens vieram com sons:

- Você Nyx será um grande macho, amado por todo o seu povo, meu pequeno illyriano, sempre te amarei - A voz da bela fêmea a sua frente, que falava com ele enquanto lhe ninava em seu colo, com aqueles olhos azuis acizentados, tão familiares, e a boca dela, percebeu ele, era parecida com a sua, junto com as maçãs do rosto mais acentuadas.

- Além de amado, Feyre querida, ele irá trazer muitas dores de cabeça, os meninos illyrianos tendem a deixar as mães surtadas nos primeiros anos de vida já - a fêmea que o segurava riu, então seu nome era Feyre, mas aquela voz de macho, por perto, carinhosa mas tão poderosa, grave e muito parecida com sua própria voz.

Uma luz forte me fez recobrar os sentidos no momento em que percebi estar despencando em direção ao mar, com um movimento ágil, tomei controle sobre meu corpo novamente e enfim aterrissei, minha mãe veio correndo perguntar o que tinha acontecido, e eu não soube como explicar sem me sentir completamente maluco, mas ao ver o olhar preocupado dela consegui contar, nunca consegui esconder nada dela, contei sobre aquela primeira visão algumas semanas atrás e sobre essa agora, que aquele macho e aquela fêmea não eram estranhos, mas eu não me lembrava quando havia visto eles, e porquê a boca daquela fêmea era tão idêntica a minha.

AELIN

Faltava exatamente 10 dias para a filha de Aelin debutar, e ela quis fazer daquilo uma festa gloriosa, quando a própria não pode ter algo tão exuberante assim pois em seus 21 anos a vida de todos ainda estava um caos por conta da guerra contra Erawan, e ainda uma mancha daquele verme manchava a sacada dos aposentos da própria Meghan, ela se lembra que quando sua filha tinha apenas 6 anos, se enfezou com o tapete rosa deixado lá para cobrir e o arrancou, e encontrou a única memória que restou daqueles tempos, gritando e perguntando o que era aquilo, Aelin explicou da forma mais amena possível a uma garota de 6 anos, Meghan, sempre destemida como ela mesma fora, seus cabelos platinados que nem o de Rowan, que ela deixava em um corte curto, raspado do lado e com uma franja impecável que descia até a altura da maça dos rostos, e com uma orelha cheia de brincos e argolas, aquela menina, por mais que fosse a herdeira de Terrasen, sempre treinou para ser uma guerreira, e seu olhos, com aquele turquesa com um aro dourado cercando as pupilas, os olhos Ashyrver, o que não escondia sua própria linhagem. E só Mala sabia que poderes Meghan poderia ter, tendo herdado o fogo e o gelo de seus pais, com um poço de poder tão grande quanto o de Rowan, Aelin não sentia nada se não orgulho da família que havia reencontrado e da família que havia formado.

Como uma resposta aos pensamentos e lembranças que vinham, um vento carregado vindo do Oeste parecia sussurrar o nome de Meghan, e mais um nome jamais ouvido, como se o nome de sua filha fosse destinado a aventuras tão grandiosas quanto as suas durante sua própria juventude.

Aelin, nunca mais conhecida como Assassina de Ardalan, ou Portadora do Fogo, mas sim Aelin, Rainha de Terrasen.

Ela mal podia esperar para ver quais títulos sua filha conquistaria por mérito próprio, e somente esse pensamento a fez dar um sorriso sarcástico para o nada e continuar a planejar a festa aonde receberia quase todos que lutaram a seu lado, tantos anos atrás.

A Court of Fire and DarknessWhere stories live. Discover now